Não raro, mas com frequência as escrituras nos mostra que de maneira comum sempre houve relacionamento entre Deus e o homem. Sobre Abraão, por exemplo é-nos dito que foi chamado amigo de Deus (ver Tg 2.23); na mesma perspectiva observa-se a forma em que Deus se relacionava com Moisés, e era notadamente peculiar pelo que diz a escritura que Deus falava - com ele - face a face (cf. Nm 12.8). Diversos outros exemplos poderiam ser ditos, cada um em sua época, particularidade e, sobretudo situações das mais inusitadas. No entanto, dentre os exemplos existentes, por certo uma manifestação de Deus direcionada à Davi destaca-se por uma importância completamente especial. Antes, vale salientar que é possível notar com clareza a forma como este servo se portava em seu relacionamento com Deus. Davi, destacava-se entre os demais e Deus lhe proporcionou situações nas quais serviram de preparo para o fim desejado. Porém, como todo ser humano, em sua trajetória Davi cometeu inumeráveis erros, mas sempre esteve disposto ao retorno sadio do relacionamento com Deus. Diante desta afirmativa, nos diz as escrituras que depois de concluir uma série de erros, Davi recebe uma visita inesperada do profeta Natã lançando-lhe a repreensão de Deus em face (ver 2Sm 12.1-25). Depois disso, em oração - na forma de cântico - completamente arrependido, 'reconhece' e expõe aquilo que para os que creem deveria ser parâmetro inegociável. Diz o texto resumidamente: "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe" (cf. Sl 51:5 - grifo nosso). A percepção que Davi possuiu naquele instante - ao menos aparente e exposta - foi o reconhecimento da necessidade de Deus, sob a conjuntura de que somos pecadores desde o nascimento e não há em nós mesmos bondade intrínseca deliberada. Em suma, ele ressalta a herança da natureza pecaminosa no homem.
Este princípio, adquirido conscientemente - como se vê em Davi - foi capaz de extrair de Deus - que conhece perfeitamente cada coração - a célebre afirmação como nos mostra Lucas no segundo tratado a Teófilo, narrando o discurso do apóstolo Paulo numa sinagoga em Antioquia da Pisídia - atual região da Turquia - quando diz: "[...] Achei a Davi, filho de Jessé, varão conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade" (cf. At 13.22 - ARC). Uma afirmação como esta remete unicamente a uma percepção de maturidade daquele que a detém com consciência. Quero com isso dizer que o princípio dominante para extração de excepcional declaração divina - neste aspecto - está diretamente associada a visão inicial do indivíduo, quanto ao reconhecimento de quem somos - pecadores -, e de quem Deus é, ou seja, criador e único refúgio possuindo - Ele - todo poder.
Quando se procura extrair - deliberadamente - a visão de que todos nós somos pecadores carentes de Deus - sem exceção - (ver Rm 3.23), passíveis de erros e no mesmo instante, participantes ativos das misericórdias do Senhor (cf. Lm 3.22,23), e obter a percepção incessante da busca pelo perdão, do erro cometido a vivência com Ele se torna mais clara, eficiente e principalmente mais evidente. Isso porque aquele que procura aderir um grau desta magnitude - lutando para o alcance deste fim - trará atitudes que configure autêntico seguidor tanto interna como externamente. Nossa constante luta, porém, deve está na base de que cada vez que tomarmos atitudes - qualquer que seja - nos remetam a homens segundo o coração de Deus.
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