É percepção comum entre os
que comungam da mesma intenção de fé, que para ter acesso aos inúmeros
benefícios descritos nas escrituras é necessário apenas acreditar. Este princípio,
propriamente dito, encontra-se em consonância com o que exatamente deve ser
feito para o encontro dessas benesses. Crê é o primeiro passo para se começar a
desfrutar das bênçãos deixadas pela palavra a nós (cf. Hb. 11.6). Entretanto, declarar
que unicamente crê – no sentido restrito de acreditar
– credibiliza ao encontro das bondades é pura ilusão ou ignorância. Isto porque
o que está por trás da definição de ‘crença’ vai além da expectativa restrita
de – simplesmente – acreditar, mas segue uma conotação prioritária e sobretudo,
irrevogável de prática. Sem a devida prática não há como ter acesso livre à
Deus e bem menos as suas bênçãos. Pode parecer exagero, porém, o que se vê na igreja
visível nestes últimos dias são não obedientes integrais e um número cada vez
mais alarmante de não observantes escriturístico. Ademais, essa realidade – negligenciada, ao meu ver – insere-se na
própria conclusão que caracteriza o tempo do fim predito pela própria
escritura, pelo que diz: “O Espírito
diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão
espíritos enganadores e doutrinas de demônios” (I Tm 4.1- NVI) e noutro lugar se enfatiza: “Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um
período difícil. Os
homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos
pais, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos,
cruéis, inimigos dos bons, traidores,
insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão
a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!” (II Tm 3.1-5 – Versão Católica). Mesmo
assim, diante destas informações vaticinadas e bem presente em nossos dias, aos
que se esforçam em permanecer no caminho da observância – ou seja, na prática –
encontram o respaldo conveniente para acesso as várias bênçãos descritas.
Etimologicamente a
palavra crer está relacionada a acreditar, ter por certo, ter confiança, aceitar
como verdadeira as palavras de, e dar crédito – que por sua vez – denota: dar prestígio; dar importância; e finalmente, praticar. Com esta definição a percepção
passa a tomar proporções elevadas e nos remetem não apenas a ouvintes e
leitores em categoria secundária, mas a exímios praticantes da fé
exaustivamente inserida fazendo com que as bênçãos provenientes da observância
seja uma realidade inexorável.
Nestas circunstâncias é
indispensável inserir ao debate a figura de conhecido personagem que ao fazer
uso do crer como prática, foi largamente abençoado tornando-se exemplo singular
a esta questão – Abraão (cf. Gn 15.1-6). Diz-nos as escrituras que através de
sua fé – crença, seguida de prática –, primeiro: a justiça foi-lhe atribuída
(ver Rm 4.3); em segundo lugar tornou-se pai da fé (cf. Gl 3.7-9); e, por
último: pela fé obedeceu à palavra (ver Hb. 11.8). Inegavelmente, a cerca desta
questão, Abraão possui relevância sui
generi.
Mas, em toda a escritura
é possível observar indícios que nos levem à prática para uma total cobertura
destas incontáveis bênçãos. Assim como os conselhos são explicitados à
comunidade hebreia com a lei de Moisés, extensivamente, de igual modo, servem
como ditames inegociáveis para nós. Quando Moisés, no livro de Deuteronômio –
repetição das leis – exorta ao povo quanto a obediência para entrar na terra
prometida, ilustra perfeitamente nossa peregrinação e de maneira indiscutível
permite extrair verdades inquestionáveis pela palavra que diz: “Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e
os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e
possuais a terra que o SENHOR Deus de vossos pais vos dá. Não acrescentareis à palavra
que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor
vosso Deus, que eu vos mando. Os
vossos olhos têm visto o que o Senhor fez por causa de Baal-Peor; pois a todo o
homem que seguiu a Baal Peor o Senhor teu Deus consumiu do meio de ti.
Porém vós, que vos achegastes ao Senhor vosso
Deus, hoje todos estais vivos. Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e
juízos, como me mandou o Senhor meu Deus; para que assim façais no meio da
terra a qual ides a herdar. Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a
vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão
todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida.
Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses
tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?
E que nação há tão grande, que tenha estatutos e
juízos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós? Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a
tua alma, que não te esqueças daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e
não se apartem do teu coração todos os dias da tua vida; e as farás saber a
teus filhos, e aos filhos de teus filhos. O dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horebe, quando o
Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e
aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as
ensinarão a seus filhos;” (Dt
4.1-10 – ARCF). A divisão pausada de cada seção desta porção mostrará que
aquele que com esforço procura guardar a palavra: torna-se, obediente (vv 1,2);
deposita sua confiança em Deus (vv 3); certifica-se do cuidado de Deus para sua
vida (vv 4); adquire esperança nas promessas do Senhor (vv 5); obtém sabedoria,
entendimento, conquista respeito e dá bom testemunho (vv 6-8); e por fim, desfruta
de grandes experiências da parte de Deus (vv 9-10). Esta estrutura de indícios
quando observadas criteriosamente, transporta para uma experiência ainda mais satisfatória
que são os benefícios – propriamente dito – da obediência. Em continuação no
livro que encerra o pentateuco, Moisés, noutra seção endossa ao povo estes
benefícios, senão vejamos: “E
será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno,
de amar ao Senhor vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a
vossa alma, então
darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que
recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite. E darei erva no teu campo aos teus animais, e
comerás, e fartar-te-ás. Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e
vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles;
E a ira do Senhor se acenda contra vós, e feche
ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da
boa terra que o Senhor vos dá. Ponde,
pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por
sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.
E ensinai-as a vossos filhos, falando delas
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;” (Dt 11.13-19 – ARCF). Aqui, na seção dos benefícios,
encontraremos – com acima – verdades a serem extraídas, agora, não no sentido de
guardar a palavra, mas – benefícios da
obediência – a quem procura com esmero a
prática da palavra. Dentro desta linha é clara a percepção que nos permite primeiro:
obter bênçãos da parte de Deus (vv 14,15 / ver paralelamente Sl 1.1-3); em
segundo lugar: somos instruídos a tornarmos vigilantes (vv 16,17 / cf. Sl
119.103-106); depois, os que procuram agir neste parâmetro, absorve a palavra e
adquire concertos com Deus (vv18 / conferir simultaneamente Sl 119.11-16) e
finalmente, passa seus conhecimentos a seus filhos (vv 19 / ver também Pv.
22.6).
Certamente, incontáveis
são os benefícios da palavra quando aplicada na vivência da prática. Jesus e os
apóstolos, na mesma linha de pensamento, deixaram exemplos úteis à nossa realidade
espiritual, concernente a estes benefícios. Ensina-nos o Mestre, com primazia,
que a palavra de Deus nos dá autoridade contra o inimigo (cf. Mt 4.1-11); além
de nos certificar de um futuro próspero (ver Mt 24.35). Jesus, mostra-nos ainda
que pela observância da palavra de Deus tornamo-nos bem-aventurados (ver Lc
11.28); e, que a palavra nos discipula (cf. Jo 8.31); que nos limpa de toda
impureza (ver Jo 15.3).
Para uma maior
satisfação, é-nos dito que a bênção do Espírito Santo cai sobre os que a ouvem
(cf. At 10.44). A palavra de Deus aumenta a nossa fé (ver Rm 10.17);
certifica-nos de sermos – por ela – novamente gerados (cf. I Pe 1.23); pela
observância temos verdadeiramente o amor de Deus aperfeiçoado em nós mesmos
(ver I Jo 2.5); vencemos o maligno (cf. I Jo 2.14); e possuímos a certeza de
portas abertas (ver Ap 3.8). Conclui-se, portanto, que
as bênçãos provenientes da palavra de Deus estão exclusivamente para os que creem
praticando. Somente assim é possível desfrutar destes excelentes e abundantes
benefícios largamente difundidos nas escrituras sagradas. Retenhamos firmes o que nos diz Tiago: "[...] E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes..." (cf. Tg 1.22a - ARC).
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