domingo, 5 de fevereiro de 2017

A QUE CONCLUSÕES REMETEM AS PRIMEIRAS PALAVRAS DE JESUS? - Por André Rodrigues






Surpreende a forma como são descritas as primeiras palavras de Jesus ao dar início em seu ministério. Isso ocorre após o batismo - em águas - no rio Jordão por João (cf. Mc 1.9-13); e por conseguinte, após a tentação no deserto descrita com uma narrativa descomunal nos documentos escritos por dois dos evangelistas (cf. Mt 4.1-11 / Lc 4.1-13). Por certo pequena, no entanto, riquíssima mensagem com um conteúdo incalculável de peso, dada a circunstâncias de abrangência peculiar em escala desconhecida. Talvez, no primeiro momento não houvesse sequer ter tido como digna de aceitação - uma vez que haveremos de observar que até os últimos momentos, nem seus discípulos criam nele de maneira totalitária - no entanto, não estava vindo de alguém pela qual não repousasse autonomia e autoridade, mas sim do filho de Deus, como ressaltam os evangelistas (cf. Mt 3.13-17 / Mc 1.9-13 / Lc 3.21,22 / Jo 1.32-34). Parece que entre os escritores do evangelho, sobretudo o não relacionado no rol dos chamados sinópticos é consenso sobre a autenticidade histórica desta miraculosa ação. Voltando ao foco e sem mais delongas, diz a narrativa a respeito das primeiras palavras de Jesus assim: "Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho" (Mc 1.14,15 - ARC). Aqui, na inauguração do ministério, Jesus resume o modelo para - a partir daquele instante, com melhor aproveitamento, no sentido de revelação ativa, quero com isso dizer, que estas palavras tinham valia em pleno discurso e da mesma forma as tem nos dias atuais - obtermos a oportunidade de desfrutar de uma vida espiritual altamente sadia; entender sem demagogia, com toda humildade e intelecto a sua obra salvífica na escala espiritual concernente ao futuro eterno da humanidade; e principalmente, seguir piamente o que nos ensina através da palavra, para que pela observância e concomitante prática das boas condutas largamente ensinadas não caminhemos em direção oposta ao proposto. Antes, percebe-se a integridade da veracidade das seguintes informações na narrativa: "[...] veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus". A mensagem não era exclusivamente sua e sim do contexto na contribuição para o único propósito que é o crescimento do reino e consequente salvação e restituição de almas (cf. Jo 12.47-50). Cada seção desta porção revela verdades distintas e com grande relevância para os que assim creem. Em primeiro lugar: "[...] O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus" - É notório encontrar respaldo para a defesa desta verdade na escritura. No tocante a revelação, Jesus fala exatamente do cumprimento do tempo na figura dele mesmo (cf. Gl 4.4). Mas, eles - os ouvintes originais, testemunhas oculares - que obrigatoriamente deveriam ter uma melhor percepção e maior sensibilidade pelas profecias, ainda não entendiam que aquele carpinteiro, filho de José, filho de Maria, de fato era o Cristo enviado. Jesus, contudo, ultrapassa a perspectiva da conversa sendo mais enfático expressando que havia chegado o reino de Deus - sendo ele mesmo o acesso a este novo recomeço; a este novo método de ligação para com Deus, ainda que, por hora desconhecido. Em segundo lugar, suas palavra nos mostram duas ações correlatas indispensáveis a quem se propõe desfrutar das benesses do altíssimo dentro do viés apresentado no texto que são: arrependimento pessoal e fé inabalável nos ensinamentos. Arrepender-se por sua vez consiste na compreensão diária de que somos exímios pecadores e sempre passíveis das intermináveis misericórdias do Senhor, até que alcancemos pela fé a incorruptibilidade (ver ICo 15.54); entender que devemos render-lhe graças, por sermos feituras sua (Rm 11.33-36); ter consciência, com todas forças que a permanência na conduta pecaminosa deliberada distancia o homem de Deus (cf. Tg 4,4 / IJo 2.15-17); tentar agir em constante ato de arrependimento - não para com os homens, mas no relacionamento íntimo e pessoal com ele (cf. Mt 6.5,6). Já o uso da fé, neste e em todos os textos que seguem a mesma estrutura doutrinária, que é o verbo (crer) como se sabe, sempre estará intimamente ligado a obediência. Ter por certo; ter por verdadeiro; aceitar como verdadeira as palavras de; e acreditar são alguns dos significados desta palavra, assim sendo, areditar nesta conjuntura, sujeita-se a prática. E, é aqui que reside toda a problemática. A resolução de conduta correta da fé dentro da ótica de Jesus, encontra-se mais associada a prática do que unicamente a crença. Nestas circunstâncias, uma completa a outra, sendo a prática, mesmo intrínseca, opção superior. Ninguém é obrigado a obedecer aquilo em que não acredita, mas se há a crença, sem dúvida, deve haver decisivamente, obediência e consequente prática. Acerca destas coisas escreve João: "Aquele que diz que está nele deve andar como ele andou" (IJo 2.6 - ARC). Em resumo, tenhamos em mente o cerne da questão: o evangelho trazido por Jesus, foi apresentado pelo escritor como sendo "de Deus", isso tipifica seriedade e completude dentro daquilo para que fora feito - digno de toda aceitação -. Além disso, nos remete a consciência de que o reino está posto; esclarecem a importância sobre o constante arrependimento que devemos ter e nos intriga a uma diária, constante e incessante vivência como se fosse o próprio Jesus em ação, estando nós na condição de seus representantes. Hoje, mais do que no início, tenhamos a real noção de que o tempo do fim está próximo. Observemos criteriosamente a importância destas palavras como requisitos indispensáveis a salvação: "[...] arrependei-vos e crede no evangelho".

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