Surge em caráter de urgência,
entre os anos 55/56 d.C., a necessidade de enviar uma carta aos jovens cristãos
em Corinto. Esta urgência se deu logo após receber informações “[...] pelos da
família de Cloé” (cf. ICo 1.11) que havia naqueles dias procedimentos comportamentais
contrários na igreja outrora fundada e administrada – pessoalmente – por Paulo.
Naquele período, ao menos um ano e seis meses, o apóstolo enquanto esteve na
cidade, por ocasião de sua segunda viagem missionária (ver At 18.1-18),
admoestava-os juntamente com seus auxiliares, tendo Priscila e Áquila como os
principais. Sabe-se ainda que toda a
congregação em Corinto se desvirtuava acentuadamente dos ensinos outorgados
pelo apóstolo quando esteve presente. Para tanto, Paulo, após conhecimento dos
fatos propõem-se a escrever trazendo-lhes advertências para as suas iníquas
atitudes. A carta enviada por ele àquela igreja, sem exagero poder-se-ia dizer
que se trata da mais confrontadora das epístolas dada a gravidade da situação
em que se encontrava.
Corinto era uma das mais
importantes cidades no tempo do apóstolo. De acordo com Stamps “era, em muitos aspectos,
a metrópole grega de maior destaque nos tempos de Paulo”[1].
No entanto, as prerrogativas positivas de Corinto, como cidade, não refletiam
na sociedade e bem menos na igreja, pelo contrário, ele ressalta também e com
maestria resumida que “Corinto era intelectualmente arrogante, materialmente
próspera e moralmente corrupta. O pecado, em todas as suas formas, grassava na
cidade de má fama, pela sua licenciosidade”[2].
A moralidade e a ética em Corinto eram escassas; a jovem igreja entranhada no
ambiente de total depravação seguia os mesmos passos, agindo ao seu bel-prazer
como se não houvesse rédeas que lhes sustentassem.
Na epístola são encontradas
diversas nuances concernentes a estrutura de formação para uma igreja
genuinamente cristã. A carta nos traz, assim como para os coríntios, verdades
inexoráveis e procedimentos que regulariam a forma de culto, de conduta, da
ética, do casamento, do celibato, da liberdade cristã, do amor, dos dons
espirituais, da ressurreição dentre outras coisas. Um verdadeiro compêndio de
regras e esclarecimentos com respeito a normas eclesiásticas e,
consequentemente a fé cristã.
Muitos assuntos contidos nesta
epístola – para nosso ensino – poderiam ser trazidos ao debate, entretanto, como
base, usaremos aqui conselhos elaborados por Paulo – sob a inspiração do Espírito
Santo – no tratamento dado à igreja, especialmente no capítulo três,
referindo-se a questões voltadas para a contenção da desordem na igreja – como Ministério
– tomando a premissa da não pouca
diferença daqueles dias e as mesmas circunstâncias em semelhança que os nossos.
Assim, o que poderíamos chamar de
primeiro alerta inserido no texto quanto aos crentes daquela igreja – e por
extensão, a nós – foi a tristeza de não poder “falar como a espirituais, mas como a carnais,
como a meninos em Cristo” (vv. 1). Por certo, grande foi a
preocupação e acima de qualquer sentimento, a decepção do apóstolo ao tomar
conhecimento dos fatos que ocorreram e ocorriam com frequência na congregação,
simplesmente pelo fato de não terem tidos desenvolvimento espiritual. Na
verdade, toda a problemática instalada naquela igreja deixa transparecer à
falta de amadurecimento da maioria daqueles crentes. Ensinamentos quando não
observados tendem a gerar um enorme desconforto institucional e nesta
perspectiva, o apóstolo os exorta fortemente, pois havia lhes comunicado os
primeiros ditames da fé em Cristo e – ao que parece – haviam negligenciado
ferrenhamente, pouco tempo depois após sua saída. Aqueles novos conversos
haviam instituído diferentes grupos e se alto intitulavam ser deste ou daquele –
igualmente, como nos nossos dias – quando estas coisas sob nenhuma hipótese
poderiam ser assim. Exatamente neste aspecto, o apóstolo destaca a proeminência
que deve ser dada exclusivamente a Deus, sendo – Este – o único responsável
pelo crescimento, como nos mostra o texto: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que
nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento”
(vv. 6,7). Fica evidente o desconforto de Paulo numa situação visivelmente
incomum. Aquilo que para a igreja de Corinto parecia – por costume – procedimentos
normais, era na verdade uma deturpação da conduta cristã, havendo – entre eles –
inclusive, contendas, invejas e dissensões (vv. 3). Como convém aos santos, os tais
comportamentos supracitados, nem ao menos deveriam ser cogitados entre nós. A
realidade conquanto é totalmente às avessas como na referida igreja e serve-nos
de alerta. Porventura, não são assim os dias em que vivemos?
Em segundo lugar, o apóstolo ressalta
Cristo como fundamento. Ele e somente Ele é digno de toda a atenção, pelo que
somos – em contribuição para o Reino – apenas, “cooperadores de Deus” (vv. 9). Não
possuindo nada para nos envaidecer. O apóstolo Paulo enfatiza ainda que “[...] ninguém pode
pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”
(vv. 11) e através deste alerta destaca – por revelação – a multiface das manifestações
das obras de cada cristão que àquele Dia fará alusão, se são ou não
convenientes e dignas ao recebimento de galardão (vv. 12-15). Como nos dias de
Corinto, hoje, Cristo como único fundamento, remete a uma distante realidade em
muitos lugares – tidos – originalmente como cristãos. As invencionices em
nossos dias são tantas que o que deveria ser prioridade – adoração e anunciação
das benesses advindas do Cristo – na prática nem o detém como sendo principal
objetivo de culto e assim seguem seus incansáveis desvarios.
Por fim, o apóstolo destaca a
importância concernente a identificação de que somos templo de Deus e habitação
do Espírito (vv. 16, 17) e que não se trata de vã filosofia quando o assunto é Cristo
Jesus e sua organização eclesiástica. Aqui, no ínterim do contexto cristão, o
que não for próprio de ensino que nos leve para mais próximo de Deus e que nos
permita ser autênticos seguidores de Cristo Jesus deve ser rejeitado e
terminantemente aniquilado, “[...] porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de
Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra
vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos” (vv.
19, 20). Não deve em nosso meio haver espaço para tolas discussões. Todos nós,
somos um em Cristo. Todos somos membros de um só corpo que possui Cristo como
cabeça. Questões que não nos forneçam crescimento na fé devem ficar de fora. Obviamente,
alguns poucos assuntos têm sua importância, no entanto, o nosso principal
objetivo – como igreja – é render graças para com o nosso Deus; anunciar a
iminente volta de Jesus em resgates dos seus; e procurar uma vivência de obediência
irrestrita à sua palavra. Tenhamos – como nos aconselha o apóstolo – a consciência
da não valorização humana exacerbada e sectária, pelo que o texto revela: “[...] ninguém se
glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas,
seja o mundo, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e
Cristo, de Deus” (vv. 21, 23). Assim, ao entender as objeções
expostas pelo escritor neste capítulo, devamos está mais firmes, mais
constantes, amadurecidos e, no aguardo consciente da bem aventurada esperança de um dia podermos
estar com o Senhor nos céus de glória.
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