Constantinopla – (Maio a Junho de 381) Quando Alexandre, bispo de
Alexandria, foi ao Concílio de Nicéia para defender a causa trinitária contra
Ário e os seus seguidores, levou consigo um jovem assistente chamado Atanásio,
que tinha apenas vinte e poucos anos, mas prometia muito como teólogo. É
improvável que Atanásio tenha desempenhado qualquer papel relevante no
concílio, mas posteriormente foi preparado por Alexandre para ser seu herdeiro
na liderança da sé de Alexandria. Quando Alexandre morreu em 328, Atanásio, com
trinta anos, sucedeu-lhe neste estratégico cargo eclesiástico. Atanásio
atuou como arcebispo e patriarca de Alexandria durante 45 anos, até sua morte
em 373. Passou um terço deste período em exílio forçado, por causa da defesa
resoluta da terminologia essencial do Credo de Nicéia diante da oposição
imperial. Gonzales expressa o consenso da maioria dos teólogos cristãos ao
dizer: “Atanásio foi, sem dúvida alguma, o bispo mais notável que chegou a
ocupar a antiga sé de Alexandria e (...) foi também o maior teólogo de seu tempo”.
No seu século e durante toda a sua vida, Atanásio foi extremamente
controverso. Muitos bispos e imperadores consideravam-no um controversista
inflexível que se recusava a ceder teologicamente em prol da unidade
eclesiástica. Entre os anos de 325 e 332, exatamente quando Atanásio estava
assumindo seus deveres como bispo de Alexandria, o imperador Constantino
começou a mudar de partido no assunto (Arianismo), sob pressão de bispos e
conselheiros que secretamente simpatizavam com Ário e dos bispos que o apoiaram
e foram depostos e exilados. Estes simpatizantes do arianismo conseguiram
conquistar a confiança do imperador e este começou paulatinamente a pensar em
mudar o credo e até mesmo a restaurar Ário e os bispos de Nicomédia e
Nicéia.
Em 332, Constantino declarou Ário restaurado como
presbítero em Alexandria e ordenou que o novo bispo o aceitasse de voltas a
comunhão da igreja naquele local. Atanásio recusou-se a não ser que Ário
afirmasse homoousios ([Do gr. homo, mesmo + ousia, substância] Termo que começou
a ganhar importância a partir do Concílio de Nicéia em 325. Em meio aos debates
cristológicos, serviu para mostrar que o Filho tem a mesma substância do Pai, o
mesmo acontece com o Espírito Santo em relação as duas primeiras pessoas da
Santíssima Trindade.), como descrição do relacionamento entre o Pai e o Filho.
Ário não quis. Atanásio rejeitou-o e desconsiderou as exortações e ameaças do
imperador. Como resultado, Constantino exilou Atanásio para o posto
avançado mais afastado do Império Romano no Ocidente: a cidade alemã de
Tréveris. Seu exílio começou em novembro de 335 e durou até a morte de
Constantino em 337. Durante este período de ausência de sua sé, no entanto,
Atanásio permaneceu como o único bispo reconhecido de Alexandria. Os bispos do
Egito, os presbíteros e o povo de Alexandria recusaram-se a substituí-lo e
Atanásio continuou sendo o bispo amado deles, mesmo no exílio. Logo após a
morte de Constantino, seu filho Constâncio, sucessor no império, permitiu que
Atanásio retornasse a sua sé em Alexandria. Porém, sua restauração não seria
permanente. O imperador queria paz e a uniformidade era o caminho para
ela. Chegou a achar que o termo homoousios, ironicamente, sugerido e imposto
por seu pai, Constantino, deveria ser substituído no Credo de Nicéia pó
homoioussios, que significa “de substância semelhante” e era aceitável para os
semi-arianos (buscando uma posição intermediária, os semi-arianistas diziam que
Cristo é na verdade semelhante ao Pai, mas não compartilha a substância do Pai)
e até mesmo para muitos trinitários. A nova terminologia teria tornado
ortodoxa, se aceita, a crença de que o Pai e o Filho compartilham de
“substância semelhante” ou de “existência semelhante” em vez de se crer que são
da mesma substância ou existência. Atanásio resistiu com teimosia à
mudança e até mesmo a condenou como heresia e equiparou com o anticristo os que
a apoiavam. Por causa de sua recusa em ceder, acusações falsas a seu respeito
foram feitas no tribunal de Alexandria e ele teve de fugir para Roma em 339. Ao
todo Atanásio enfrentou cinco exílios: “Dezessete dos seus quarenta e seis anos
de seu bispado, Atanásio passou no exílio. A política e a teologia de Atanásio
sempre se misturaram. Assim viveu Atanásio, defendendo seu modo de entender a
fé católica como declarou em Nicéia”. No meio de tudo isso Atanásio
conseguiu convocar um concílio (sínodo) em Alexandria. Nem todos os bispos
compareceram, naturalmente, portanto, não é considerado um concílio ecumênico.
Não teve o apoio, nem do imperador, nem dos muitos bispos de destaques na
igreja. Mesmo assim preparou caminho para o segundo concílio ecumênico, o
Concílio de Constantinopla, que seria realizado, depois da morte de Atanásio e,
em grande medida, como, resultado da obra deste. Seu sínodo em Alexandria reuniu-se
em 362. Os bispos ali reunidos reafirmaram homoousios contra a única descrição
apropriada do relacionamento entre o Filho e o Pai rejeitaram explicitamente
como heresias tanto o homoiousios semi-ariano como o sabelianismo (Heresia
pregada por Sabélio, no século III, cuja a principal tônica era a negação da
Santíssima Trindade). O sínodo deu passo novo que seria crucial para o
sucesso da doutrina nicena da Trindade no Concílio de Constantinopla em 381.
Com a ajuda dos seus amigos os pais capadócios (Basílio e os dois Gregórios).
Atanásio propôs, e o sínodo aceitou uma declaração explicativa no sentido de o
Pai, o Filho e o Espírito Santo serem hypostases ([Do gr. hypo, sob, debaixo +
stasis, o que está, o suporte] Natureza ou substância. Palavra utilizada para
contrastar a natureza essencial da divindade em relação a seus atributos Com
freqüência é aplicada para mostrar a distinção entre as naturezas humanas e
divinas de Jesus.), distintos, mas não separados, do único Deus.
O Concílio de Constantinopla em 381, foi marcado
por ter dado os retoques finais no Credo de Nicéia, ter condenado e excluído
várias heresias e ter estabelecido a doutrina formal da Trindade elaborada por
Atanásio e seus amigos, os pais capadócios. Assim sendo as principais resoluções
deste foram:
A confissão da divindade do Espírito
Santo; Condenação de todos os defensores do arianismo, sob quaisquer de
suas modalidades; A sede de Constantinopla, recebeu uma preeminência sobre
as sedes de Jerusalém, Alexandria e Antioquia;
BIBLIOGRAFIA: História da Teologia Cristã Roger Olson Ed. Vida
Dicionário Teológico Claudionor Corrêia de Andrade
CPAD
Dicionário de Aurélio B. H. F. (edição virtual)
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