Depois de tecermos comentários sobre
os ofícios de Jesus como Profeta e Perfeito Sumo Sacerdote, falaremos, agora,
sobre Seu ofício de Rei, o terceiro do tríplice ofício. Partiremos
do pressuposto de sua atuação como Rei nos Evangelhos sinópticos, na
implantação deste reino no início do Seu ministério, como também dos aspectos
característicos dessa atuação durante Seu estado de humilhação, após a ascensão
e, por último, no futuro reinado do Milênio.
Como foi possível observar, havia
diversas promessas que diziam respeito a um Rei, descendente
da casa de Davi, que reinaria eternamente. Severa (1999, p. 241) cita que “os
profetas do Antigo Testamento falaram de um rei que viria da casa de Davi, para
governar Israel e as nações, com justiça, paz e prosperidade (Is 11.1-9)”. Este
Rei é Jesus. Uma dessas muitas promessas é relatada pelo profeta Isaías: Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus
ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz; para que aumente o seu governo, e venha
paz sem fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer
e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do
SENHOR dos Exércitos fará isto (9.6,7, ARA, grifos meu).
Havia, no Novo Testamento, uma expectativa do advento desse Reino. Os judeus conheciam bem as profecias e esperavam ansiosos por um reino terreno político, com a esperança de poderem viver em constante gozo num perfeito reino prometido por Deus, em contraste com a forma que viviam naqueles dias, subjugados pelos romanos e desgastados por reinos imperiais de outrora. Geisler corrobora, dizendo: O Novo Testamento contém esta mesma expectativa messiânica do Antigo Testamento de um reino terreno político literal que cumpra todas as profecias a seu respeito. Por exemplo, José de Arimatéia estava esperando o auge deste reino (Mc 15.43; Lc 23.51), e Jesus disse que João Batista morreu antes de se tornar parte dele (7.28; cf. 16.16) (2010, vol. 4, p. 880).
Havia, no Novo Testamento, uma expectativa do advento desse Reino. Os judeus conheciam bem as profecias e esperavam ansiosos por um reino terreno político, com a esperança de poderem viver em constante gozo num perfeito reino prometido por Deus, em contraste com a forma que viviam naqueles dias, subjugados pelos romanos e desgastados por reinos imperiais de outrora. Geisler corrobora, dizendo: O Novo Testamento contém esta mesma expectativa messiânica do Antigo Testamento de um reino terreno político literal que cumpra todas as profecias a seu respeito. Por exemplo, José de Arimatéia estava esperando o auge deste reino (Mc 15.43; Lc 23.51), e Jesus disse que João Batista morreu antes de se tornar parte dele (7.28; cf. 16.16) (2010, vol. 4, p. 880).
Mesmo com a expectativa da chegada
do referido Reino, os judeus, em sua maioria, nos dias de Jesus,
não deram crédito as Suas palavras. Ainda hoje esperam o advento do Messias.
Não conseguiram perceber que Seu Rei estava diante deles.
É-nos dito, entretanto, que logo no início de seu ministério, após a prisão de
seu precursor, João Batista, “Jesus seguiu para a região da Galiléia e ali
anunciava a boa notícia que vem de Deus. Ele dizia: - Chegou a hora, e o Reino
de Deus está perto” (Mc 1.14,15, NTLH). Assim, de acordo com Letham (2007,
p. 56), Marcos assinala, na verdade, “a primeira proclamação de seu
ministério”. Dessa forma, esse registro retrata a inauguração desse Reino: [...]
o reino de Deus era um tema muito importante para Jesus. Esse foi o coração da
instrução pós-ressurreição que ele deu aos seus discípulos (At 1.3). Não que
isso fosse algo extraordinariamente novo. Além do mais, quando Jesus começou
seu ministério, ele o fez com a simples declaração da proximidade do reino de
Deus. Tal mensagem pressupôs um entendimento do reino de Deus e de sua
natureza. A coisa mais surpreendente sobre isso foi que o reino estava próximo
e isso exigia arrependimento imediato de Israel. Esse tema estava presente, em
certo sentido, no entendimento de Israel à época de Jesus. O contexto desse
entendimento, muito provavelmente encontrava-se no próprio Antigo Testamento.
Lembremo-nos da visão de Daniel sobre a sucessiva derrota de
reinos humanos causado por uma pedra cortada sem o auxílio de mãos e que
por sua vez tornou-se um reino que permanece para sempre (Dn 2. 31-45). Outra
visão de Daniel é sobre o domínio eterno dado ao Filho do Homem (Dn 7.9-14).
Ambas as visões referiam-se a circunstâncias futuras em relação aos dias de
Daniel. Novamente uma expectativa vibrante desenvolveu-se no Antigo Testamento
de que o próprio Yahweh viria para libertar o seu povo. Jesus estava, de fato,
dizendo a Israel que esse tempo havia chegado (LETHAM, 2007, p. 56). Após o
estabelecimento inicial de seu ministério, Jesus faz a convocação de doze
homens, os quais iriam compor o colégio apostólico, cobre-lhes de instruções
diversas, mostrando a natureza desse Reino, atrai para Si inúmeros outros
discípulos, prega, cura, realiza milagres, alimenta multidões, quebra grilhões
de endemoniados etc. Esses exemplos são encontrados em escala abundante nos
quatro Evangelhos. Contudo, seu ministério não é duradouro. Chega o tempo
de Sua partida, afinal foi para isto que veio: morrer pela humanidade! Dessa
forma: [...] Na presença de Pilatos, testificou que nasceu para ser rei;
explicou que seu reino não era deste mundo, isto é, não seria um reino fundado
por força humana, nem seria governado de acordo com os ideais humanos (Jo
18.36). Jesus, antes de sua morte, predisse sua vinda com poder e majestade
para julgar as nações (Mt 25.31) (PEARLMAN, 2006, p. 172, 173).
De maneira teológica e
sistemática, Mueller destaca características do ofício régio de Jesus nas
proximidades de sua morte vicária, corroborando a última citação de Pearlman: Também
em seu estado de humilhação, Cristo foi verdadeiro rei, que possuía e exercia o
poder divino, não apenas segundo a sua natureza divina (de modo essencial), mas
também segundo a sua natureza humana (por comunicação), [...] a Escritura
atribui governo a Cristo encarnado (Is 9.6); realeza (Jo 18.37); poder divino
(Mt 28.18), etc. [...] Todavia, nosso Salvador não exerceu o emprego perfeito e
constante do domínio divino comunicado à natureza humana até a sua
exaltação à direita de Deus. (Ef 1.20-23; 4.10; Fp 2.9-11) (2004, p.
306, grifo nosso). Com efeito, depois de Sua morte e ressurreição, recebeu
do Pai a soberana exaltação e coroação de honra e glória, a restauração daquela
glorificação que tinha antes da existência do mundo (Jo 17.5); foi feito Senhor
e Cristo (At 2.36), Príncipe e Salvador (At 5.31), Juíz dos vivos e dos mortos
(At 10.42); assentou-se à direita de Deus nos céus (Ef 1.10), tudo lhe foi
entregue em suas mãos (Jo 3.35) e, por último, tornou-se o detentor de todo o
poder no céu e na terra (Mt 28.18), (BERGSTÉN, 1999, p. 63). Segundo Hodge
(2001, p. 931), “Cristo possui o que os teólogos costumam chamar de seu reino
de poder. Como Teantropo e Mediador, foi entregue em sua mão todo o poder
[...]”. Outro ponto a considerar é acentuado por Berkhof (2004, p. 375) quando diz que, “na qualidade
de Segunda Pessoa da Trindade Santa, o Filho eterno, Cristo naturalmente
compartilha o domínio de Deus sobre todas as Suas criaturas [...] (Sl 103.19)”.
Assim, Cristo, cheio de poder e considerado como o “REI DOS REIS e SENHOR DOS
SENHORES” (Ap 19.16), está preparado para implantar, literalmente, o Seu Reino.
“Porém, a plenitude desse ministério Jesus mostrará quando voltar ao mundo como
Rei, para restaurar tudo que os profetas têm predito (cf. At 3.21)”. De acordo
com Grudem (1999, p. 527), será de fato percebida essa autoridade sobre a
Igreja e também sobre todo o universo “quando Jesus voltar à terra com poder e
grande glória para reinar (Mt 26.64; 2Ts 1.7-10; Ap 19.11-16)”. Na
oportunidade, “todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.10)”. Posteriormente,
virá a implantação do perfeito reino Milenial: “Quando Cristo retornar,
ele punirá o diabo e seus emissários e aprisionará Satanás (Ap 19.17-21;
20.1-6), e então reinará no Monte Sião (Jerusalém)”, (GEISLER,
2010, vol. 4, p. 949, grifo nosso). Andrade reúne informações de como será o
Milênio e o perfeito reinado de Cristo: O Milênio terá início após a Grande
Tribulação, entende-se claramente que será na terra, de acordo com as
profecias, Jerusalém será a capital do Reino (Is 2.2,3; 60.1-3; 66.20; Mq
4.8-13). Cristo reinará, na Jerusalém terrena, haverá dois tipos distintos de
residentes: os salvos, ou seja, a Igreja glorificada e os povos naturais. Os
salvos transformados não estarão restritos unicamente a Jerusalém terrestre,
uma vez que, o seu estado é de corpo glorificado. Os judeus salvos, os gentios
absorvidos no julgamento das Nações, todos os sobreviventes da Grande
Tribulação, além do povo nascido durante os mil anos, também estarão no
milênio. Nestes, mil anos, o mundo realmente saberá o que significa a expressão
“Paraíso na Terra”. Será mantido o livre-arbítrio, ou seja, as nações que participarem
do milênio terão o direito de escolher se querem adorar ao Senhor ou não, com
isso, haverá rebeldes, e assim significa dizer que o pecado não será totalmente
aniquilado neste período. Com este direito de escolha, conclui-se que haverá
naqueles dias, salvação em massa (Is 33.6; 62.1; Zc 8.13) (2009, pp. 539-543).
Concluímos, portanto, que Cristo,
no Milênio, implantará definitivamente Seu Reino, agora
só percebido parcialmente. Naqueles dias, será possível serem observados
critérios de governo e liderança diferentes dos atuais, porque Cristo, sendo
perfeito, reinará perfeitamente. Então se cumprirá, de uma vez por todas, essa
gloriosa atuação do Eterno Descendente de Davi.
Depois das considerações acima
quanto à manifestação dos Ofícios em Jesus, trataremos da consolidação dessa
doutrina, com o objetivo de mostrar que não se trata de algo do passado, apenas
presente nos dois Testamentos, mas que se reflete também na história e nos dias
atuais.
RODRIGUES, André. O Tríplice
Ofício de Cristo: Profeta, Sacerdote e Rei. 2011, Editora Nossa Livraria - PE
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