Este livro, logo no começo, declara ser uma continuação do Evangelho de São Lucas, e seu estilo indica que ele foi escrito pela mesma pessoa. A evidência externa é também muito satisfatória, pois além de alusões em autores primitivos, e particularmente em Clemente Romano, Policarpo e Justino Mártir, os Atos dos Apóstolos não são apenas citados por Ireneu, como escritos por Lucas o Evangelista, mas há poucas coisas registradas neste livro que não são mencionadas por esse pai primitivo. Este forte testemunho em favor da genuinidade dos Atos dos Apóstolos é apoiado por Clemente de Alexandria, Tertuliano, Jerônimo, Eusébio, Teodoreto e a maioria dos pais posteriores. Pode ser acrescentado que o nome de São Lucas está prefixado a este livro em muitos manuscritos gregos antigos do Novo Testamento, e também na antiga versão siríaca.
Esta é a única obra inspirada que nos dá um relato histórico do progresso do Cristianismo após a ascensão de nosso Salvador. Compreende um período de cerca de trinta anos, mas de forma alguma contém uma história geral da igreja durante esse tempo. Os fatos principais registrados nela são: a escolha de Matias para ser apóstolo no lugar do traidor Judas, a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, a pregação, milagres e sofrimentos dos apóstolos em Jerusalém, a morte de Estevão, o primeiro mártir, a perseguição e dispersão dos cristãos, a pregação do Evangelho em diferentes partes da Palestina, especialmente em Samaria, a conversão de São Paulo, o chamado de Cornélio, o primeiro convertido gentio, a perseguição dos cristãos por Herodes Agripa, a pregação de Paulo e Barnabé aos gentios pelo comando expresso do Espírito Santo, o decreto feito em Jerusalém declarando que a circuncisão, e uma conformidade com outras cerimônias e ritos judaicos não eram necessários nos convertidos gentios, e a última parte do livro se restringe à história de São Paulo, de quem São Lucas foi o companheiro constante por vários anos.
Como este relato de São Paulo não vai além de sua prisão de dois anos em Roma, é provável que este livro foi escrito logo após seu lançamento, que ocorreu no ano 63. Podemos por isso considerar os Atos dos Apóstolos como escritos por volta do ano 64.
O local de sua publicação é mais duvidoso. A probabilidade parece ser em favor da Grécia, embora alguns afirmam ser Alexandria no Egito. Esta última opinião se apóia nas assinaturas no final de alguns manuscritos gregos, e das cópias da versão siríaca, mas os melhores críticos pensam que estas assinaturas, que também estão anexadas a outros livros do Novo Testamento, merecem pouca importância, e neste caso elas não são apoiadas por qualquer autoridade antiga.
Deve ter sido da maior importância nos tempos primitivos do Evangelho, e certamente não de menos importância a toda época subseqüente, ter um relato autêntico da descida prometida do Espírito Santo, e do sucesso que acompanhou os primeiros pregadores do Evangelho tanto entre os judeus como entre os gentios. Estes grandes eventos completaram a evidência da missão divina de Cristo, estabeleceram a verdade da religião que ele ensinou, e apontaram da mais clara maneira a natureza abrangente da redenção que ele comprou por sua morte.
Œcumenius chama os Atos de o “Evangelho do Espírito Santo” e São Crisóstomo, o “Evangelho da resurreição de nosso Salvador,” ou o Evangelho de Jesus Cristo ressurreto dos mortos. Aqui, nas vidas e pregação dos apóstolos, temos os exemplos mais miraculosos do poder do Espírito Santo, e no relato desses que foram os primeiros crentes, recebemos o padrão mais excelente da verdadeira vida cristã.
Artigo Extraído do Blog Arminianismo.com no link:
http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&view=article&id=963:atos-dos-apostolos&catid=74&Itemid=100029
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