sábado, 26 de dezembro de 2015

CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA III, ENTRE 680 A 681 - COMO FOI? - Por André Rodrigues


Constantinopla III – (07/11 de 680 a 16/09 de 681) Os monofisistas (monofisismo - [Do gr. monos, um + physis, natureza], Doutrina segundo a qual o Senhor Jesus tinha apenas uma natureza: a divina. Sua humanidade seria apenas aparente. A Bíblia, porém, afirma que Jesus é Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus), eram cristãos que, sob a influência de Alexandria, acreditavam que a Definição de Calcedônia realmente violava o espírito da doutrina da união hipostática, defendida por Cirilo de Alexandria. Entendiam que ela favorecia a ideia antioquina de duas naturezas e duas pessoas em Cristo. Em outras palavras, acreditavam que não era suficiente para excluir o nestorianismo. Vários imperadores em Constantinopla procuraram aplacar os monofisistas – mas sem muito sucesso. Os monofisistas continuaram sendo uma força poderosa a ser levada em conta no Império Bizantino. Durante os séculos V e VI, muitos imperadores e os principais bispos do Oriente esforçaram-se em prol da união entre os cristãos ortodoxos e os monofisistas. Uma proposta aparentemente atraente para acabar com esse hiato foi o monotelismo, a ideia de que, embora Jesus Cristo fosse uma só pessoa integral com duas naturezas completas, porém inseparáveis, tinha uma única vontade: a divina. Os monotelistas e seus simpatizantes esperavam que esse acordo fosse reunificar a igreja, afinal, as partes não estavam cedendo tanto assim. Máximo, assim como João Crisóstomo antes dele, nasceu em uma família de boa reputação. Não se sabe o ano exato do seu nascimento em Constantinopla, mas provavelmente foi por volta de 580. Na vida adulta, tornou-se um servidor público bem-sucedido e foi convidado pelo imperador Heráclio para ser seu secretário de Estado pessoal. Depois de um breve período no cargo, no entanto, Máximo deixou o serviço imperial para tornar-se monge e, depois de habitar em vários mosteiros, chegou a Cartago em 632. Foi ali que ouviu falar, pela primeira vez, do monotelismo e começou sua luta contra ele, que durou até o fim de sua vida, executado por esse motivo. A visão cristã da realidade, a ontologia, de Máximo começa com a idéia de que tudo na criação é, em algum sentido, uma revelação de Deus porque “o mundo inteiro é a indumentária do Logos”. Por causa da criação pelo Logos e especialmente por causa da encarnação do Logos na raça humana, “a essência de tudo neste mundo é espiritual”. Podemos reconhecer a urdidura do Logos em todos os lugares”. O mundo foi criado por Deus como expressão de si mesmo e veículo de sua presença e se uniria a ele através do Logos – a segunda pessoa da Trindade. Essa união aconteceria numa progressão natural e chegaria ao auge na encarnação, se os primeiros seres humanos não tivessem pecado. Nas palavras do próprio máximo: “Aquele que fundou a existência – origem, “gênese” – de toda a criação, visível e invisível, por um único ato de sua vontade tomou de forma inefável, antes de todas as eras, e antes de qualquer começo do mundo criado, a bom conselho a decisão de que ele mesmo se uniria de modo inalterável à natureza humana pela verdadeira unidade de hipóstases. E uniu-se inalteravelmente à natureza humana, para que se tornasse ele próprio um homem, conforme ele próprio sabe, e para que tornasse o homem um deus pela união consigo”.

Muito depois do martírio de Máximo, sua cristologia foi vindicada pelo sexto concílio ecumênico, convocado pelo imperador Constantino IV. Conhecido como o Terceiro Concílio de Constantinopla ou Constantinopla III, ficou reunido de 680 a 681 e condenou o monotelismo e afirmou duas vontades naturais em Cristo. A partir de então, a reputação de Máximo de grande herói da Ortodoxia foi firmemente sustentada. Sua visão da redenção cósmica é, em geral, aceita como válida pelos cristãos ortodoxos orientais.

Decisões Principais:
Condenação do monotelitismo, heresia defendida pelo patriarca de Constantinopla que ensinava haver só a vontade divina em Cristo; Este Concílio ensinou que Cristo possui duas vontades e duas operações naturais, divinas e humanas, não opostas, mas cooperantes, de sorte que o Verbo feito carne quis humanamente na obediência a seu Pai tudo o que decidiu divinamente com o Pai e o Espírito Santo para anossa salvação (DS 556-559). A vontade humana de Cristo “segue a vontade divina, sem estar em resistência nem, oposição em relação a ela, mas antes sendo subordinada a esta vontade toda-poderosa”. (DS 556/CIC 475)



BIBLIOGRAFIA: História da Teologia Cristã Roger Olson Ed. Vida

Dicionário Teológico Claudionor Corrêia de Andrade CPAD
Dicionário de Aurélio B. H. F. (edição virtual)

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