terça-feira, 29 de dezembro de 2015

CONCÍLIO DE NICÉIA II, EM 787 - COMO FOI? - Por André Rodrigues


Nicéia II – (24/09 a 23/10 de 787) a história da teologia oriental bizantina chegou ao auge de tensão, conflito e resolução com a grande controvérsia inconoclasta do século VIII. O herói ortodoxo desse episódio histórico é João Damasceno. A resolução acha-se num concílio final, que completou o processo da tradição autoritária da ortodoxia oriental em 787, com a declaração de que imagens santas - ícones - não devem ser rejeitadas mas, de fato, usadas no culto cristão. João passou a justificar o uso de ícones na adoração ao fazer a distinção sutil, porém, importante, entre a adoração propriamente dita de uma pessoa ou objeto e a mera veneração – um certo respeito por alguma ciosa, por ser dedicada a Deus e permeada por sua energia espiritual. A adoração absoluta, que João designou pela palavra grega latria, só pode ser prestada a Deus, ao passo que a proskynesis, ou reverência, pode ser prestada às santas imagens por que são canais sacramentais da energia divina. A maneira de João enxergar os ícones afetou profundamente o segundo Concílio de Nicéia em 787, que foi o sétimo concílio ecumênico, segundo a ortodoxia oriental. Os bispos ali reunidos decidiram pela condenação dos inconoclastas ([Do gr. eikonoklástes.] Diz-se de que destrói imagens ou ídolos; pessoa que não respeita as tradições, a quem nada parece digno de culto ou reverência.) “Anátema aos que não saúdam [veneram] as imagens santas e veneráveis. Anátema aos que chamam de ídolos as imagens sagradas”.


Principal Decisão:
Contra os inconoclastas: Há sentido e liceidade na veneração de imagens;


BIBLIOGRAFIA: História da Teologia Cristã Roger Olson Ed. Vida
Dicionário Teológico Claudionor Corrêia de Andrade CPAD
Dicionário de Aurélio B. H. F. (edição virtual)

sábado, 26 de dezembro de 2015

CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA III, ENTRE 680 A 681 - COMO FOI? - Por André Rodrigues


Constantinopla III – (07/11 de 680 a 16/09 de 681) Os monofisistas (monofisismo - [Do gr. monos, um + physis, natureza], Doutrina segundo a qual o Senhor Jesus tinha apenas uma natureza: a divina. Sua humanidade seria apenas aparente. A Bíblia, porém, afirma que Jesus é Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus), eram cristãos que, sob a influência de Alexandria, acreditavam que a Definição de Calcedônia realmente violava o espírito da doutrina da união hipostática, defendida por Cirilo de Alexandria. Entendiam que ela favorecia a ideia antioquina de duas naturezas e duas pessoas em Cristo. Em outras palavras, acreditavam que não era suficiente para excluir o nestorianismo. Vários imperadores em Constantinopla procuraram aplacar os monofisistas – mas sem muito sucesso. Os monofisistas continuaram sendo uma força poderosa a ser levada em conta no Império Bizantino. Durante os séculos V e VI, muitos imperadores e os principais bispos do Oriente esforçaram-se em prol da união entre os cristãos ortodoxos e os monofisistas. Uma proposta aparentemente atraente para acabar com esse hiato foi o monotelismo, a ideia de que, embora Jesus Cristo fosse uma só pessoa integral com duas naturezas completas, porém inseparáveis, tinha uma única vontade: a divina. Os monotelistas e seus simpatizantes esperavam que esse acordo fosse reunificar a igreja, afinal, as partes não estavam cedendo tanto assim. Máximo, assim como João Crisóstomo antes dele, nasceu em uma família de boa reputação. Não se sabe o ano exato do seu nascimento em Constantinopla, mas provavelmente foi por volta de 580. Na vida adulta, tornou-se um servidor público bem-sucedido e foi convidado pelo imperador Heráclio para ser seu secretário de Estado pessoal. Depois de um breve período no cargo, no entanto, Máximo deixou o serviço imperial para tornar-se monge e, depois de habitar em vários mosteiros, chegou a Cartago em 632. Foi ali que ouviu falar, pela primeira vez, do monotelismo e começou sua luta contra ele, que durou até o fim de sua vida, executado por esse motivo. A visão cristã da realidade, a ontologia, de Máximo começa com a idéia de que tudo na criação é, em algum sentido, uma revelação de Deus porque “o mundo inteiro é a indumentária do Logos”. Por causa da criação pelo Logos e especialmente por causa da encarnação do Logos na raça humana, “a essência de tudo neste mundo é espiritual”. Podemos reconhecer a urdidura do Logos em todos os lugares”. O mundo foi criado por Deus como expressão de si mesmo e veículo de sua presença e se uniria a ele através do Logos – a segunda pessoa da Trindade. Essa união aconteceria numa progressão natural e chegaria ao auge na encarnação, se os primeiros seres humanos não tivessem pecado. Nas palavras do próprio máximo: “Aquele que fundou a existência – origem, “gênese” – de toda a criação, visível e invisível, por um único ato de sua vontade tomou de forma inefável, antes de todas as eras, e antes de qualquer começo do mundo criado, a bom conselho a decisão de que ele mesmo se uniria de modo inalterável à natureza humana pela verdadeira unidade de hipóstases. E uniu-se inalteravelmente à natureza humana, para que se tornasse ele próprio um homem, conforme ele próprio sabe, e para que tornasse o homem um deus pela união consigo”.

Muito depois do martírio de Máximo, sua cristologia foi vindicada pelo sexto concílio ecumênico, convocado pelo imperador Constantino IV. Conhecido como o Terceiro Concílio de Constantinopla ou Constantinopla III, ficou reunido de 680 a 681 e condenou o monotelismo e afirmou duas vontades naturais em Cristo. A partir de então, a reputação de Máximo de grande herói da Ortodoxia foi firmemente sustentada. Sua visão da redenção cósmica é, em geral, aceita como válida pelos cristãos ortodoxos orientais.

Decisões Principais:
Condenação do monotelitismo, heresia defendida pelo patriarca de Constantinopla que ensinava haver só a vontade divina em Cristo; Este Concílio ensinou que Cristo possui duas vontades e duas operações naturais, divinas e humanas, não opostas, mas cooperantes, de sorte que o Verbo feito carne quis humanamente na obediência a seu Pai tudo o que decidiu divinamente com o Pai e o Espírito Santo para anossa salvação (DS 556-559). A vontade humana de Cristo “segue a vontade divina, sem estar em resistência nem, oposição em relação a ela, mas antes sendo subordinada a esta vontade toda-poderosa”. (DS 556/CIC 475)



BIBLIOGRAFIA: História da Teologia Cristã Roger Olson Ed. Vida

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA II, EM 553 - COMO FOI - Por André Rodrigues




Constantinopla II – (05/05 a 02/07 de 553) Alguns cismas houveram neste concílio. Entretanto, a condenação dos nestorianos (Nestorianismo - [Do lat. Nestorianismus] Heresia pregada por Nestório, patriarca de Constantinopla. O cerne desta doutrina era a não admissão da união hipostática das duas naturezas em Jesus Cristo: a divina e a humana), Teodoro de Mopsuéstia, Teodoro de Cirilo e Ibas de Edessa (Três Capítulos), foi talvez o principal assunto. “Não há senão uma única hipóstase [ou pessoa], que é nosso Senhor Jesus Cristo, um na Trindade... Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é Verdadeiro Deus, Senhor da Glória e Um na Trindade”. (DS 424).


“Toda a economia divina é obra comum das três pessoas divinas. Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e mesma natureza, assim também, não tem senão uma única e mesma operação”. (DS 421).

“Um Deus e Pai do qual são todas as coisas, um Senhor Jesus Cristo para quem são todas as coisas, um Espírito Santo em quem são todas as coisas”. (DS 421).

O Concílio de Constantinopla II em 553, reuniu forças para a explicação da encarnação de Cristo. 

Seguremos a tradição de considerar Leôncio de Bizâncio a pessoa que conduziu a Grande Igreja em direção à solução no Segundo Concílio de Constantinopla em 553. Os neocalcedônios queriam encontrar o acordo para os antioquenos moderados (diofisistas) e os alexandrinos moderados (monofisistas) e, ao mesmo tempo, rejeitar as alas radicais dos dois partidos. O caminho para a linguagem de Calcedônia como se fosse “talhada em pedra” e, ao mesmo tempo, interpretá-la de tal maneira que a natureza humana de Cristo fosse encarada como real e genuína sem lhe atribuir qualquer existência independente do Logos. Em outras palavras, todas as categorias conhecidas da existência (physis,ousia) e personalidade (prosopon, hypostasis) precisavam transcender em um salto conceitual para uma nova categoria.


A solução proposta por Leôncio não era uma contribuição para a fé nicena conforme interpretada em Calcedônia. Tudo que envolve enipostasia (Enipôstase – Termo grego usado para explicar a encarnação da divindade num ser humano. Segundo esta doutrina, a encarnação de Cristo foi completa, incluindo todos os atributos comunicáveis e incomunicáveis da Segunda Pessoa da Trindade), é uma interpretação da cristologia calcedônia que ajuda vencer as fortes objeções levantadas pelos alexandrinos e pelos antioquenos, embora os defensores mais obstinados dos dois partidos tenham se recusado a ceder e a aceitá-la. O mais importante é que nem Leôncio, nem Justiniano, nem o Segundo Concílio de Constantinopla em 553 considerou que essa solução iria além de Calcedônia, em qualquer detalhe. 




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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA, EM 451 - COMO FOI? - Por André Rodrigues


Calcedônia – (08/10 a 01/11 de 451) Calcedônia é considerada o quarto concílio ecumênico da Cristandade e produziu uma definição doutrinária – as vezes considerada como um credo – que declarou o dogma oficial da pessoa de Jesus Cristo. Esse dogma é chamado “união hipostática”. 



Este capítulo é a história de como a igreja chegou a lavrar e a declarar esse dogma e como a Definição de Calcedônia o declarou obrigatório para todos os cristãos. No fim desta seção, veremos que, embora a Grande Igreja considerasse a questão encerrada em calcedônia em 451, vários grupos de cristãos se recusaram a aceitar essa solução e continuaram a protestar e argumentar contra ela. A resposta da igreja católica e ortodoxa para esse protesto arrastou-a para as especulações teológicas a respeito da pessoa de Cristo, e embora muitos protestantes possam seguir, e realmente sigam, o pensamento da igreja até Calcedônia e sua doutrina da união hipostática, ali eles se detêm e não consideram obrigatórios os pronunciamentos feitos depois dela. Isto é, quando até mesmo os protestantes conservadores relembram os processos que definiram a verdadeira doutrina nos primeiros séculos do cristianismo, a maioria não se espanta com o que foi chamado de ortodoxo depois de Calcedônia.


O grande Concílio Ecumênico de Calcedônia foi aberto um pouco pomposo cerimonial em 08 de outubro de 451, com a presença de quinhentos bispos, dezoito oficiais de estado do alto escalão, inclusive o casal imperial.

Embora o Concílio de Calcedônia encerrasse a grande controvérsia entre Antioquia e Alexandria a respeito da pessoa de Jesus Cristo, não encerrou definitivamente todos os debates e as controvérsias sobre a doutrina, o concílio e sua fórmula da crença ortodoxa em Cristo causou um longo e paulatino efeito de debates sobre significado exato. Mais uma vez, assim como antes, os imperadores se envolveram e novos concílios foram convocados para definir, de uma vez por todas, uma crença uniforme a respeito da encarnação de Deus em Cristo. A maior parte da controvérsia pós-Calcedônia acontecia no Oriente e a igreja ocidental não tomava conhecimento a não ser quando forçada a tanto pó algum imperador, como acontecia de tempos em tempos. Certo historiador eclesiástico escreveu que “em vez de solução, Calcedônia provou ser mais a definição clássica do problema que exige mais explicações”.


Embora tenha proposto uma doutrina teologicamente correta a respeito de Jesus Cristo, e sua fórmula sobrevivido ao tempo. “do ponto de vista político, o Concílio de Calcedônia foi um fracasso” porque “tão logo os bispos partiram de Calcedônia, os dissidentes começaram a expressar sua indignação”. Alguns alexandrinos (até mesmo fora do Egito) se separaram, negando-se a fingir que apoiavam a Definição de Calcedônia, sendo chamados “monofisistas radicais” (Monofisismo - [Do gr. monos, um + physis, natureza], Doutrina segundo a qual o Senhor Jesus tinha apenas uma natureza: a divina. Sua humanidade seria apenas aparente. A Bíblia, porém, afirma que Jesus é Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.), por que recusavam qualquer tipo de acordo com uma igreja que não declararia que Cristo tem “uma só natureza depois da união”.



Eles rejeitaram Eutiques e seu erro de negar que a humanidade de Cristo era consubstancial com a nossa, mas não queriam nenhuma aliança com quem alegasse que Cristo tinha duas naturezas. Certos antioquinos radicais – realmente nestorianos – também se separaram da Grande Igreja porque a Definição de Calcedônia anatematizava qualquer divisão das duas naturezas e soava como o eutiquismo (Ensino elaborado por Êutico (375-454), chefe de convento da Igreja Oriental. Segundo esta doutrina , a natureza de Cristo foi absorvida quando da encarnação do Verbo de Deus. Indiretamente,era a negação tanto da natureza divina, quanto da humana de Jesus. O eutiquismo foi declarado herético pelo Concílio de Calcedônia em 451.) e o monofisismo ao enfatizar a única pessoa de Cristo.


Decisões principais:

Afirmação das duas naturezas na única Pessoa de Cristo, contra o monofisismo de Êutiques de Constantinopla; ‘ Na linha dos santos, ensinamos unanimemente a confessar um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, o mesmo perfeito em divindade e perfeito em humanidade, o mesmo Verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem, composto de uma alma racional e de um corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial as nós segundo a humanidade, “semelhante a nós em tudo com exceção do pecado” (Hb. 4.15); Gerado do Pai antes de todos os séculos, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade. Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho único que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação. A diferença das duas naturezas não é de modo algum suprimida pela sua união, mas antes as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas em uma só pessoa e uma só hipóstase”. (DS 301-302)
Condenação da simonia, dos casamentos mistos e das ordenações absolutas (realizada sem que o novo clérigo tivesse determinada função pastoral);


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CONCÍLIO DE ÉFESO, EM 431 - COMO FOI? - Por André Rodrigues



Éfeso – (22/06 a 17/07 de 431) Cirilo e seus leais bispos foram os primeiros a chegar e tiveram de esperar alguns dias. Quando ninguém mais apareceu, Cirilo, o único patriarca presente, abriu a seção e deu início aos trabalhos na ausência de Nestório ou de qualquer outro bispo leal de Antioquia. Primeiramente, os bispos reunidos leram em voz alta o Credo Niceno de Constantinopla I e o reafirmaram, declarando que eram suficiente como credo e que tinha a verdade essencial da cristologia ortodoxa. Em seguida, foi lida a segunda carta de Cirilo a Nestório. Continha suas declarações a respeito do Filho de Deus como o sujeito da vida humana de Jesus Cristo e criticava severamente o dualismo cristológico de Nestório. 

(Nestorianismo - [Do lat. Nestorianismus] Heresia pregada por Nestório, patriarca de Constantinopla. O cerne desta doutrina era a não admissão da união hipostática das duas naturezas em Jesus Cristo: a divina e a humana). Os bispos voltaram em favor dela como a interpretação verdadeira e autorizada do Credo Niceno no que dizia respeito à pessoa de Jesus Cristo. Finalmente o concílio condenou Nestório e sua cristologia como heresia.

O Concílio de Éfeso, em geral considerado o terceiro concílio ecumênico da Cristandade, não promulgou qualquer credo novo, mas endossou uma crença e a declarou obrigatória para todos os cristãos. É uma fórmula dogmática tirada quase que palavra por palavra das cartas de Cirilo a Nestório: “O eterno Filho do Pai é um e exatamente a mesma pessoa que o Filho da Virgem Maria, nascido no tempo e na sua carne; por isso, ela pode ser corretamente chamada Mãe de Deus”. Além da condenação de Nestório, houve também a de Pelágio com sua doutrina palegiana (Pelagianismo – [Do lat. Pelagianismus] Doutrina formentada por Pelágio, clérigo britânico do séc. IV. Entre outras coisas, ele minimizava a eficácia da graça divina, e afirmava que a realidade humana nada sofreu em conseqüência do pecado de Adão. Ou seja: negava o pecado original e a corrupção do gênero humano.) 

Decisões principais:
Cristo é uma só Pessoa e duas natureza; Definição do dogma da maternidade divina de Maria, contra Nestório, que foi deposto; Maria é Mãe de Deus – THEOTOKOS; "Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela a sua natureza divina, mas porque é dela que Ele tem o corpo sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne". (DS 251) 
Condenou o pelagianismo, de Pelágio, que negava os efeitos do pecado original;
Condenou o messalianismo, que apregoava uma total apatia ou uma Moral indiferentista;



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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA I, EM 381 - COMO FOI? - Por André Rodrigues


Constantinopla – (Maio a Junho de 381) Quando Alexandre, bispo de Alexandria, foi ao Concílio de Nicéia para defender a causa trinitária contra Ário e os seus seguidores, levou consigo um jovem assistente chamado Atanásio, que tinha apenas vinte e poucos anos, mas prometia muito como teólogo. É improvável que Atanásio tenha desempenhado qualquer papel relevante no concílio, mas posteriormente foi preparado por Alexandre para ser seu herdeiro na liderança da sé de Alexandria. Quando Alexandre morreu em 328, Atanásio, com trinta anos, sucedeu-lhe neste estratégico cargo eclesiástico. Atanásio atuou como arcebispo e patriarca de Alexandria durante 45 anos, até sua morte em 373. Passou um terço deste período em exílio forçado, por causa da defesa resoluta da terminologia essencial do Credo de Nicéia diante da oposição imperial. Gonzales expressa o consenso da maioria dos teólogos cristãos ao dizer: “Atanásio foi, sem dúvida alguma, o bispo mais notável que chegou a ocupar a antiga sé de Alexandria e (...) foi também o maior teólogo de seu tempo”. No seu século e durante toda a sua vida, Atanásio foi extremamente controverso. Muitos bispos e imperadores consideravam-no um controversista inflexível que se recusava a ceder teologicamente em prol da unidade eclesiástica. Entre os anos de 325 e 332, exatamente quando Atanásio estava assumindo seus deveres como bispo de Alexandria, o imperador Constantino começou a mudar de partido no assunto (Arianismo), sob pressão de bispos e conselheiros que secretamente simpatizavam com Ário e dos bispos que o apoiaram e foram depostos e exilados. Estes simpatizantes do arianismo conseguiram conquistar a confiança do imperador e este começou paulatinamente a pensar em mudar o credo e até mesmo a restaurar Ário e os bispos de Nicomédia e Nicéia. 
Em 332, Constantino declarou Ário restaurado como presbítero em Alexandria e ordenou que o novo bispo o aceitasse de voltas a comunhão da igreja naquele local. Atanásio recusou-se a não ser que Ário afirmasse homoousios ([Do gr. homo, mesmo + ousia, substância] Termo que começou a ganhar importância a partir do Concílio de Nicéia em 325. Em meio aos debates cristológicos, serviu para mostrar que o Filho tem a mesma substância do Pai, o mesmo acontece com o Espírito Santo em relação as duas primeiras pessoas da Santíssima Trindade.), como descrição do relacionamento entre o Pai e o Filho. Ário não quis. Atanásio rejeitou-o e desconsiderou as exortações e ameaças do imperador. Como resultado, Constantino exilou Atanásio para o posto avançado mais afastado do Império Romano no Ocidente: a cidade alemã de Tréveris. Seu exílio começou em novembro de 335 e durou até a morte de Constantino em 337. Durante este período de ausência de sua sé, no entanto, Atanásio permaneceu como o único bispo reconhecido de Alexandria. Os bispos do Egito, os presbíteros e o povo de Alexandria recusaram-se a substituí-lo e Atanásio continuou sendo o bispo amado deles, mesmo no exílio. Logo após a morte de Constantino, seu filho Constâncio, sucessor no império, permitiu que Atanásio retornasse a sua sé em Alexandria. Porém, sua restauração não seria permanente. O imperador queria paz e a uniformidade era o caminho para ela. Chegou a achar que o termo homoousios, ironicamente, sugerido e imposto por seu pai, Constantino, deveria ser substituído no Credo de Nicéia pó homoioussios, que significa “de substância semelhante” e era aceitável para os semi-arianos (buscando uma posição intermediária, os semi-arianistas diziam que Cristo é na verdade semelhante ao Pai, mas não compartilha a substância do Pai) e até mesmo para muitos trinitários. A nova terminologia teria tornado ortodoxa, se aceita, a crença de que o Pai e o Filho compartilham de “substância semelhante” ou de “existência semelhante” em vez de se crer que são da mesma substância ou existência. Atanásio resistiu com teimosia à mudança e até mesmo a condenou como heresia e equiparou com o anticristo os que a apoiavam. Por causa de sua recusa em ceder, acusações falsas a seu respeito foram feitas no tribunal de Alexandria e ele teve de fugir para Roma em 339. Ao todo Atanásio enfrentou cinco exílios: “Dezessete dos seus quarenta e seis anos de seu bispado, Atanásio passou no exílio. A política e a teologia de Atanásio sempre se misturaram. Assim viveu Atanásio, defendendo seu modo de entender a fé católica como declarou em Nicéia”. No meio de tudo isso Atanásio conseguiu convocar um concílio (sínodo) em Alexandria. Nem todos os bispos compareceram, naturalmente, portanto, não é considerado um concílio ecumênico. Não teve o apoio, nem do imperador, nem dos muitos bispos de destaques na igreja. Mesmo assim preparou caminho para o segundo concílio ecumênico, o Concílio de Constantinopla, que seria realizado, depois da morte de Atanásio e, em grande medida, como, resultado da obra deste. Seu sínodo em Alexandria reuniu-se em 362. Os bispos ali reunidos reafirmaram homoousios contra a única descrição apropriada do relacionamento entre o Filho e o Pai rejeitaram explicitamente como heresias tanto o homoiousios semi-ariano como o sabelianismo (Heresia pregada por Sabélio, no século III, cuja a principal tônica era a negação da Santíssima Trindade). O sínodo deu passo novo que seria crucial para o sucesso da doutrina nicena da Trindade no Concílio de Constantinopla em 381. Com a ajuda dos seus amigos os pais capadócios (Basílio e os dois Gregórios). Atanásio propôs, e o sínodo aceitou uma declaração explicativa no sentido de o Pai, o Filho e o Espírito Santo serem hypostases ([Do gr. hypo, sob, debaixo + stasis, o que está, o suporte] Natureza ou substância. Palavra utilizada para contrastar a natureza essencial da divindade em relação a seus atributos Com freqüência é aplicada para mostrar a distinção entre as naturezas humanas e divinas de Jesus.), distintos, mas não separados, do único Deus. 
O Concílio de Constantinopla em 381, foi marcado por ter dado os retoques finais no Credo de Nicéia, ter condenado e excluído várias heresias e ter estabelecido a doutrina formal da Trindade elaborada por Atanásio e seus amigos, os pais capadócios. Assim sendo as principais resoluções deste foram: 
A confissão da divindade do Espírito Santo; Condenação de todos os defensores do arianismo, sob quaisquer de suas modalidades; A sede de Constantinopla, recebeu uma preeminência sobre as sedes de Jerusalém, Alexandria e Antioquia;


BIBLIOGRAFIA: História da Teologia Cristã Roger Olson Ed. Vida
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

CONCÍCIO DE NICÉIA, EM 325 - COMO FOI? - Por André Rodrigues



VAMOS ENTENDER OS CONCEITOS - 


Concílio [Do lat. conciliu.] Sm.
Reunião de toda uma Igreja cristã, pela convocação de uma representação determinada, para definir e deliberar sobre pontos atinentes à missão que lhe é própria. (Dicionário Aurélio/Eletrônico)

Ecumênico [Do gr. oikoumenikós, pelo lat. oecumenicu.] Adj.
1.Relativo a toda a Terra habitada; universal. 
2.Relativo ao ecumenismo. 
3.Rel. Diz-se do crente que manifesta disposição à convivência e diálogo com outras confissões religiosas.

Os Concílios Ecumênicos ou “Assembleias Universais”, eram convocados por ingerência do Estado, visando a unidade da Igreja. Com o fortalecimento da Sé Romana, porém, tais reuniões passaram a ser convocadas única e exclusivamente pelo papa. Estes Concílios são em número de sete: O de Nicéia em 325, Constantinopla em 381, Éfeso em 431, Calcedônia em 451, Constantinopla II em 553, Constantinopla III que teve duração de quase um ano, 680 a 681 e Nicéia II em 787. Diversas foram as resoluções nestes Concílios e passaremos a apresentar em resumo algumas das principais em cada um deles, bem como a síntese de suas histórias.

Nicéia – (De 20/05 a 25/07 de 325) Em outubro de 312, um general do exército romano, chamado Constantino, atacou Roma para depor Maxêncio, o homem que alegava ser o imperador, e tomar o trono do império. Constantino foi o general-comandante nas legiões romanas na Bretanha e na Europa ao norte dos Alpes durante vários anos e acreditava ter mais direito de ser imperador do que qualquer de seus rivais. Provavelmente, tinha bons conhecimentos do cristianismo, mas não existem provas de sua conversão a fé, nem mesmo de uma forte simpatia por ela antes de sitiar Roma em 312. Segundo seu biógrafo, o bispo cristão Euzébio, Constantino fez um apelo a qualquer deus que pudesse ajudá-lo a derrotar seu rival e teve a visão de um símbolo cristão com as palavras “Sob este símbolo vencerás”. Segundo se declara entrou na batalha no dia seguinte com o símbolo de Cristo exibido em suas bandeiras e escudos de guerra e seu inimigo Maxêncio foi jogado na Ponte Mívia na periferia de Roma, no rio Pó onde se afogou. Euzébio, que considerava Constantino um grande herói, comparou Maxêncio com faraó e Constantino com Moisés e declarou que a vitória foi uma intervenção divina. Depois de se tornar imperador, Constantino promulgou o “Edito de Milão”, que declarou oficialmente a tolerância imperial do cristianismo (313). A partir de então, promulgou uma série de editos que restauravam aos cristãos os seus bens, e paulatinamente, começou a favorecer os cristãos e o cristianismo mais do que as demais religiões. Constantino nunca chegou a fazer a religião oficial do império e permaneceu o pontifex maximus, ou sumo sacerdote, da religião pagã oficial do império, até ser batizado pouco antes de sua morte em 337. Durante todo o seu reinado, o relacionamento entre Constantino e os líderes cristãos foi tempestuoso. Chegou a se considerar o “bispo de todos os bispos” e o “décimo terceiro apóstolo” embora fosse pagão e recusasse o batismo até chegar praticamente no leito de morte. Aparentemente, a unificação da igreja foi uma de suas obsessões e o domínio da liderança eclesiástica, o meio de atingir o seu objetivo. As igrejas cristãs do império estavam seriamente divididas na ocasião de sua ascensão e Constantino queria usar o cristianismo como uma “cola” para reunificar o império. Para tanto precisava extirpar os cismas, as heresias e as dissensões onde quer que estivessem. Na ocasião de sua morte, Constantino não havia resolvido totalmente esse assunto e muitos historiadores eclesiásticos argumentam que na realidade, ele apoiava tanto as heresias como a ortodoxia. No reinado de Constantino aconteceram vários eventos importantes para o cristianismo e para a teologia . Em primeiro lugar, conforme já foi observado, a perseguição oficial dissipou-se e ser cristão, pelo menos de nome, passou a ser popular e prudente. Hordas de pagãos não convertidos entraram como uma inundação para as igrejas cristãs simplesmente para ganhar posição aos olhos da corte imperial e da burocracia dirigida por Constantino.
Em segundo lugar, saiu de Roma e edificou uma “Nova Roma” no Oriente como a nova capital imperial. Escolheu a cidade de Bizâncio (atual Istambul, na Turquia) e deu-lhe um novo nome em homenagem a si mesmo: Constantinopla. Em terceiro lugar, o cisma mais divisor que a igreja já havia experimentado ocorreu no reinado de Constantino. Começou em Alexandria e se propagou por todo o império, causando maior impacto na metade que falava grego. Ficou conhecido por controvérsia ariana (Arianismo- Heresia fermentada por um Presbítero do 4° século chamado Ário. Negando a divindade de Cristo, ensinava ele ser Jesus o mais elevado dos seres criados. Todavia, não era Deus. Por este motivo seria impropriedade referir-se a Cristo como se fora um ente divino. Para fundamentar seus devaneios doutrinários, buscava desvalorizar o evangelho de João por ser o propósito desta Escritura, justamente, mostrar que Jesus Cristo era, de fato, o filho de Deus.) e passou por várias etapas durante quase todo o século. Em quarto lugar, a igreja celebrou seu primeiro concílio ecumênico (universal) afim de dirimir conflitos doutrinários e eclesiásticos: O Concílio de Nicéia em 325. Foi Constantino quem o convocou e o presidiu. A doutrina formal e oficial ortodoxa da Trindade foi elaborada, em meio as fortes críticas, e expressa no credo normalmente conhecido Credo de Nicéia, mas oficialmente chamado Credo niceno-constantinopolitano (por ser sua versão definitiva concluída no Concílio de Constantinopla em 381). Acabou se tornando a declaração universal de fé da cristandade e assim permanece para a maior parte dos ramos do cristianismo. Para entendermos a relevância do Concílio de Nicéia, é preciso fazer uma pausa e relembrar a situação em que a igreja se encontrava pouco antes de 325. Bispos e outros cristãos líderes foram perseguidos com ferocidade, e por vezes, executados pelas autoridades romanas. Os templos das igrejas foram confiscados e transformados em templos de deuses e deusas ou locais de adoração ao imperador. A igreja cristã era em geral, considerada uma seita religiosa estranha e uma ameaça em potencial ao império por está cheia de subversivos que se recusavam a honrar o imperador venerando seu “gênio”. De repente, tudo mudou. O mundo parece simplesmente virar de cabeça para baixo. Agora, um imperador romano, um dos mais fortes que já havia aparecido depois de muitos anos, ordenava que todos os bispos cristãos comparecessem para deliberar em uma reunião que ele presidiria. Alguns cristãos perceberam a ameaça inerente da prepotência imperial no lugar da perseguição imperial. A maioria, não. O imperador convocou os bispos, e prometeu que pagaria as despesas e forneceria proteção. A maioria dos bispos do Oriente compareceu. As condições impróprias para a viagem e as dificuldades com o idioma impediram o comparecimento de muitos bispos do Ocidente. Mesmo assim, os ramos Oriental e Ocidental do cristianismo – Ortodoxo e Católico – vieram a reconhecer esta reunião em Nicéia em 325 como o primeiro concílio ecumênico da igreja. Outros se seguiriam, mas nenhum seria tão importante. Trezentos e dezoito bispos estavam presentes nas cerimônias de abertura. Infelizmente , não sobreviveram registros contemporâneos das sessões do concílio em si. O concílio durou dois meses e tratou de muitas questões que confrontavam a igreja. Aproximadamente vinte “cânones” ou decretos distintos foram promulgados pelo imperador e pelos bispos a respeito de assuntos que variam desde a deposição de bispos relapso até a ordenação de eunucos. O concílio ofereceu oportunidade de muitas dúvidas que atormentavam as igrejas, inclusive a maneira exata de fixar a data da páscoa e a situação de bispos que se mudavam de uma sé para outra. Todos estes assuntos, no entanto, eram de importância secundária à razão principal do concílio. O imperador conclamara o concílio para dirimir a controvérsia ariana e era a respeito dela que os bispos queriam falar. Dos 318 bispos que estavam presente na abertura do concílio, somente 28 eram declaradamente arianos desde o início. O próprio Ário não teve permissão para participar do concílio por não ser bispo. Foi representado por Euzébio de Nicomédia e Teogno de Nicéia.

Principais Decisões:
A confissão de fé contra Ário: Igualdade de natureza do Filho com o Pai. Jesus é “Deus de Deus, Luz da Luz, deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. Fixação da data da Páscoa a ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia da primavera (Hemisfério Norte). Estabelecimento da ordem de dignidade dos Patriarcados: Roma, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Inicialização do Credo.





BIBLIOGRAFIA: História da Teologia Cristã Roger Olson Ed. Vida

Dicionário Teológico Claudionor Corrêia de Andrade CPAD
Dicionário de Aurélio B. H. F. (edição virtual)

ANJO? QUEM SÃO E O QUE FAZEM? - Por André Rodrigues


A palavra “anjo” deriva-se do hebraico MAL’ÃK, e significa também “mensageiro”. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus, criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5). O substantivo mal’lãk aparece 213 vezes no hebraico bíblico e grande maioria deste número ocorre nos livros históricos onde geralmente encontra-se a palavra “mensageiro”. Vine separa da seguinte forma: 31 vezes em Juízes, 20 em II Reis, 19 vezes em I Samuel e 18 em II Samuel. Esta palavra traz a alusão de alguém enviado a grande distância por outro indivíduo (Gn 32.3) ou por uma comunidade (Nm 21.21) com o intuito de comunicar uma mensagem. As vezes são chamados de filhos de Deus como em (Jó 1.6).

1 - A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.

2 - A Bíblia fala numa vasta hoste de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9-10), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1) e Gabriel (Dn 9.21). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: “anjo principal); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3).

3 - Como seres espirituais, os anjos bons louvam a Deus, cumprem a sua vontade (Nm 22.22; Sl 103.20).

4- Os anjos executam numerosas atividades na terra, cumprindo ordens de Deus. Desempenharam uma elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés. Servem em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22), são portadores de mensagens de Deus (Zc 1.14-17), trazem respostas às orações (Dn 9.21-23), às vezes, ajudam a interpretar sonhos e visões proféticos (Dn 7.15-16), protegem os santos que temem a Deus e se afastam do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22), castigam os inimigos de Deus ( II Rs 19.35).

O QUE É UM LEVITA - Por André Rodrigues


Um Levita era como o próprio nome declara um descendente da tribo de Levi. A palavra Levi, deriva do heb., Associado. A definição de Claudionor é a seguinte: “Esta tribo foi escolhida por Deus para exercer o sacerdócio (Ml 2.4). Isto não significa, porém, que todo o levita fosse sacerdote. No entanto, todo sacerdote tinha de ser necessariamente um levita. Entre os filhos de Levi, o Senhor suscitou notáveis profetas como Jeremias, Ezequiel e Habacuque”.

A forma no verbo para designar cantar no hebraico é RÃNAN, que significa “cantar”, jubilar, bradar, chorar”, este ocorre cerca de 50 vezes no Antigo Testamento. SHÎR é também um verbo e por sua vez ocorre no Antigo Testamento 90 vezes, sendo um quarto deste percentual, encontra-se no Livro dos Salmos na forma de imperativo (Sl 96.1), este as vezes encontra-sem em harmonia com outro termo: ZÃMAR “cantar” (Sl 68.4,32). No substantivo, mantêm-se a expressão SHÎR que significa “cântico, canção” aparece cerca de 30 vezes nos títulos dos Salmos e em outras partes referindo-se ao canto alegre como por exemplo (Gn 31.27), referindo-se a canto triunfal em (Jz 5,12) e como aplicação a canto de adoração religiosa em (Ne 12.46). Na forma que cabe a abordagem do assunto em pauta a mesma palavra, agora no particípio SHÎR significa “cantores” estes como ministros, levitas. Aparece por cerca de 33 vezes derivando “cantores levíticos”, nos livros de I e II Crônicas. Com referência a “cantoras” são ligeiramente mencionados em (II Sm 19.35; II Cr 35.25; Ec 2.8). 
Já vimos que da tribo de Levi descendem os sacerdotes e os levitas, com isto Deus estabelece variadas funções para ambos. Deus chama os sacerdotes, em (Dt 33.8-10) aparece uma antiga descrição dessas tarefas a eles delegadas. Este texto refere-se à tribo de Levi, que havia revelado um zelo especial por Deus (Êx 32.26-29 conf.). Nesta realidade Deus convoca aos Levitas como ministros que fossem um exemplo e se tornassem líderes religiosos: 

• Deveriam ensinar a Lei de Deus aos demais israelitas. Nisto se incluíam, não apenas instruções éticas mais amplas (Os 4.1-6), mas também decisões sobre casos difíceis de natureza ritual e legal (Dt 17.8-12).

• Cuidavam também, dos lugares sagrados e santuários, onde eram oferecidos incenso e sacrifícios em favor do povo.

• Outra responsabilidade era o Urim e o Tumim, o meio oficial de se lançar sortes, levando a uma resposta de Deus em forma de “sim” ou “não”. O Urim e o Tumim ficavam no peitoral do sacerdote, e eram usados por solicitação de pessoas ou do rei (I Sm23.9-12; 28.6). (Manual Bíblico – SBB, p. 185).