Os livros canônicos da Sabedoria do Velho Testamento abrangem os livros de Jó, Provérbios, Eclesiastes e bem assim alguns Salmos, como: #Sl 1; #Sl 10; #Sl 14; #Sl 19; #Sl 37; #Sl 49; #Sl 73; #Sl 90; #Sl 112. Nos apócrifos a Sabedoria é representada, sobretudo, pelo livro do Eclesiástico (a Sabedoria de Jesus, filho de Siraque, obra escrita em hebraico cerca de 200 A. C., e traduzida em grego pelo neto do autor em 132 A. C.), e ainda o livro da Sabedoria (escrito provavelmente no primeiro século da era cristã por um judeu alexandrino). O livro de Baruque e os quatro livros dos Macabeus contribuíram também para a literatura apócrifa.
A sabedoria prática dos antigos resumia-se, em princípio, a máximas de caráter popular (Heb. mashal, no plural meshalim) a exprimirem em termos expressivos certos fenômenos observados ("Um céu vermelho à noite faz as delícias do pastor". "Não há ninguém tão surdo como aquele que não quer ouvir" -e outros mais). Uma forma mais desenvolvida é a das parábolas, e até dos enigmas. Neste caso podemos citar o enigma de Sansão (#Jz 14.12 e segs.), as parábolas de Jotão (#Jz 9.7 e segs.) e de Jeoás (#2Rs 14.9), e, sobretudo, as parábolas dos Evangelhos, que atingem a sua perfeição.
Deu-se, porém, o caso que a pouco e pouco se foi refletindo sobre os fenômenos da natureza e da vida, chegando-se à conclusão de que as generalizações populares não abrangem todos os fatos observados. O sofrimento dos justos, por exemplo, e o significado da vida preocupavam os espíritos, como os autores dos livros de Jó, do Eclesiastes e de alguns Salmos.
A verdadeira sabedoria (heb. hokhmah) para os pensadores hebreus, não era unicamente um raciocínio intelectual, mas acima de tudo prático, e em sentido moral e religioso. Sendo o "temor do Senhor o princípio da sabedoria", o verdadeiro sábio (heb. hakham) era aquele que encarava a vida num espírito de reverência a Deus. Pelo contrário, o insensato (heb. nabal) era insensível em matéria religiosa, ao afirmar solenemente no seu íntimo: "Não há Deus", ou pelo menos ao comportar-se como se Deus não existisse.
Artigo extraído do livro O Novo Comentário da Bíblia
Editado pelo Prof. F. Davidson, MA, DD
Colaboradores Rev. A. M. Stibbs, MA, DD Rev. E. F. Kevan, MTh
Editado em português pelo Rev. Dr. Russell P. Shedd, MA, BD, PhD
©1953, 1954 de Inter-Varsity Press (Londres, Inglaterra) Título do original: The New Bible Commentary