terça-feira, 26 de janeiro de 2010

URIM E TUMIM

Os sumos sacerdotes dos judeus, somos informados, consultavam Deus nos negócios mais importantes de seu povo, e recebiam respostas por Urim e Tumim. O que estes eram é disputado entre os críticos. Josefo, e alguns outros, imaginam que a resposta era retornada pelas pedras do peitoral mostrando-se com um brilho incomum quando era favorável, ou, em caso contrário, opaco. Outros supõem que Urim e Tumim eram algo incluso entre a dobradura do peitoral; isto alguns imaginam ser o tetragrama, ou a palavra יהוה, Jeová. Christophorus de Castro, e depois dele o Dr. Spencer, sustentam que eles são duas pequenas imagens na dobra do peitoral, que davam a resposta oracular dali por um voz articulada. Conseqüentemente, eles os derivam dos egípcios, que consultavam seus espíritos, e tinham um oráculo, ou terafim, que eles chamavam Verdade. Esta opinião, entretanto, tem sido suficientemente refutada pelo erudito Dr. Pococke e por Witsius. A opinião mais comum entre os cristãos referente ao oráculo por Urim e Tumim, e que o Dr. Prideaux expõe é que quando o sumo sacerdote aparecia diante do véu, vestido com seu éfode e peitoral, para pedir conselho de Deus, a resposta era dada com uma voz audível do propiciatório, dentro do véu; mas, tem sido observado, que este relato de forma alguma concordará com a história de Davi quando consulta o oráculo através de Abiatar, 1Sm 23.9, 11; 30.7-8; porque a arca, sobra a qual estava o propiciatório, estava então em Quiriate-Jearim; enquanto Davi estava em um caso em Ziclague, e no outro no bosque de Herete. Braunius e Hottinger adotaram uma outra opinião: eles supõem que quando Moisés é comandado para colocar no peitoral o Urim e Tumim, significando luzes e perfeições no plural, pretendia-se que ele devesse escolher o mais perfeito conjunto de pedras, e as polisse a ponto de dar o brilho mais radiante; e, nesta hipótese, o uso do Urim e Tumim, ou destas jóias intensamente polidas, era somente para ser um símbolo da presença divina, e da luz e perfeição da inspiração profética; e, como tal, constantemente ser usado pelo sumo sacerdote no exercício de sua sagrada função, especialmente ao consultar o oráculo.
Michaelis observa: Que ao fazer distribuições de propriedade, e nos casos de disputas relativas a meum [meu] e tuum [seu], recorria-se à sorte, por falta de qualquer outro meio de decisão, naturalmente será admitido. Toda a terra foi repartida por sorte; e que, nos tempos vindouros, a sorte continuava a ser usada, mesmo nos tribunais de justiça, vemos de Pv 16.33; 18.18; onde somos expressamente instruídos a lembrar que é a Providência que faz a escolha, e que por essa razão devemos estar satisfeitos com a decisão da sorte, como a vontade de Deus. Era para propósitos judiciais, em particular, que a sorte sagrada chamada Urim e Tumim era empregada; e por causa disto a bolsa suntuosamente adornada, em que o sacerdote carregava esta sorte sagrada sobre seu peito, era chamada o ornamento judicial. “Mas esta sorte sagrada era usada igualmente nos julgamentos criminais?” Sim, diz Michaelis, somente para descobrir os culpados, para provar a culpa deles; pois nos dois únicos exemplos de seu uso nos casos que ocorrem em toda a Bíblia, a saber, em Js 7.14-18, 1Sm 14.37-45, encontramos as confissões dos dois réus, Acã e Jônatas, acrescentadas. Parece também ter sido usada somente no caso de um juramento que todo o povo tinha feito ser transgredido, ou o líder da multidão em nome dela, mas não no caso de outros crimes; pois um assassinato desconhecido, por exemplo, não devia ser descoberto recorrendo-se à sorte sagrada.



O interior do santuário, dentro do véu do tabernáculo, observa o Dr. Hales, ou o lugar santíssimo, era chamado o oráculo, 1Re 6.16, porque lá o Senhor conversava intimamente com Moisés, face a face, e lhe dava instruções nos casos de dificuldade legal ou súbita emergência, Êx 25.22; Nm 7.89; 9.8; Êx 33.11; um alto privilégio que não foi concedido a nenhum de seus sucessores. Após a morte de Moisés, um modo diferente foi estipulado para consultar o oráculo pelo sumo sacerdote, que vestia “o peitoral do juízo,” uma peça principal do traje pontifical, no qual estavam gravadas as palavras Urim e Tumim, emblemáticas da iluminação divina; como a inscrição em sua mitra, “Santo ao Senhor,” era da santificação, Êx 28.30-37; Lv 8.8. Dessa forma equipado, ele se apresentava diante do Senhor para pedir conselho sobre questões públicas, não no interior do santuário, que ele não se atrevia a entrar, exceto no grande dia da expiação nacional, mas fora do véu, com sua face voltada para a arca da aliança, dentro; e atrás dele, a alguma distância, fora do santuário, ficava Josué, o juiz, ou a pessoa que queria a resposta, que parece ter sido dada com uma voz audível de dentro do véu, Nm 27.21, como no caso de Josué, 6.6-15; dos israelitas durante a guerra civil com Benjamim, Jz 20.27-28; na ocasião da nomeação de Saul para ser rei, quando ele se escondeu, 1Sm 10.22-24; de Davi, 1Sm 22.10; 23.2-12; 30.8; 2Sm 5.23-24; de Saul, 1Sm 28.6. Este modo de consulta manteve-se sob o tabernáculo erigido por Moisés no deserto, e até a construção do templo de Salomão; depois do qual não encontramos nenhum exemplo dele. Os oráculos do Senhor foram desde então proferidos pelos profetas; como por Aías a Jeroboão, 1Re 11.29; por Semaías a Roboão, 1Re 12.22; por Elias a Acabe, 1Re 17.1; 21.17-29; por Micaías a Acabe e Joesafá, 1Re 22.7; por Eliseu a Jeosafá e Jorão, 2Re 3.11-14; por Isaías a Ezequias, 2Re 19.6-34; 20.1-11; por Hulda a Josias, 2Re 22.13-20; por Jeremias a Zedequias, Jr 32.3-5, e outros. Após o cativeiro babilônico, e os últimos dos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o oráculo cessou; mas seu restabelecimento foi predito por Esdras, 2.63, e consumado por Cristo, que foi ele mesmo o oráculo, sob a velha e a nova aliança, Gn 15.1; Jo 1.1.


FONTE:Dicionários - Richard Watson - Dicionário Bíblico e Teológico/ Artigo extraído do Blog Arminianismo.com

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