sexta-feira, 11 de março de 2016

BREVE RESUMO CONCERNENTE AO JUÍZO FINAL - Por André Rodrigues


Na definição de Andrade é o julgamento a que serão submetidos os vivos e os mortos ressuscitados, na consumação de todas as coisas. Tendo a Deus como Juíz Supremo, terá o Juízo final como objetivo retribuir a cada um segundo as suas obras (Ap 20.11-15 - ANDRADE 2007, p. 242). Depois da condenação definitiva do Diabo e suas hostes, ocorrerá o último de todos os julgamentos, o do Trono Branco. A palavra ‘grande’ denota poder e glória e ‘branco’ fala de santidade e justiça (ZIBORDI 2009, p. 546). Ainda neste mesmo pensamento, Zibordi discorda da definição de Andrade que afirma ser Deus o Juiz naquela ocasião, Zibordi diz: “De acordo com a Palavra de Deus, o Senhor Jesus será o Juiz em todos os julgamentos escatológicos: [...] No Trono Branco, depois da última revolta de Satanás e sua derrocada, Jesus condenará, segundo as obras de cada um, os pecadores impenitentes (Ap 20.13; 21.8; 22.15)". Numa opinião de divisão, Bergstén diz: “Deus é Juíz (Rm 2.16). Mas entregou ao Filho todo o juízo (Jo 5.22,27; At 10.42; 17.31; 2 Tm 4.1)”. O mais importante será que este é o último dos julgamentos e demonstrará com justa sentença todas as obras dos homens descritos nos livros de Deus. Nada se fará ao acaso (p. 365).
Neste julgamento participará todos os ímpios que morreram, do princípio da criação até o final do milênio, ressuscitarão naquele dia, e todos comparecerão diante do trono branco. Também aqueles que durante a Grande Tribulação tomaram sobre si o sinal da besta, e ainda os que acompanharam Satanás na última revolta, no final do Milênio. "[...] Toda aquela grande multidão estará muda, por causa da seriedade do momento. Eles ouvirão a sentença da boca do Juiz. Aqueles cujos nomes não estiverem escritos no livro da vida serão condenados a perder o céu" (BERGSTÉN 1999, p. 364, 367). Ainda que de maneira bem resumida, fica claro que é de suma importância o estudo acurado da escatologia por que reflete as promessas proferidas pelos santos homens de Deus, que ainda terão seu cumprimento. Na medida em que os acontecimentos passo a passo são esclarecidos, sobrevêm ao pesquisador cristão pelo menos dois sentimentos distintos: o de gozo e o de tristeza. Gozo, por ter a certeza de não passar pelos sofrimentos vindouros preparados para os desobedientes, e pela convicção de estar por ocasião do arrebatamento para sempre com o Senhor. E tristeza por saber que milhares de milhares não querem reconhecer esta realidade, sendo iludidas por este mundo e pelas astúcias do deus deste século. Contudo, é de uma importância sem igual o esclarecimento destes fatos para uma aplicação mais santa à nossa vida e uma esperança cada vez mais fincada, de que, a cada momento que se passa abrevia-se ainda mais o retorno de nosso senhor para buscar sua Igreja. Ora vem Senhor Jesus, Maranata! 




BIBLIOGRAFIA


ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 16º edição, revista e ampliada. 2007. CPAD – RJ
BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. 1999. CPAD – RJ.
GILBERTO, Antônio. ANDRADE, Claudionor de. ZIBORDI, Ciro Sanches. CABRAL, Elienai. RENOVATO, Elinaldo. SOARES, Esequias. COUTO, Geremias do. SILVA, Severino Pedro da. GABY, Wagner. Teologia Sistemática Pentecostal. 3º edição, 2009. CPAD – RJ.

O QUE SIGNIFICA INSPIRAÇÃO


A palavra inspiração, não sendo bíblica, significa, normalmente, uma influência sobrenatural do Espírito de Deus sobre os autores bíblicos, garantindo que, aquilo que escreveram era precisamente o que Deus pretendia que eles escrevessem para a transmissão da verdade divina, podendo, por isso, dizer-se realmente "inspirados" ou theopneustos, literalmente, "soprados por Deus" (2Tm 3.16). Como já não é novo para nós este assunto, limitar-nos-emos agora a corrigir alguns equívocos.

A "inspiração" que garante a comunicação infalível da verdade revelada é bem distinta da "inspiração" do artista criador. Nada de confusões. A inspiração não só não implica estado anormal do espírito do escritor, -por exemplo, visões ou audição de vozes estranhas, -como não supõe, também, a aniquilação da sua personalidade. Deus providencialmente preparou os meios humanos de inspiração para que os escritores pudessem cumprir a sua tarefa; e, na maior parte dos casos, apenas através das faculdades normais. Muitos estados de espírito são na realidade compatíveis com a inspiração. Não é necessário supor-se que os autores tinham sempre a consciência de que estavam a ser inspirados, quer dizer, que sabiam estar a escrever as Escrituras Canônicas. Nem há razão para afirmar-se que um documento inspirado não possa, na providência divina, ter sido compilado ou extraído de fontes por um processo vulgar de composição histórica, passando por várias edições até atingir a sua forma definitiva. O que deve admitir-se é que no fim de contas a obra foi theopneustos, e que através dela Deus quis comunicar aos homens a Sua graça salvadora. Sendo assim, só podemos admitir a inspiração verbal. E se as palavras da Escritura são inspiradas por Deus, é quase uma blasfêmia não admitir a infalibilidade da sua doutrina, e a ausência de erro nessas palavras. São prerrogativas que não podemos aprovar, ou desaprovar, através da argumentação vulgar; porque as consideramos artigos de fé, baseadas que são na doutrina de Cristo e no testemunho do Espírito a confirmarem que as Escrituras Canônicas foram inspiradas por um Deus que não pode mentir. Quem as nega rejeita o testemunho de Cristo, dos apóstolos e da própria Igreja Cristã relativo à natureza da "Palavra de Deus" escrita, e com certeza não possui nem compreende o testemunho interno do Espírito Santo.

O problema da inspiração

Nenhuma doutrina cristã está isenta de problemas, e isto porque Deus quis que a Sua verdade fosse um objeto de fé. Ora, o fundamento da fé é o testemunho e a autoridade do próprio Deus; donde se segue que são coisas distintas o acreditar numa autoridade e o acreditar em face duma demonstração racional. O pecado original do homem foi um desejo de evidenciar a sua sabedoria auto-suficiente, uma vontade de não admitir qualquer autoridade externa, capaz de agir por si própria (cfr. Gn 3.5,6); e Deus deliberadamente apresenta a verdade salvadora aos pecadores e de tal forma que, ao aceitá-la, supõe-se um ato de arrependimento intelectual de sujeição à doutrina de Deus. Daí a renúncia à própria sabedoria (cfr. Rm 1.22; 1Co 1.19-25) a fim de que só possa sobressair aquela outra sabedoria, que é apanágio dos que ouvem a Palavra do Senhor. Para ser mais completa essa renúncia, Deus determinou, ou melhor, garantiu, que nem um só artigo de fé pudesse ser demonstrado, tal como qualquer teorema geométrico. O homem deve contentar-se com o conhecimento que adquire pela fé, conhecimento esse que, no fim de contas, jamais poderá atingir a perfeição neste mundo. Não conseguiremos, pois, eximir de dificuldades a doutrina da Inspiração Bíblica, tal como sucede com a doutrina da Trindade ou da Encarnação. Nem esperemos neste mundo resolver todos os problemas. Não é de admirar, portanto, que muitos cristãos caiam na heresia, a respeito desta ou doutras doutrinas. Convém, no entanto, indicar qual a atitude a tomar perante os erros que se nos apresentem.

Em primeiro lugar, esta doutrina não raro é amesquinhada por aqueles que dizem professá-la, e afirmam que a Bíblia é produto da inspiração em certo sentido, mas nunca inspiração verbal. Deus inspirou ou revelou a verdade aos escritores, que sendo criaturas falíveis e pecaminosas, poderiam falsificá-la. Por isso, é possível admitirmos erros nas Escrituras. Mas não foi assim, como vimos, o pensar de Cristo e dos apóstolos. É errado o pensamento de que nem todos os livros da Bíblia estão ao mesmo nível de profundidade espiritual e finalidade de doutrina; mas, na Sua providência soberana, podia Deus preparar e dirigir os instrumentos humanos apenas para escreverem precisamente aquilo que entendesse, nem mais nem menos. Por outras palavras, segundo esta teoria, a Bíblia não é aquilo que Deus pretendia, nem aquilo que Cristo pensava e ensinava. É evidente que tal teoria é inadmissível.

Em segundo lugar, rejeita-se por vezes a nossa doutrina, recorrendo-se a pretensos argumentos internos da Bíblia. Tais objeções, todavia, supõem fundamentalmente uma ideia humana a priori daquilo que provavelmente será a Bíblia inspirada. E, só o fato de as apresentar como argumentos válidos para duvidar do que Deus afirma desse livro, é já um sinal de impenitência intelectual, inconsciente talvez, mas não menos real por isso. O melhor é, na realidade, começar por aceitar o testemunho de Deus sobre a inspiração verbal, e só depois examinar os argumentos internos da Escritura para se chegar à conclusão da probabilidade da inspiração verbal. Por mais rigoroso e profundo que seja o exame, verificar-se-á que a inspiração se adapta perfeitamente a todas as formas do pensamento, a todos os métodos literários, a todas as figuras estilísticas e a todas as características vocabulares dos escritores. Estes são os canais condutores da verdade inspirada. Desconhecê-los, pode ser um perigo, pois é possível não se conhecer a intenção de Deus, e nesse caso descobrir erros onde na realidade não existem. Ao estudar-se a Bíblia, deve seguir-se o princípio, baseado na fé, de que a Escritura, em parte alguma é capaz de adulterar a verdade, sendo inspirada para no-la transmitir, e de que todos os acontecimentos bíblicos têm um significado que só a Igreja pode conhecer perfeitamente. Neste caso, é conveniente apreciar o texto a analisar à luz do contexto bíblico da Escritura, considerada no seu todo. Trata-se dum princípio de importância fundamental para a interpretação bíblica, que nunca se deve perder de vista, mesmo no meio das dificuldades que possam surgir a este respeito. Vamos citar aqui um exemplo apenas.

Várias vezes se diz que certas atitudes, ações e reflexões teológicas são uma refutação da doutrina duma Escritura inspirada. É uma objeção que só revela incompreensão da natureza da Bíblia. Já frisamos que a Bíblia é mais do que um simples amontoado de textos separados; é um organismo, um conjunto homogêneo, cujas partes não se podem explicar isoladamente. Ora, Deus recolheu diferentes materiais para a Sua obra; por isso não admira, que muitos dos exemplos apontados sejam maus. É que tudo serve para nossa instrução, embora tais exemplos possam ser interpretados de diferentes modos. Fala-se em erros teológicos e práticos, supondo-se que pelo fato de aparecerem na Bíblia têm a aprovação de Deus. Os princípios da teologia bíblica devem interpretar os fatos da história e da biografia bíblicas, uma vez que estes também explicam aquela. A Escritura interpreta-se com o auxílio da mesma Escritura. Já se disse que a Bíblia constitui uma unidade orgânica, que a Palavra de Deus é um todo, e que cada texto deve ser compreendido à luz da verdade que se encontra em Jesus.

Impossível aqui apresentar mais argumentos a favor da nossa tese. Limitar-nos-emos a afirmar, em conclusão, que a atitude da fé para com a doutrina da inspiração bíblica, bem como para com outras doutrinas, é a de aceitar única e simplesmente o testemunho de Deus. Nada, por isso, poderá abalar a nossa fé, já que nada pode abalar o testemunho em que se apoia. Quando tiver de enfrentar as dificuldades e as objeções, que implicam com a sua fé, o crente deve lembrar-se mais da sua possibilidade de falhar do que da infalibilidade do testemunho de Deus, ao apresentar-nos a verdade. Recorra-se, nesse caso, a uma cuidadosa retrospecção à luz dum estudo mais profundo e mais eficaz da evidência bíblica. Foi assim que se fizeram progressos doutrinários através da história da Igreja. Será assim que também nos nossos dias se conseguirá uma compreensão mais fiel e mais perfeita da doutrina da inspiração da Bíblia, aceitando-a como a Palavra de Deus, isenta de erro e infalível.

J. I. PACKER (O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA - F. DAVIDSON)

quarta-feira, 9 de março de 2016

QUEM MATOU JESUS? (Hb. 5.7-9) - por André Rodrigues


"O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem;"  (Hb. 5.7-9 ARCF)


Partindo do princípio do texto em apreço declarado pelo escritor aos Hebreus, é possível observar que Jesus Cristo cumpriu sua missão de maneira cabal, com obediência ilibada. Veio para esta missão e a executou integral e perfeitamente.

É de comum acordo que a conclusão ápice do cumprimento de sua obra, dar-se na culminância de sua morte vicária, substitutiva, ou seja, em nosso lugar. Nós quem deveríamos sofrer os agravos recaídos sobre o Mestre, entretanto, houve a disponibilidade do próprio Filho de Deus para esta ação, numa profunda demonstração de amor, morrendo em favor da humanidade perdida.

Mas, será possível contextualizar, realizando uma análise bíblica, e dizer dentre outros aspectos, sem a intenção de esgotar as possibilidades: quem matou Jesus? 

Sim é possível! E nesta perspectiva, num raciocínio pessoal, poderíamos dizer pelo menos quatros atitudes que culminaram na morte de Jesus. É óbvio que este feito estava previsto desde a fundação do mundo como ressalta João, na Ilha de Patmos, quando recebera do Espírito Santo, revelações concernentes aos últimos acontecimentos da humanidade (Ap. 13.8b). Porém, para fins de reflexão destacaremos as situações a seguir: 1- A inveja dos representantes espirituais da nação judaica; 2- A ganância de Judas; 3- A covardia de Pilatos; e por fim, 4- O pecado de todos nós.


 1- A INVEJA DOS REPRESENTANTES ESPIRITUAIS DA NAÇÃO JUDAICA - 


De maneira geral os judeus possuem um histórico que denigre sua imagem. A insubordinação e consequente desobediência está presente em boa parte de vossa história. No caso de inveja propriamente dito, não é diferente.

Há diferenças expressivas que coadunam com a realidade de que a vinda, a vida, o ministério e a atuação diferenciada em processos, na pessoa de Jesus, naturalmente viesse a ser causa de inveja nos representantes da nação. Destacaremos, dentre muitas, três destas. São elas: 

1.1 - JESUS ENSINAVA COM AUTORIDADE - Mt 7.28-29

Diferentemente dos escribas, fariseus, saduceus, sacerdotes de maneira geral que compunham a classe de representantes espirituais da nação, Jesus demonstra em seus ensinamentos de forma simples, porém contundente, que havia autoridade naquilo em que falava. 

De acordo com Mateus, percebemos a indagação dos primeiros ouvintes, logo em sequência de sua tentação, após a preparação e jejum de quarenta dias, quando o próprio dá início a uma série de mensagens, que ficariam conhecidas como o sermão da montanha. Estas mensagens vão desde o capítulo 5.1 até o capítulo 7.29. 
Logo em seguida da extensa explanação de Jesus, fica claro no entendimento e na menção escriturística de que as multidões se maravilharam de seus ensinos, conforme segue: 

"E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas".

Esta foi a causa primária, inaugural. Depois da exposição do sentimento das massas em reconhecer uma diferente e nova autoridade, caíra como ponto de partida para que seus corações viessem a produzir expressivamente o ardente desejo de inveja. 


Outro ponto, dentro desta expectativa a ser explorado é que:


1.2 - JESUS REALIZAVA PRODÍGIOS E MARAVILHAS - Jo 11.46-48

João, o evangelista, inicia o distinto livro, destinado à toda igreja, mostrando Jesus como o Verbo Encarnado (Jo 1.1-14). Após sua defesa prévia, exibe como embasamento, o testemunho de João Batista (Jo 1.15-34) e nos próximos versículos, destaca a chamada dos discípulos (potenciais testemunhas oculares) para um fortalecimento ainda maior do que se desejava alcançar com a escrita do referido evangelho (Jo 1.35-51).

No capítulo dois, João enfatiza o primeiro milagre realizado por Jesus: "Este sinal miraculoso, em Caná da Galiléia, foi o primeiro que Jesus realizou. Revelou assim a sua glória, e os seus discípulos creram nele" (Jo 2.11 - NVI). No decorrer de sua escrita, destaca diversas instruções dadas por Jesus e assegura inúmeros feitos miraculosos que coloca Jesus em posição de sui generi, diferenciada. Para tanto, ao término do evangelho que leva seu nome, afirma: "E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem" (Jo 21.25 - ARIB). 


Todas estas manifestações incomodavam e muito aos representantes da nação judaica, que além de não aceitarem (mesmo vendo), procuravam ocasiões para pôr fim àquele problema que havia surgido inesperadamente. Por isso, deixando, por vezes as diferenças teológicas que os dividiam, uniram forças para acabar com a atuação do Mestre. Eles no íntimo sabiam que havia algo de diferente que pairava sobre Jesus, no entanto, movidos avidamente pelo sentimento de inveja e por medo da perca de poder e território, havia-lhes cegueira e não podiam perceber tamanho erro, mesmo sendo testemunhas dos feitos, dos acontecimentos e da fama que repousava sobre o Filho de Deus. 



Vejamos o texto supracitado: 



"Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação" (Jo 11.46,47 - ARCF).


Eles estavam tão cegos e desapercebidos que mesmo após uma breve, contudo, relevantes revelações não puderam perceber tamanha insanidade. Foram alertados pelo sumo sacerdote e mesmo assim continuaram com seus desígnios para matá-lo:


"E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis,

nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação. Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.
Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem" (Jo 11.49-53 - ARCF - nosso grifo).

E, ainda, no mesmo contexto, assevera João: 

"Buscavam, pois, a Jesus, e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa? Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem" (Jo 11.56-57 - ARCF).

As multidões acompanhavam a Jesus e seus discípulos. Muitos, por interesse. Mas, a continuidade daquela nova fase vivida por Israel logo atrairia conversos de todas as partes e eles, por sua vez, ficariam totalmente descredibilizados. 
Estavam tão possuídos de inveja que não conseguiam alegrar-se com os acontecimentos que chamavam atenção em escalas superiores. Todo este contexto, ocorrera por ocasião da ressuscitação de Lázaro, o amigo de Jesus.
Na ocasião em que o próprio Jesus volta à Betânia para visitar a Lázaro e consequentemente participar de uma ceia, diz-nos a Escritura que "[...] muita gente dos judeus soube que estava ali; e foram, não só por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro, por que muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus" (Jo 12.9-11 - ARC). Observem tamanha intenção dos representantes espirituais da nação, movidos unicamente pela inveja em detrimento dos bens que eram realizados desejavam não apenas acabar com a atuação de Jesus, mas se possível fora destruir definitivamente as provas que vinculavam tal atuação: "[...] tomaram deliberação para matar também a Lázaro" (Jo 12.10a). Sem perceber, agiam com assassinos. Eis o perigo da inveja.

1.3 - A INVEJA FEZ COM ELES O ENTREGASSE - Mt 27.11-18


Conscientes de seus malefícios e convictos de que Jesus deveria morrer, realizaram tudo o que foi necessário até conseguirem o vosso intento. Em Mateus, lê-se que mesmo sabendo da repercussão que desencadearia tomaram rumo em prosseguimento para a realização:

"Naquela ocasião os chefes dos sacerdotes e os líderes religioso do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, cujo nome era Caifás, e juntos planejaram prender Jesus à traição e matá-loMas diziam: "Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo"" (Mt 26.3,4 - NVI - nosso grifo). Nada poderiam detê-los. Estavam dispostos a passar por cima de qualquer prerrogativa que fosse para concluir com vossa maldade, senão, leiamos a narrativa bíblica:


"E foi Jesus apresentado ao presidente, e o presidente o interrogou, dizendo: És tu o Rei dos Judeus? E disse-lhe Jesus: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Disse-lhe então Pilatos: Não ouves quanto testificam contra ti? E nem uma palavra lhe respondeu, de sorte que o presidente estava muito maravilhado. Ora, por ocasião da festa, costumava o presidente soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse. E tinham então um preso bem conhecido, chamado Barrabás. Portanto, estando eles reunidos, disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que por inveja o haviam entregado" (Mt 27.11-18 - ARCF - nosso grifo).



Não havia crime cometido por Jesus. Não havia indícios que o caracterizasse como malfeitor, mas mesmo assim, unicamente por inveja, preferiram Barrabás em detrimento de Jesus. Escolheram a soltura de um desordeiro e assassino confesso, ante ao Jesus que realizava o bem por onde passara. E, como se não bastasse, de igual modo, sendo por eles induzidos, todo o povo que acompanhava de perto a atuação de Jesus entrara na ideia de morte e como loucos pediam que ele fosse crucificado e como agravante, ensoberbecidos pelo movimento de inveja, clamavam sem perceber tamanha gravidade "[...] todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos. Então, soltou-lhes Barrabás e, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou para ser crucificado" (Mt 27.25,26 - ARC).



A inveja dos representantes da nação judaica, foi um dos principais motivos para a prisão, o julgamento e consequente morte de crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo.



Outro ponto em consideração que se segue a esta realidade é: 



2- A GANÂNCIA DE JUDAS - 


Há um agravante em si tratando de Judas Iscariotes. Ele era um dos doze! Natural de Queriote, localidade de Moabe (cf. Jr 48.24). Distava a 20 Km ao sul de Hebrom. Foi, portanto, o único dos apóstolos que não fazia parte da região da Galiléia, visto que Queriote fazia parte da região da Judá. Mas, como todos os outros fora escolhido pelo próprio Jesus para compor o colégio apostólico. Durante quase todo o ministério de Jesus, desempenhou o papel de responsável pelas finanças, entretanto, possuía uma inclinação tendenciosa para o roubo.

É fácil afirmar que Judas:

2.1 - POSSUÍA UM CORAÇÃO AVARENTO - Mt 26.14-16


É interessante que sabendo o intento maligno dos representantes da nação em prender a Jesus, o apóstolo antecipa-se, tomando a iniciativa de procurar os principais para oferecer-lhes uma negociação quanto a entrega do Mestre, vejamos:



"Então, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes e lhes perguntou: "O que me darão se eu o entregar a vocês?" E eles lhe fixaram o preço: trinta moedas de prata. Desse momento em diante Judas passou a procurar uma oportunidade para entregá-lo" (Mt. 26.14-16 - NVI - nosso grifo).



Judas possuía um ardente desejo pela finança. Amava o dinheiro incondicionalmente. Foi capaz de ultrapassar todas as prerrogativas que repousava sobre os apóstolos para o trair, e sua traição consequentemente culminaria na morte. Mesmo que no primeiro instante não houvesse por parte de Judas a percepção de que os principais desejavam matá-lo, não havia motivos para o entregar. Ele o traiu desde o momento da intenção e conclusiva procura para a negociação. Vendeu-se por míseras trinta moedas. No ato da entrega, recebeu-as à vista o valor desprezível, que equivalia a um mês de trabalho de um simples empregado. Este é o duro preço da ganância, da avareza. Não se mede consequências em detrimento de ganho, seja qual porcentagem ou vantagem for.



Com esta ação infundada, desnecessária e sem pensar fez com que algo de muito pior acontecesse:


2.2 - PERMITIU QUE SATANÁS O CONDUZISSE - Lc 22.1-6


Jesus proferia suas últimas instruções as multidões antes da formulação do pacto da traição propriamente dita (cf. Lc 21.34-36). Aproximava-se a festa dos Pães Asmos, ou seja, a Páscoa. Todos que tinham a intenção de parar a Jesus, estavam atônitos e apreensivos para realizar de uma vez por toda vossa maledicência, mas repudiavam a ideia de possível alvoroço. Entendiam não ser interessante uma ação as claras, temendo retaliações. Nesta expectativa, as escondidas, Judas procura-os para acertarem com detalhes como seria a entrega. Neste instante, Lucas indaga na narrativa que: "Entrou, porém, Satanás em Judas" (v. 3a). Leiamos o texto:



"Estava, pois, perto a festa dos pães ázimos, chamada a páscoa.


E os principais dos sacerdotes, e os escribas, andavam procurando como o matariam; porque temiam o povo. Entrou, porém, Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos doze. E foi, e falou com os principais dos sacerdotes, e com os capitães, de como lho entregaria;
Os quais se alegraram, e convieram em lhe dar dinheiro.
E ele concordou; e buscava oportunidade para lho entregar sem alvoroço" (Lc 22.1-6 - ARCF).


A avareza caracteriza-se como o pecado que permite com que a pessoa passe a não enxergar o mal que é capaz de executar e abre precedentes para uma forte e permanente atuação do maligno. O pecado da avareza destrói qualquer caráter formado, levando a pessoa de conduta coerente agir de maneira corrompida. 

Infelizmente, existem pessoas tendenciosas para este intento do mau. João, destaca no evangelho escrito por ele que Judas era ladrão. Ou seja, já dantes possuía uma conduta duvidosa, sem credibilidade.

Vejamos.

2.3 - JUDAS ERA LADRÃO - Jo 12.6

Como já falamos acima, ele era responsável pelas finanças. Pode-se afirmar, claramente que Judas era o tesoureiro do grupo de Jesus. Era ele quem organizava as finanças. Ele sabia quanto havia na bolsa. Tinha conhecimento da movimentação financeira que o cercavam. Porém, a conduta duvidosa de Judas foi observada especificamente em João (não nos sinópticos) na ocasião em que se encontravam na casa da família de Lázaro em Betânia, e Maria sua irmã "[...] tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?" (Jo 12.3-5 - ARIB). Daí, percebeu-se, com evidência que Judas tinha uma conduta torpe, duvidosa. Vejamos: 

"Ele não falou isso por se interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado" (Jo 12.6 - NVI).


Notadamente percebe-se que a preocupação era não especificamente com os pobres, mas com o desperdício. Assim, aqui é revelado que ele possuía conduta corrupta, avarenta. Agindo, portanto, como ladrão: "[...] costumava tirar o que nela era colocado".



Como se observa, desde o início uma conduta duvidosa, personalidade distorcida, condução corrupta, Judas consegue concluir sua maldade entregando finalmente Jesus. Ele, portanto:



2.4 - REALIZA SEU INTENTO MALIGNO -  Mt 26.48,49



Todo o mau estava planejado, articulado. Havia inclusive um sinal específico para que os soldados e algozes percebessem após a execução quem era Jesus. Na ocasião da busca, o Mestre, juntamente com seus discípulos estavam no Getsêmani para as últimas orações e consequentes instruções aos seus discípulos, antes de sua iminente prisão.



Vejamos: 



"E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-oE logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam" (Mt 26.47-50 - ARCF - nosso grifo).


Judas teve por avareza, ganância, amor incondicional ao dinheiro a audácia, a inconsequência de entregar a Jesus que tanto bem fizera e que o mesmo as testificou de perto. Realizou seu intento maligno, porém obteve um final amargo de que é de conhecimento de todos: "Quando Judas, que o havia traído, viu que Jesus fora condenado, foi tomado de remorso e devolveu aos chefes dos sacerdotes e aos líderes religiosos as trinta moedas de prata. E disse: "Pequei, pois traí sangue inocente". E eles retrucaram: "Que nos importa? A responsabilidade é sua". Então Judas jogou o dinheiro dentro do templo, saindo, foi e enforcou-se" (Mt 27.3-5 - NVI). Judas, com seu pecado, atraiu para si próprio a condenação eterna.


Outro relevante ponto e conclusivo para a condenação e consequente morte de Jesus foi a covardia do que detinha o poder de libertar Jesus se assim o desejasse.

Neste ponto, encontraremos: 


3 - A COVARDIA DE PILATOS - 

Pilatos era uma autoridade. Na verdade, Pilatos era Governador romano da Judéia. Exerceu seu governo entre 26-36 d.C., o significado de seu nome, advindo do latin era: armado com um dardo. Pilatos governou durante o reinado de Tibério César (Cf. Mt 27.2 / Lc 3.1), era subordinado de César e fazia-lhe tudo o que agradara. Teve importante papel na condenação e principalmente na morte de Jesus, por que deixou de fazer uso de usa responsabilidade de maneira apartidária. Por alguns momentos de indagações direcionadas a Jesus (a sós) e pela pressão outorgada pelos representantes da nação e agora também da multidão, temeu. Por pouco não permitia que Jesus fosse entregue para crucificação, por entender não haver indícios suficientes para a crucificação. Bastava-lhe apenas açoites e já estaria de bom tamanho (pensava). No entanto, ao perceber a multidão juntamente com os representantes espirituais se voltarem a clamar veementemente pela crucificação de Jesus, e por medo de um agravio em seu governo (caso viesse a se desencadear a notícia de alvoroço e então chegasse até ao conhecimento de César), acabou por ceder as pressões e entregou-o a multidão para ser crucificado:

"Depois levaram Jesus da casa de Caifás para a audiência. E era pela manhã cedo. E não entraram na audiência, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa. Então Pilatos saiu fora e disse-lhes: Que acusação trazeis contra este homem? Responderam, e disseram-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos. Disse-lhes, pois, Pilatos: Levai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe então os judeus: A nós não nos é lícito matar pessoa alguma. (Para que se cumprisse a palavra que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer). Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Rei dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-to outros de mim? Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui. Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum. Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos Judeus? Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era um salteador" (Jo 18.28-40 - ARCF - nossos grifos).

Sequencialmente:


"Pilatos, pois, tomou então a Jesus, e o açoitou. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça, e lhe vestiram roupa de púrpura.


E diziam: Salve, Rei dos Judeus. E davam-lhe bofetadas. Então Pilatos saiu outra vez fora, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homemVendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e os servos, clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele. Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou. E entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta. Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem. Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César. Ouvindo, pois, Pilatos este dito, levou Jesus para fora, e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, e em hebraico Gabatá. E era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso ReiMas eles bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão César. Então, consequentemente entregou-lho, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus, e o levaram" (Jo 19.1-16 - ARCF - nosso grifo).

Dois outros fatores que pesaram negativamente em sua decisão foram:

3.1 - RECEBER AVISO DE SUA MULHER - Mt 27.19

Pilatos contribui decisivamente para a crucificação de Jesus mesmo sendo avisado por sua esposa sobre o testemunho dado-lhe em revelação que se tratava de um homem justo:


"E, estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: Não entres na questão desse justo, porque num sonho muito sofri por causa dele" (Mt. 27.19 - ARCF).



3.2 - OMITIR SUA AUTORIDADE - Mt 27.23,24



Nisto, consequentemente, por medo de retaliações em seu mandato e que as notícias de alvoroço chegassem até a Tibério César, acabou por omitir sua autoridade, dando ouvido e permitindo a conclusão do pedido da turba:



"Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado. Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco" (Mt. 27.23,24 - ARCF).



Mesmo pesando sobre si assassinatos (Cf. Lc 13.1), por certo este pesaria com maior intensidade. Pilatos, mesmo com atitude de lavar as mãos diante da multidão e afirmar ser inocente do sangue de Jesus, foi o principal desencadeador de sua morte.

Por último, na expectativa dos responsáveis pela morte de Jesus, encontra-se:

4 - O PECADO DE TODA A HUMANIDADE - 

Como explicitado no início desta reflexão é sabido que Jesus haveria de morrer. Esta verdade, portanto, é conhecida na revelação dada a João (Cf. Ap 13.8b) e noutros contextos, sobretudo nas profecias concernentes a vinda do Messias para trazer novamente o acesso do homem livremente à Deus, outrora perdido com a entrada do pecado cometido por àquele que possuía a representatividade perpétua para o restante da humanidade (Cf. Gn 3.15). Assim, como propósito inadiável, porém, na "plenitude dos tempos" (Cf. Gl 4.4), Jesus vem ao mundo para estabelecer por morte esta proeza. Mas, entendemos que para cumprimento inevitável desta morte, houveram estágios, nos quais (dentre outros) registramos os que foram citados acima. Agora, por fim, poderíamos afirmar que nós (toda humanidade) somos os maiores responsáveis pela morte de nosso Mestre.


A morte de Jesus foi:


4.1 - VATICINADA POR ISAÍAS - Is 53.1-6


No texto em apreço, escrito cerca de 700 anos antes da vinda de Cristo a este mundo, parece que o autor estava ao pé da cruz no momento da crucificação. O relato, vaticinado por Isaías e sem dúvidas, revelado pelo Espírito Santo, mostra com detalhe o propósito pelo qual Jesus se dispôs a vim ao mundo e ressalta expressamente nossa culpabilidade, claramente percebidas principalmente nos versículos 4 e 5 da narrativa, senão vejamos:



"Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?
Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos. Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós" (Is 53.1-6 - ARIB - nosso grifo).



Negar que unicamente por nós e para nós foi trazido Jesus ao mundo para morrer e morte de cruz, seria blasfemar contra o propósito de restauração calculado pelo conselho divino na eternidade. No entanto, "o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós" (v. 6). Somos, os maiores responsáveis pela morte de Jesus.


4.2 - NÓS O CONDUZIMOS AO LOCAL DE PRENSA DE ÓLEO - Mt 26.36-46 


Por nós, foi preciso que Jesus fosse conduzido ao Getsêmani, do gr..lagar de azeite. Local para onde Jesus costumava se retirar (Cf. Lc 22.39 / Jo 18.2). Era, portanto, um jardim situado à nascente de Jerusalém, logo após a travessia do Cedrom, aos pés do Monte das Oliveiras. Foi ali, no Getsêmani onde ocorrera a cena de sua agonia (Cf. Mt 26.36ss).



"Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.


Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo?
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados. E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Então chegou junto dos seus discípulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai" (Mt 26.36-46 - ARCF - nosso grifo).



Jesus suplica ao Pai por três vezes veementemente quanto ao cálice que deveria passar. Estas palavras são registradas também em Marcos e Lucas, João, porém, trata de maneira geral (Cf. Mc 14.32-42 / Lc 22.39-46 / Jo 18.1-11). Lucas, como médico que era, registra magistralmente o tamanho da agonia sofrida pelo Senhor "[...] E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o suor tornou-se em grandes gotas de sangue que corriam até o chão" (v.44 - ARC - nosso grifo). Aqui, obviamente não se trata do momento em que se aproximava, em que o mesmo deveria morrer. Para tanto, este foi o propósito para que veio. Mesmo sendo palco de inúmeras discussões é de comum acordo entre a maioria dos estudiosos que tratava absolutamente do momento de separação que seria inevitável nos momentos finais pré-morte, propriamente dita. Desta forma, conclui-se que por nós, Jesus passa por tamanha agonia e sofrimento e por instantes encontra resistência e ligeiro abandono por parte do Pai, uma vez que carregava todo o pecado da humanidade:



Diz-nos a narrativa:



"E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27.46 - ARCF - nosso grifo).



Este momentâneo abandono deu-se como colocado acima. Tratava-se exclusivamente da carga depositada em Jesus no momento da crucificação. Ele carregava em si todas as enfermidades; todas as intempéries desta vida; toda a carga de pecado, de todos os homens, de todas as épocas, passadas e vindouras. E, sendo Deus Santo, não comunga com pecado e era, portanto, necessário que assim o fizesse. E assim o fez.



Então, em conclusão, fica claro que o propósito de sua vinda era inevitável. Mas, é importante salientar que esta proposta para ser cumprida haveria de ter alguns personagens que corroborariam nos moldes que fora previsto, para que se cumprisse de maneira cabal e absoluta. Fato é que Jesus morreu por toda a humanidade, para que tivéssemos novamente acesso ao Pai como no início, dentro dos parâmetros originais na presciência de Deus em relação ao homem.







BIBLIOGRAFIA - 



BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Edição revisada e atualizada. 2ª impressão, 2006. Editora Vida - SP.



HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley: Nova Versão Internacional (NVI) / (Tradução: Chown, Gordon), 2001. Editora Vida - SP.



McDONALD, William. Comentário Bíblico Popular. Editado com introduções de ArtFarstad, 2008. Editora Mundo Cristão - SP.



Bíblias nas versões: 

(www.bibliaonline.com.br)


Almeida Corrigida e Revisada Fiel - ACRF

Almeida Revisada Imprensa Bíblica - ARIB
Almeida Revista e Corrigida - ARC
Nova Versão Internacional - NVI  



















                      
 








sábado, 5 de março de 2016

JESUS, O ETERNO DESCENDENTE DE DAVI - Por André Rodrigues



Depois de tecermos comentários sobre os ofícios de Jesus como Profeta e Perfeito Sumo Sacerdote, falaremos, agora, sobre Seu ofício de Rei, o terceiro do tríplice ofício. Partiremos do pressuposto de sua atuação como Rei nos Evangelhos sinópticos, na implantação deste reino no início do Seu ministério, como também dos aspectos característicos dessa atuação durante Seu estado de humilhação, após a ascensão e, por último, no futuro reinado do Milênio. 
Como foi possível observar, havia diversas promessas que diziam respeito a um Rei, descendente da casa de Davi, que reinaria eternamente. Severa (1999, p. 241) cita que “os profetas do Antigo Testamento falaram de um rei que viria da casa de Davi, para governar Israel e as nações, com justiça, paz e prosperidade (Is 11.1-9)”. Este Rei é Jesus. Uma dessas muitas promessas é relatada pelo profeta Isaías: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que aumente o seu governo, e venha paz sem fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto (9.6,7, ARA, grifos meu).
Havia, no Novo Testamento, uma expectativa do advento desse Reino. Os judeus conheciam bem as profecias e esperavam ansiosos por um reino terreno político, com a esperança de poderem viver em constante gozo num perfeito reino prometido por Deus, em contraste com a forma que viviam naqueles dias,  subjugados pelos romanos e desgastados por reinos imperiais de outrora. Geisler corrobora, dizendo: O Novo Testamento contém esta mesma expectativa messiânica do Antigo Testamento de um reino terreno político literal que cumpra todas as profecias a seu respeito. Por exemplo, José de Arimatéia estava esperando o auge deste reino (Mc 15.43; Lc 23.51), e Jesus disse que João Batista morreu antes de se tornar parte dele (7.28; cf. 16.16) (2010, vol. 4, p. 880). 
Mesmo com a expectativa da chegada do referido Reino, os judeus, em sua maioria, nos dias de Jesus, não deram crédito as Suas palavras. Ainda hoje esperam o advento do Messias. Não conseguiram perceber que Seu Rei estava diante deles. É-nos dito, entretanto, que logo no início de seu ministério, após a prisão de seu precursor, João Batista, “Jesus seguiu para a região da Galiléia e ali anunciava a boa notícia que vem de Deus. Ele dizia: - Chegou a hora, e o Reino de Deus está perto” (Mc 1.14,15, NTLH). Assim, de acordo com Letham (2007, p. 56), Marcos assinala, na verdade, “a primeira proclamação de seu ministério”. Dessa forma, esse registro retrata a inauguração desse Reino:   [...] o reino de Deus era um tema muito importante para Jesus. Esse foi o coração da instrução pós-ressurreição que ele deu aos seus discípulos (At 1.3). Não que isso fosse algo extraordinariamente novo. Além do mais, quando Jesus começou seu ministério, ele o fez com a simples declaração da proximidade do reino de Deus. Tal mensagem pressupôs um entendimento do reino de Deus e de sua natureza. A coisa mais surpreendente sobre isso foi que o reino estava próximo e isso exigia arrependimento imediato de Israel. Esse tema estava presente, em certo sentido, no entendimento de Israel à época de Jesus. O contexto desse entendimento, muito provavelmente encontrava-se no próprio Antigo Testamento. Lembremo-nos da visão de Daniel sobre a sucessiva derrota de reinos humanos causado por uma pedra cortada sem o auxílio de mãos e que por sua vez tornou-se um reino que permanece para sempre (Dn 2. 31-45). Outra visão de Daniel é sobre o domínio eterno dado ao Filho do Homem (Dn 7.9-14). Ambas as visões referiam-se a circunstâncias futuras em relação aos dias de Daniel. Novamente uma expectativa vibrante desenvolveu-se no Antigo Testamento de que o próprio Yahweh viria para libertar o seu povo. Jesus estava, de fato, dizendo a Israel que esse tempo havia chegado (LETHAM, 2007, p. 56). Após o estabelecimento inicial de seu ministério, Jesus faz a convocação de doze homens, os quais iriam compor o colégio apostólico, cobre-lhes de instruções diversas, mostrando a natureza desse Reino, atrai para Si inúmeros outros discípulos, prega, cura, realiza milagres, alimenta multidões, quebra grilhões de endemoniados etc. Esses exemplos são encontrados em escala abundante nos quatro Evangelhos. Contudo, seu ministério não é  duradouro. Chega o tempo de Sua partida, afinal foi para isto que veio: morrer pela humanidade! Dessa forma: [...] Na presença de Pilatos, testificou que nasceu para ser rei; explicou que seu reino não era deste mundo, isto é, não seria um reino fundado por força humana, nem seria governado de acordo com os ideais humanos (Jo 18.36). Jesus, antes de sua morte, predisse sua vinda com poder e majestade para julgar as nações (Mt 25.31) (PEARLMAN, 2006, p. 172, 173).
De maneira teológica e sistemática, Mueller destaca características do ofício régio de Jesus nas proximidades de sua morte vicária, corroborando a última citação de Pearlman: Também em seu estado de humilhação, Cristo foi verdadeiro rei, que possuía e exercia o poder divino, não apenas segundo a sua natureza divina (de modo essencial), mas também segundo a sua natureza humana (por comunicação), [...] a Escritura atribui governo a Cristo encarnado (Is 9.6); realeza (Jo 18.37); poder divino (Mt 28.18), etc. [...] Todavia, nosso Salvador não exerceu o emprego perfeito e constante do domínio divino comunicado à natureza humana até a sua exaltação à direita de Deus. (Ef 1.20-23; 4.10; Fp 2.9-11) (2004, p. 306, grifo nosso). Com efeito, depois de Sua morte e ressurreição, recebeu do Pai a soberana exaltação e coroação de honra e glória, a restauração daquela glorificação que tinha antes da existência do mundo (Jo 17.5); foi feito Senhor e Cristo (At 2.36), Príncipe e Salvador (At 5.31), Juíz dos vivos e dos mortos (At 10.42); assentou-se à direita de Deus nos céus (Ef 1.10), tudo lhe foi entregue em suas mãos (Jo 3.35) e, por último, tornou-se o detentor de todo o poder no céu e na terra (Mt 28.18), (BERGSTÉN, 1999, p. 63). Segundo Hodge (2001, p. 931), “Cristo possui o que os teólogos costumam chamar de seu reino de poder. Como Teantropo e Mediador, foi entregue em sua mão todo o poder [...]”. Outro ponto a considerar é acentuado por Berkhof  (2004, p. 375) quando diz que, “na qualidade de Segunda Pessoa da Trindade Santa, o Filho eterno, Cristo naturalmente compartilha o domínio de Deus sobre todas as Suas criaturas [...] (Sl 103.19)”. Assim, Cristo, cheio de poder e considerado como o “REI DOS REIS e SENHOR DOS SENHORES” (Ap 19.16), está preparado para implantar, literalmente, o Seu Reino. “Porém, a plenitude desse ministério Jesus mostrará quando voltar ao mundo como Rei, para restaurar tudo que os profetas têm predito (cf. At 3.21)”. De acordo com Grudem (1999, p. 527), será de fato percebida essa autoridade sobre a Igreja e também sobre todo o universo “quando Jesus voltar à terra com poder e grande glória para reinar (Mt 26.64; 2Ts 1.7-10; Ap 19.11-16)”. Na oportunidade, “todo joelho se dobrará diante dele (Fp 2.10)”. Posteriormente, virá a implantação do perfeito reino Milenial: “Quando Cristo retornar, ele punirá o diabo e seus emissários e aprisionará Satanás (Ap 19.17-21; 20.1-6), e então reinará no Monte Sião (Jerusalém)”, (GEISLER, 2010, vol. 4, p. 949, grifo nosso). Andrade reúne informações de como será o Milênio e o perfeito reinado de Cristo: O Milênio terá início após a Grande Tribulação, entende-se claramente que será na terra, de acordo com as profecias, Jerusalém será a capital do Reino (Is 2.2,3; 60.1-3; 66.20; Mq 4.8-13). Cristo reinará, na Jerusalém terrena, haverá dois tipos distintos de residentes: os salvos, ou seja, a Igreja glorificada e os povos naturais. Os salvos transformados não estarão restritos unicamente a Jerusalém terrestre, uma vez que, o seu estado é de corpo glorificado. Os judeus salvos, os gentios absorvidos no julgamento das Nações, todos os sobreviventes da Grande Tribulação, além do povo nascido durante os mil anos, também estarão no milênio. Nestes, mil anos, o mundo realmente saberá o que significa a expressão “Paraíso na Terra”. Será mantido o livre-arbítrio, ou seja, as nações que participarem do milênio terão o direito de escolher se querem adorar ao Senhor ou não, com isso, haverá rebeldes, e assim significa dizer que o pecado não será totalmente aniquilado neste período. Com este direito de escolha, conclui-se que haverá naqueles dias, salvação em massa (Is 33.6; 62.1; Zc 8.13) (2009, pp. 539-543).
Concluímos, portanto, que Cristo, no Milênio, implantará definitivamente Seu Reino, agora só percebido parcialmente. Naqueles dias, será possível serem observados critérios de governo e liderança diferentes dos atuais, porque Cristo, sendo perfeito, reinará perfeitamente. Então se cumprirá, de uma vez por todas, essa gloriosa atuação do Eterno Descendente de Davi.
Depois das considerações acima quanto à manifestação dos Ofícios em Jesus, trataremos da consolidação dessa doutrina, com o objetivo de mostrar que não se trata de algo do passado, apenas presente nos dois Testamentos, mas que se reflete também na história e nos dias atuais.

RODRIGUES, André. O Tríplice Ofício de Cristo: Profeta, Sacerdote e Rei. 2011, Editora Nossa Livraria - PE