sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A VIDA DE JESUS CRISTO

VISÃO GERAL

Jesus Cristo é o Messias, Salvador e fundador da igreja cristã. Para os cristãos, Ele é o Senhor de suas vidas. Embora tenha vivido na terra somente 33 anos, tem exercido grande impacto nas pessoas – mesmo naqueles que não crêem que Ele é o Filho de Deus.
Jesus Cristo é descrito em detalhe na Bíblia – sua vida, obra e ensinamentos – nos Evangelhos, cada um focando diferentes ângulos. Mateus o apresenta como o esperado Rei do povo judeu. Marcos o mostra como servo de todos. Lucas tende a destacar seu caráter compassivo e bondoso para com os pobres. João descreve um relacionamento amoroso com Jesus. No entanto todos concordam que Jesus é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis.

A VIDA DE JESUS

A história contada nos Evangelhos abrange estágios que vão da encarnação de Cristo, ou sua entrada no mundo, até sua morte na cruz. A apresentação total da vida de Cristo está centrada na cruz e na sua ressurreição triunfal.

A PRÉ-EXISTÊNCIA DE JESUS

João começa o seu Evangelho com uma referência à Palavra (João 1:1), e com isso dá uma visão gloriosa de Jesus, que existia mesmo antes da criação do mundo (1:2). Jesus tomou parte no ato da criação (1:3). Entretanto, o nascimento de Jesus foi ao mesmo tempo um ato de humilhação e de iluminação. A luz brilhou, mas o mundo preferiu permanecer nas trevas (1:4-5, 10).

O NASCIMENTO VIRGINAL DE JESUS

Mateus e Lucas contam que Jesus Cristo foi concebido pelo Espírito Santo e nascido de Maria, que era virgem. Para ser Deus e homem, Jesus não poderia ter sido concebido naturalmente. Profetizado por Isaías e Acaz (Isaías 7:10-14), seu nascimento miraculoso não foi um fato sem importância – é o cerne da história de Jesus. O nascimento virginal é prova da Encarnação de Jesus e de que Cristo era realmente Deus.Jesus passou sua infância em Nazaré e aos 12 anos foi achado no templo conversando com os doutores da lei.

A PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA

João Batista andava pelo deserto conclamando o povo para o arrependimento e o batismo (Mateus 3:1-6). Falava da aproximação do reino (Mateus 3:2). Com esse mesmo tema Jesus iniciou seu ministério (4:17), o que mostra que a obra de João Batista integrava a preparação do ministério público de Jesus. O mesmo se pode dizer sobre o rito do batismo, embora João reconhecesse que Jesus batizaria com o Espírito Santo e com fogo (3:11). João foi protagonista do primeiro ato público de Jesus – seu desejo de ser batizado (3:13-15; Lucas 3:21).

O BATISMO DE JESUS

Jesus veio ao mundo com uma missão e embora não fosse pecador, decidiu se submeter ao batismo para mostrar que estava preparado para levar a carga de pecados da humanidade. O batismo é um símbolo da morte do homem, sepultamento de seus pecados e ressurreição de uma nova criatura em Cristo. É uma visão externa da mudança interna de uma pessoa. A parte mais importante do batismo de Jesus foi a voz que desceu do céu, declarando prazer no Filho amado (Mateus 3:17). Esse pronunciamento de Deus foi o verdadeiro início do ministério de Jesus; o Pai lhe dava total aprovação para sua obra. Outro fato importante foi a manifestação do Espírito Santo sob a forma simbólica de uma pomba (3:16).

A TENTAÇÃO DE JESUS

O batismo de Jesus mostrou a natureza de sua missão. A tentação mostrou a natureza do ambiente em que exerceria seu ministério (Mateus 4:1; Lucas 4:1-2). A confrontação com forças espirituais adversas ocorreram em várias situações e a todas Jesus rebateu com as Escrituras.

O MINISTÉRIO DE JESUS

Desenvolvido num período curto de 3 anos, o ministério de Jesus foi intenso, marcado por uma convivência rica com os discípulos que escolheu (Mateus 4:18-22; Marcos 1:16-20; Lucas 5:1-11) e que compartilharam de momentos muito especiais em que foram testemunhas de seus milagres (João 2:1-10), curas (Mateus 8:1-9:34), sermões (Mateus 5:1-7:29), encontros inusitados com pecadores (João 2:13-16; John 4:1-42; João 3) e líderes religiosos (Mateus 21:23-22:45), encontros e visitas a amigos (João 11; Mateus 26:6), de sua perseguição (Mateus 12:1-14; Lucas 13:10-17; João 5:9-18), sofrimento (Mateus 27: 27-44) e morte (Mateus 27: 45-50).

OS DIAS FINAIS EM JERUSALÉM

Incomodados com a crescente popularidade de Jesus, os líderes religiosos procuravam achá-lo em falta. Jesus começou a preparar seus discípulos, instruindo-os sobre eventos futuros, especialmente o fim do mundo. Reafirmou-lhes a certeza de sua volta e mencionou vários sinais que a precederiam (Mateus 24-25; Marcos 13; Lucas 21). Desafiou-os a estarem vigilantes (Mateus 25:13) e diligentes (25:14-30). Com isso preparava o caminho para os eventos da prisão, julgamento, sofrimento e crucificação que se seguiram.
Na noite anterior à sua prisão, porém, tomou com eles a Ceia do Senhor e lhes explicou o significado da sua morte (Mateus 26:26-30; Marcos 14:22-25; Lucas 22:19-20; 1 Coríntios 11:23-26). Através do pão e do vinho, que simbolizavam seu corpo partido e seu sangue derramado pelos pecadores, instituiu um memorial que selava uma nova aliança.

TRAIÇÃO E PRISÃO

Naquela mesa estava também o traidor, Judas, que o entregaria aos soldados e autoridades (Mateus 26:21-25; Marcos 14:18-21; Lucas 22:21-23; João 13:21-30).
Depois de cear, Jesus se retirou para o Jardim do Getsêmane (Mateus 26:36-46; Marcos 14:32-42; Lucas 22:40-46) onde orou intensamente e em agonia, mas ao mesmo tempo submetendo-se à vontade do Pai. Por isso, não ofereceu resistência quando o prenderam.

JULGAMENTO E CRUCIFICAÇÃO

Levado à presença das autoridades, Jesus foi interrogado (Mateus 27:1-2; Marcos 15:1; Lucas 23:1; João 18:28; Lucas 23:7-12) e julgado inocente por Pilatos. Mas seus inimigos escarneciam dele e incitavam a multidão pedindo sua morte. Pilatos entregou-o para ser crucificado. Foi pregado numa cruz, sofreu zombarias, açoites e humilhações, mas ainda assim expressou compaixão pelo criminoso arrependido crucificado ao seu lado (Lucas 23:39-43). Também comoveu-se por sua mãe (João 19:25-27), orou ao Pai pelo perdão daqueles que o crucificaram (Lucas 23:34) e com um grande grito, expirou (Marcos 15:37). Naquele momento houve escuridão e um terremoto, como se a natureza reconhecesse o significado daquele evento. O véu do templo de Jerusalém se partiu ao meio, não mais servindo como barreira ao lugar Santo dos Santos. A morte de Jesus abriu o caminho para todas pessoas chegarem livremente à presença de Deus e adorá-lo. Ele pagou por nossos pecados e nos trouxe de volta para o Pai.

SEPULTAMENTO, RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO

O corpo de Jesus foi colocado numa tumba emprestada (Mateus 27:57-60; João 19:39) que, depois de 3 dias foi encontrada vazia (João 20:2-10). Cumprira-se a Escritura: Jesus ressuscitara. Seu aparecimento aos discípulos causou dúvida (João 20:24-29) e espanto.
Jesus ressuscitou glorificado em forma humana, porém não foi reconhecido de imediato. (João 20:15-16). Seus aparecimentos foram ocasiões de alegria e ensinamentos (Lucas 24:44 e Atos 1:3). A ressurreição transformou a tragédia em vitória. Sua ascensão aos céus aconteceu 40 dias depois da ressurreição. Jesus foi juntar-se ao Pai em glória (Lucas 24:51; João 20:17; Atos 1:9-11).

Fonte Ilúmina.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ANÁLISE HISTÓRICA DO 4º EVANGELHO CANÔNICO - Por André Rodrigues

INTRODUÇÃO

O evangelho que ocupa o último lugar entre os canônicos, é sem dúvida o mais sublime. Abrange em seu conteúdo abordagens devocionais e teológicas profundas. Tinha como prioridade advogar Jesus com verdadeiro Deus em função das muitas heresias surgidas naqueles dias e consegue ainda complementar os outros evangelhos fazendo abordagens diferenciadas acerca da identidade do Mestre.
Broadus David Hale em Introdução ao Estudo do Novo Testamento diz:“Nenhum outro livro levou tantas pessoas a Cristo e inspirou tantos a segui-lo e servi-lo”. Assim, dentro de nossas limitações, tentaremos expor com mais profundidade informações exegéticas em volta deste evangelho.


INFORMAÇÕES GERAIS

AUTOR –

A maioria dos estudiosos apontam o Apóstolo João como sendo o escritor do evangelho que leva seu nome, entretanto, há alguns que discordam e alegam outros personagens. Apresentaremos a seguir algumas citações a este respeito: David Hale, diz que a escola européia rejeita a idéia de que o filho de Zebedeu foi o autor, como afirma a tradição. Alguns supõem que o apóstolo encontra-se nos bastidores, mas não é o autor direto. . Outros diriam que certo João, o ancião, que viveu em Éfeso no final do primeiro século, escreveu esse livro. Outros nomes foram sugeridos, entre os quais estão João Marcos, Lázaro e até mesmo um João desconhecido, que foi um dos discípulos de Jesus que vivia em Jerusalém e era conhecido do sumo sacerdote. Já Os estudiosos conservadores, da Europa e das Américas, mantêm que há evidência suficiente para dizer-se, com alguma certeza, que João, o filho de Zebedeu, foi o autor. Alguns concederiam que João tenha usado um amanuense para a composição real, mas que João está por trás da obra, assim como outros o fizeram, por exemplo, Tércio foi o escriba de Paulo para Rm. 16.22 e Silvano para Pedro, I Pe 5.12.
A Bíblia de Estudo NTLH, declara que uma tradição muito antiga afirma que o discípulo a quem Jesus amava é o mesmo que viu o soldado romano furar o lado de Jesus com a sua lança. E na nota final do livro diz-se que ele é o discípulo que escreveu as coisas que viu Jo.21.24. E desde o segundo século este discípulo tem sido identificado como João, filho de Zebedeu. Finis Jennings Dake, em sua Bíblia afirma que o autor foi João, o discípulo amado, que era um apóstolo e meio irmão de Tiago. O Manual Bíblico SBB, diz que na igreja primitiva acreditava-se que o apóstolo João, já idoso, escreveu ou ditou o evangelho em Éfeso. F. Davidson diz que é geralmente aceito que o autor do evangelho foi um judeu que viveu na Palestina, entretanto, muitos comentaristas não o identificam com João, o apóstolo. Porém, há convincentes provas de que ele é o autor deste evangelho. Admite-se que o evangelho tenha sido escrito por uma testemunha ocular. O discípulo a quem Jesus amava e que estava presente a última ceia e, finalmente, a crucificação e ao túmulo vazio, é o mesmo “que dá testemunho destas coisas” Jo 21.24. Estes fatos a respeito desta testemunha defendem a autoria de João, o apóstolo. David Alan Black declara que não há sérias razões para rejeitar a autoria deste evangelho delegado a João, o filho de Zebedeu, o apóstolo e o discípulo amado, como também afirma a tradição. Donald Stamps na BEP nos informa que o autor identifica-se indiretamente como o discípulo “a quem Jesus amava”. O testemunho dos primórdios do cristianismo, bem como a evidência interna deste evangelho, evidenciam João, o filho de Zebedeu, como o autor. João foi um dos doze apóstolos originais de Cristo, e também um dos três mais chegados a Ele. Segundo testemunhos muito antigos, os presbíteros da igreja da Ásia Menor pediram ao venerável ancião e apóstolo João, residente em Éfeso, que escrevesse este “Evangelho Espiritual” para contestar e refutar uma perigosa heresia concernente à natureza, pessoa e deidade de Jesus, propagada por um certo judeu de nome Cerinto.
Além destes estudiosos modernos temos ainda algumas citações de notáveis Pais da Igreja, como por exemplo: Dionísio de Alexandria, em uma ocasião buscou um autor distinto para o livro de Apocalipse, por causa da influência dos quiliastas no Egito, mas ele nunca questionou se João era ou não o autor do quarto evangelho, algo impensável para ele. Orígenes também dá testemunho alegando que João foi o último evangelista a compor um evangelho, conforme a tradição da igreja. Clemente de Alexandria, o mestre de Orígenes deixa claro que a “tradição dos primeiros Pais da Igreja” considerava o apóstolo João, o último dos evangelistas, “cheio do Espírito Santo, que escrevera um evangelho espiritual”. Irineu de Lião ligado a era apostólica por intermédio de seu mestre, Policarpo, discípulo do apóstolo João, em seus escritos tinha o prazer de fazer citações de versículos do quarto evangelho, fez isso pelo menos cem vezes e sempre acompanhado da afirmação “Como João, o discípulo do Senhor, diz”. Irineu, comentando a composição do quarto evangelho declara enfaticamente que João era o autor, ele diz: “Posteriormente, João, o discípulo do Senhor, que deitou sua cabeça sobre o peito dele, também escreveu um evangelho quando residia em Éfeso na Ásia”. E ainda na igreja de Roma havia a mesma opinião quanto a autoria do evangelho.

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DATA

Como é comum o desacordo da cronologia bíblica, aqui também não é diferente. Existem diversas especulações quanto a data de sua composição, tornando assim difícil a fixação de modo preciso de quando o evangelho foi escrito. Um ponto a observar é que a maioria dos estudiosos concordam que o evangelho foi escrito depois dos sinópticos. Shedd relata que “os eruditos conservadores situam-no depois da escrita dos outros evangelhos, ou seja, algum tempo entre 69 d.C. (antes da queda de Jerusalém) e 90 d.C.” (Bíblia Shedd, pg. 1482). As opiniões de outros variam apenas se foi antes ou depois da queda, entretanto, concordam que não seja provável que houvesse sido escrito depois do ano 90 d.C. Frank Charles Thompson concorda que a data é incerta mas coloca uma probabilidade para a última parte do primeiro século. O comentarista Mathew Henry faz uma breve declaração dizendo: “A história narra que depois da morte da mãe de Cristo, João viveu principalmente em Éfeso, onde se crê que escreveu seu evangelho e as epístolas, por volta do 97 d.C., e morreu pouco depois”.(Comentário Bíblico Novo Testamento, Mathew Henry, pg. 96). O renomado pesquisador David Alan Black, afirma que o evangelho foi composto na última década do século I, e diferente das opiniões acima, diz que a composição do evangelho se deu mais precisamente em 96 ou um dos anos subsequentes, David lança pelo menos três pontos para assegurar este pressuposto. Primeiro, o quarto evangelho foi composto depois dos sinópticos, como já dissemos, opinião unânime. Segundo, foi escrito após a morte de Pedro, pois o último capítulo faz conjecturas sobre a morte deste apóstolo e em terceiro lugar, ele foi escrito após a destruição do templo, pois o evangelista parece indicar que o fim para a cidade e para o povo como nação já ocorrera.
É interessante uma nota existente na Pequena Enciclopédia de Orlando Boyer que diz: “Descobriu-se na biblioteca John Ryland em Manchester, entre papiros adquiridos em 1920 no Egito pelo falecido professor Bernard Greenfall, uma folha contendo, de um lado, os versículos 31-33, do capítulo XVIII do Evangelho Segundo São João, e no verso, os versículos 37-38. Este fragmento de códex proviria de Oxyrhynchus (Benhesa), no Alto Egito.
A importância do achado está em que o fragmento data da primeira metade do segundo século, portanto anterior a tudo quanto se havia identificado até aqui, e demonstra que o Evangelho Segundo São João se achava em circulação nesta data, o que destrói a opinião de que ele era muito posterior aos Sinóticos”. (Transcrito da revista A Bíblia no Brasil; edição junho-dezembro de 1964 - PEOB, pg.374).
Esta mesma citação, em outras palavras é claro, é descrita pela Bíblia de Jerusalém nos informando que o testemunho mais antigo para a datação da escrita do quarto evangelho é um fragmento de papiro (Rylands 457), escrito por vlta de 125, que apresenta Jo 18.31-34.37-38 sob a forma que hoje conhecemos. Ainda outro papiro conhecido como Egerton 2, que lhe é muito pouco posterior, cita várias passagens do evangelho. Os dois citados documentos foram encontrados no Egito, dando a entender que sua publicação teria sido ou em Éfeso ou em Alexandria, nos últimos anos do primeiro século. As autoridades judaicas no Concílio de Jâmnia diz que sua forma quase definida, no tocante a composição, não teria sido antes dos anos 80.

LOCAL -

Cidades como Alexandria e Antioquia da Síria foram postas como sendo o local da composição do evangelho. Na primeira, por ocasião dos papiros descobertos no Egito e a semelhança de algumas literaturas daquele lugar. Na segunda, também por semelhança na escrita, agora, do chamado Odes de Salomão, descrito por alguns estudiosos como tendo paralelos, ou seja, como tendo semelhança com aquela literatura. Entretanto, é opinião unânime entre os pais da igreja que Éfeso, a cidade mais importante da província romana da Ásia, seja o local onde João escreveu o evangelho. Ademais é precisa a afirmação de Irineu, discípulo de Policarpo, seguidor de João, que diz “João, o discípulo do Senhor, que deitou sua cabeça sobre o peito Dele, também escreveu um evangelho quando residia em Éfeso na Ásia”.

PANORAMA HISTÓRICO –

Não é tarefa fácil extrair com propriedade informações sobre a escrita deste evangelho, no tocante, a tudo que relaciona-se com a história. Esta dificuldade gira em torno de, descobrir primeiramente a intenção e a inclinação de João, quanto a escrita. David Hale diz a cerca deste assunto que: “Muita atenção foi dada a esta área de estudo, e uma das razões por que diversos estudiosos entendem o quarto Evangelho diferentemente é porque ele tem idéias diferentes acerca de seu fundo histórico. É nesta área de estudo bíblico que as mais recentes batalhas se travaram acerca deste Evangelho. A pergunta fundamental parece ser se o autor escreveu de, e para, um ambiente basicamente judaico ou helênico. Alguns tentaram indicar que ambas as situações de estão evidentes neste Evangelho, indicando que o autor era um cidadão de dois mundos e escreveu a partir dessa perspectiva”.(Introdução ao estudo do N.T., pg. 115)
Passaremos a expor algumas informações de acordo com nossa pesquisa.
Descobrimos que a influência “maior” de sua escrita, fora judaica. Entretanto, é bom salientar que João não cobre seu escrito de referência escriturísticas veterotestamentária, e apenas faz uso de catorze delas em lugares bastante oportuno. Porém, João menciona diversas festas e títulos messiânicos conhecidos da comunidade judaica, mostrando claramente sua influência. É importante a divisão feita por alguns estudiosos dos tipos ou ramificações do Judaísmo na época da escrita deste evangelho, alguns atribuem que havia uma variedade de divisões, mas a mais conhecida era: o Judaísmo Rabínico, o Sectário e o Helenístico. Acredita-se que há uma certa ligação entre o evangelho e a literatura do Judaísmo Rabínico.
É interessante observar que, em João, Jesus devotou quase que seu ministério inteiro em Jerusalém, onde o centro religioso estava localizado. A maioria das controvérsias de Jesus eram com os membros do Sinédrio, tais como Nicodemos ou aqueles que apoiavam essa instituição (3:1; 7:45-52; 9:28,29; 11:45-53). Muitos dos discursos giravam em torno dos argumentos e da tradição rabínicas (5:10-18; 5:37-47; 7:15-24; 8:13-19; 10:31-38). Do começo ao fim, vê-se que o quarto Evangelho reflete o interesse rabínico (7:25-31; 7:40-44; 12:34). O uso, por Jesus, do termo "Eu sou" ,era especialmente de interesse rabínico, uma vez que ele se relaciona com a auto-identificação de Jesus como o Jeová do Velho Testamento (4:26; 6:20,35,41,48,51; 8:12, 24,28,58; 10:7,9,11,14; 11:25; 14:6; 15:1). (D.H. pg. 116).
Além do pensamento centrado na influência judaica para escrita deste evangelho, pensa-se também numa outra advinda de uma heresia surgida no primeiro século conhecida como Gnosticismo que era um ecletismo filosófico-religioso diversificado em numerosas seitas, e que visava a conciliar todas as religiões e a explicar-lhes o sentido mais profundo por meio da gnose. (Aurélio). Acredita-se com veemência que a escrita recebeu esta influência com o intúito de refutação, mas não se pode definir até que ponto esta foi estabelecida. Alguns estudiosos atribuem como sendo o ponto central para a interpretação correta deste evangelho, e outros atribuem apenas uma vaga influência indireta.
Um problema histórico-geográfico é apresentado no contexto do evangelho de João. Este, centraliza o ministério de Jesus na Judéia, enquanto os sinóticos declaram Galiléia. Na realidade não chega a ser uma contradição diz David Hale e sim que o quarto evangelho é escrito numa outra ótica, entretanto, com o mesmo objetivo, comunicar Jesus.

PROPÓSITO –

Na escrita deste evangelho cercado de atrativos tinha João em mente, independente das influências, das circunstâncias, das dificuldades, em fim, independente de tudo, queria ele em seu escrito comunicar e comprovar que Jesus é o Filho de Deus e que todo e que todo aquele que nEle crê tem a vida eterna.

ESBOÇO -

A BEP traz um atrativo esboço deste evangelho vejamos:

O Prólogo do Verbo (1.1-18)
I. Apresentação de Cristo a Israel (1.19-51)
A. Por João Batista (1.19-36)
B. Aos Primeiros Discípulos (1.37-51)
II. Os Sinais e Sermões de Cristo Diante de Israel e a Sua Rejeição (2.1—12.50)
A. A Revelação de Cristo a Israel (2.1— 11.46)
1. Primeiro Sinal: A Água Transformada em Vinho (2.1-11)
Interlúdio (2.12)
2. Testemunho Inicial aos Judeus em Jerusalém (2.13-25)
Festa em Jerusalém (Páscoa) (2.23-25)
3. Primeiro Sermão: O Novo Nascimento e a Nova Vida (3.1-21)
Interlúdio: João Batista e Jesus (3.22—4.3)
4. Segundo Sermão: A Água da Vida (4.4-42)
Interlúdio na Galiléia (4.43-45)
5. Segundo Sinal: Curando o Filho do Régulo (4.46-54)
Festa em Jerusalém (5.1)
6. Terceiro Sinal: Curando o Paralítico em Betesda no Sábado (5.2-18)
7. Terceiro Sermão: A Filiação Divina de Cristo (5.19-47)
8. Quarto Sinal: Alimentando os Cinco Mil (6.1-15)
9. Quinto Sinal: Andando sobre o Mar (6.16-21)
10. Quarto Sermão: O Pão da Vida (6.22-59)
11. Seleção dos Discípulos (6.60-71)
Interlúdio (7.1)
12. Festa em Jerusalém (Tabernáculos) (7.2-36)
13. Quinto Sermão: O Espírito Vivificante (7.37-52)
A Mulher Encontrada em Adultério (7.53—8.11)
14. Sexto Sermão: A Luz do Mundo (8.12-30)
15. Controvérsia com os Judeus (8.31-59)
16. Sexto Sinal: Curando o Cego de Nascença (9.1-41)
17. Sétimo Sermão: O Bom Pastor (10.1-21)
Festa em Jerusalém (Festa da Dedicação — 10.22-42)
18. Sétimo Sinal: A Ressurreição de Lázaro (11.1-46)
B.Cristo é Rejeitado por Israel (11.47—12.50)
III. Cristo e o Começo do Povo do Novo Concerto (13.1—20.29)
A. A Última Ceia (13.1—14.31)
1. A Lavagem dos Pés dos Discípulos e a Conversação Subseqüente (13.1-38)
2. Jesus, o Caminho ao Pai (14.1-31)
B. Sermão sobre a Videira Verdadeira e as Bênçãos da União com Cristo
(15.1—16.33)
C. Oração por Si Mesmo e pelo Povo do Novo Concerto (17.1-26)
D. O Servo Sofredor (18.1—19.42)
1. A Prisão (18.1-12)
2. O Julgamento pelos Judeus (18.13-27)
3. O Julgamento pelos Romanos (18.28—19.16)
4. A Crucificação (19.17-37)
5. O Sepultamento (19.38-42)
E. O Senhor Ressurreto (20.1-29)
O Propósito do Autor (20.30,31)
O Epílogo (21.1-25)



CONCLUSÃO


Claramente podemos entender que este evangelho é sem dúvida de extrema importância para nossa realidade. Mesmo com as diversas correntes, os diversos assuntos debatidos, as variadas exposições por inúmeros estudiosos renomados, fica preciso que Deus estava regendo o apóstolo na confecção deste evangelho, que seria um diferencial. Na capa do livro Por Que Quatro Evangelhos está estampado três rosas entrelaçadas e uma distante, representando com criatividade o que este evangelho representa. Muito mais daquilo que temos conhecido, fora operado por este tão grande homem de Deus. O testemunho histórico acerca de João é assim descrito “O "discípulo amado" era irmão de Tiago o Maior. As igrejas de Esmirna, Sardes, Pérgamo, Filadélfia, Laodicéia e Tiatira foram fundadas por ele. Foi enviado de Éfeso a Roma, onde se afirma que foi lançado num caldeiro de óleo fervendo. Escapou milagrosamente, sem dano algum. Domiciano desterrou posteriormente na ilha de Patmos, onde escreveu o livro do Apocalipse. Nerva, o sucessor de Domiciano, o libertou. Foi o único apóstolo que escapou de uma morte violenta”. Este pequeno testemunho citado pelo historiador, revela-nos que João, filho de Zebedeu, foi o desbravador de pelo menos seis das Igrejas da Ásia, mostrando-nos com isso que o Senhor sempre esteve ao seu lado, confirmando e abençoando seu ministério. Sigamos este exemplo!



BIBLIOGRAFIA

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•DAKE, Finis Jennings. BÍBLIA DE ESTUDO DAKE, Revista e Corrigida, Ed. 1995, 2009 CPAD – RJ
•BÍBLIA DE ESTUDO APLICAÇÃO PESSOAL, Revista e Corrigida, Ed. 1995, 2003 CPAD – RJ
•THOMPSON, Frank Charles, D.D.,Ph.D. BÍBLIA DE REFERÊNCIA, Almeida Edição Contemporânea, 16º impressão 2005 EDITORA VIDA – SP
•BÍBLIA SAGRADA ALMEIDA SÉCULO 21. Coordenação Luiz Alberto Texeira Sayão, 2008 VIDA NOVA – SP
•SHEDD, Russel P. BÍBLIA SHEDD, 2º edição Almeida Revista e Atualizada no Brasil, 1997 VIDA NOVA – SP
•BÍBLIA DE ESTUDO NTLH, 2008 SBB Barueri – SP
•BÍBLIA DE JERUSALÉM, Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais, 2002 PAULUS – SP
•BLACK, Dadid Alan, POR QUE QUATRO EVANGELHOS, 2004 VIDA – SP
•BOYER, Orlando, PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA, 2º Edição Revista e Atualizada, 2006 VIDA – SP
•MANUAL BÍBLICO SBB, Tradução de Lailah de Noronha, 2008 Barueri – SP
•FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, NOVO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, Versão Eletrônica 3.0, 1999 NOVA FRONTEIRA.
•HALE, Broadus David, INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO NOVO TESTAMENTO, Tradução de Cláudio Vital de Souza. 1983 JUERP - RJ
•DAVIDSON, F. MA, DD, O NOVO COMENTÁRIO DA BÍBLIA, 3ª Edição 1995, Reimpressão 1997 VIDA NOVA – SP
•FOX, John, O LIVRO DOS MÁRTIRES, CPAD - RJ

sábado, 14 de novembro de 2009

GÓLGOTA, (Breve definição)

Gólgota é o lugar perto de Jerusalém aonde Jesus e mais dois ladrões foram crucificados. A palavra Gólgota , que em hebraico e em aramaico significa "crânio", é usada em três dos evangelhos (Mateus 27:33; Marcos 15:22; João 19:17), porém no evangelho de Lucas, é usada a palavra que vem do latim "caveira", que tem o mesmo significado (Lucas 23:33).

A razão pela qual esse lugar era chamado de "o crânio" é desconhecida, apesar de existirem vários palpites. De acordo com o padre Jerônimo (346-420 D.C.), a Gólgota era um lugar usado para execuções, e portanto havia muitos crânios jogados por ali de pessoas que haviam sido executadas. No entanto, não há evidências que comprovem esta idéia. Outras pessoas sugeriram que era um lugar usado para execução e que "o crânio" era uma figura de linguagem simbolizando a morte. Um teólogo da igreja primitiva Origen (185-253 D.C.) mencionou uma lenda antiga que dizia que o crânio de Adão tinha sido enterrado ali. Outros diziam que o lugar da Crucificação era uma colina com formato de crânio, mas novamente não existem evidências que provem isso e o Novo Testamento não descreve o lugar como sendo uma colina.

Ninguém nem tem certeza de onde exatamente ficava Gólgota. As referências bíblicas nos dão apenas uma idéia vaga da localização. Era fora da cidade (João 19:20; Hebreus 13:12), pode ter sido tanto numa colina como num plateau, pois dava para ser visto a uma certa distância e provavelmente perto de uma estrada visto que a Bíblia menciona que havia transeuntes (Mateus 27:39; Marcos 15:29). João descreve como sendo um lugar perto de um jardim que tinha uma cova aonde Jesus foi sepultado (João 19:41). O uso de "o" - "o lugar do crânio" - indica que era um lugar bem conhecido. Aparentemente houve pouco interesse na localização da Gólgota até o começo do século 4. O historiador, Eusebius, que viveu em Jerusalém por muitos anos, disse que o Imperador Constantino instruiu um de seus bispos a achar o lugar aonde Jesus foi crucificado e enterrado. Dizia uma lenda que o bispo foi guiado por uma figura fantasmagórica da Rainha Mãe Helena. O lugar que ele achou continha um templo de Afrodite, o qual foi destruído pelo Imperador. De acordo com a lenda, ele encontrou fragmentos da cruz de Cristo. Ele construiu duas igrejas, e esse é o lugar da igreja do Santo Sepulcro, que ainda existe hoje, apesar de ter sido destruída e reconstruída várias vezes.

Em 1842 um estudioso chamado Otto Thenius, sugeriu que a Gólgota era uma colina rochosa a uns 228.5 metros noroeste do portão de Damasco. O lugar que Thenius mencionou havia sido um lugar aonde antigamente os judeus usavam para apedrejar criminosos. Esse lugar se localizava fora do muro da cidade e tinha o formato de um crânio. Mais tarde o General Charles Gordon sugeriu o mesmo lugar e desde então é conhecido como "A Caveira de Gordon".

Fonte: Ilúmina

sábado, 31 de outubro de 2009

HILEL, O GRANDE RABINO DE ISRAEL

Hilel, o ancião, (no hebraico הלל ) (c. 60 a.C. - c. 9) é o nome de um conhecido líder religioso judeu, que viveu durante o reinado de Herodes, o Grande na época do Segundo Templo. Estudioso respeitado em seu tempo, Hilel é associado à diversos ensinamentos da Mishná e do Talmud, tendo fundado uma escola (Beit Hilel) para ensino de mestres no judaísmo.

Hilel era reverenciado como verdadeiro líder espiritual e religioso. O rei Herodes não teve outra escolha senão aceitar a autoridade religiosa do Sanhedrin, reconhecer o prestígio de Hilel e respeitar o controle que este exercia sobre a vida religiosa.

O sábio que era puro amor, humanismo e bondade, infinita paciência e profunda humildade.

Na Terra de Israel, no último meio século que antecedeu a Era Comum, houve uma grande disseminação da Lei Oral, que tornou os eruditos da Mishná os verdadeiros líderes do povo, embora a autoridade política e o alto sacerdócio se encontrassem em outras mãos.

Estes sábios são os Tanaim. Taná, em aramaico, significa aquele que estuda, repetindo e transmitindo os ensinamentos de seus mestres.

O período dos Tanaim foi de criatividade, inovação e grande florescimento da cultura judaica, ao mesmo tempo em que foi de profunda turbulência e crise, culminando com a destruição do Templo no ano 70 da Era Comum, o que tornou necessária a reestruturação de toda a vida religiosa.

A primeira geração de Tanaim, que exerceu suas atividades no início do reinado de Herodes, é representada por Hillel e Shamai, fundadores de duas escolas que levaram seus nomes (Bet Hillel e Bet Shamai). Apesar de todas as controvérsias que se acenderam entre estas, ambas inscreviam-se na estrutura tradicionalmente aceita no judaísmo. As disputas haláchicas entre elas prosseguiram por muitas gerações até que finalmente prevaleceram os pontos de vista da Casa de Hillel. O Talmud Babilônico nos traz, numa única frase, a conclusão: "Ambas são as palavras do D’us vivo, e a decisão está de acordo com a casa de Hillel."

As duas escolas refletem a personalidade de seus fundadores. Hillel era uma pessoa amável, simples, próxima às camadas mais modestas, e suas máximas breves refletem sua generosidade, piedade e amor à humanidade. Shamai era extremamente íntegro, mas rígido e irascível. No Talmud se diz: "Que o homem seja sempre humilde e paciente como Hillel e não exaltado como Shamai."

Hillel foi o menos sentencioso e o mais tolerante dos sábios rabínicos. Falava a língua do povo, ao qual ensinava ética. Suas palavras refletem seu humanismo e bondade:

"Não faça aos outros o que não quer que façam a você. Aí está toda a Torá. O resto é mero comentário." Ou..."Sejam como os discípulos de Aarão, amando e buscando a paz, amando a humanidade e aproximando-a da Torá".

E, talvez, sua máxima mais famosa seja: "Se não eu por mim, quem por mim? Se eu for só por mim, quem sou eu? Se não for agora, quando?"

Hillel nasceu numa próspera família da Babilônia e com cerca de trinta anos foi estudar com os sábios Shemaia e Abtalion em Jerusalém. Lá, ele vivia em condições de grande penúria, trabalhando como simples lenhador. O amor ao estudo fazia com que adiasse seu retorno à cidade natal, onde seus correligionários viviam em paz, longe das turbulências que agitavam a Terra de Israel.

Conta-se sobre Rabi Hillel que, quando estudava em Jerusalém, era tão pobre que só ganhava uma moeda de cobre por dia de trabalho. Metade desse dinheiro ele dava ao bedel, para poder freqüentar a Casa de Estudo, e a outra metade usava para o seu sustento e o de sua família.

Certo dia, não ganhou nada. Nesse dia, nem ele nem sua família comeram; mas, ansioso para ouvir as palavras de Shemaia e Abtalion, e como o bedel não o deixou entrar sem pagar, Hillel subiu no telhado e, deitado sobre a clarabóia, se esforçou para ouvir as discussões. Concentrado como estava, não lembrou que era sexta-feira, em pleno inverno, nem que nevava. Passou, assim, a noite deitado sobre o telhado. No dia seguinte, a academia pareceu bem mais escura do que de costume: a clarabóia estava coberta de neve, mas olhando bem dava para perceber o contorno de um homem debaixo da neve. Logo reconheceram Hillel, a quem lavaram, massagearam com óleo, deixando-o esquentar-se perto do fogo. Ninguém hesitou em transgredir o Shabat para salvá-lo.
Após a morte de Shemaia e Abtalion, provavelmente Hillel voltou para a Babilônia, mas visitava freqüentemente Jerusalém em peregrinação antes das Grandes Festas ou a cada vez que precisava esclarecer alguma dúvida sobre as leis.

Hillel foi o primeiro dos autores da Mishná a afirmar que o judaísmo tinha como objetivo implementar o cumprimento dos deveres de cada indivíduo em relação a seu próximo e que todos os mandamentos são meios para alcançar esta finalidade. Também foi o primeiro a estabelecer o princípio do amor fraterno como condição principal para todos os mandamentos da Torá.

Conta a Hagadá que um gentio procurou Hillel, pedindo que lhe ensinasse toda a Torá enquanto ele se equilibrava sobre uma perna só. Este, em vez de expulsá-lo por sua insolência, como fizera Shamai, disse-lhe calmamente:

"Não faça aos outros o que não quer que façam a você. Eis toda a Torá. Todo o resto é comentário. Vai e estuda!"

Hillel era tão bondoso com os outros que tolerava todos os caprichos, sem ficar com raiva. Certa vez, ofereceu a um homem pobre um cavalo e um escravo que corresse na sua frente, como era costume. Como não conseguiu o escravo, ele mesmo ficou correndo na frente do homem, por um percurso de três milhas.

A paciência de Hillel era tão inabalável, que há várias histórias sobre tentativas frustradas de o fazer enfurecer-se.

Uma vez um homem apostou 400 moedas de prata que faria Hillel perder a paciência. Foi procurar o mestre na sexta-feira, quando este tomava banho, preparando-se para o Shabat: "Quem é Hillel e onde ele está?" Hillel se enrolou em uma toalha e foi ver quem o chamava. "Eu tenho uma pergunta, disse: "Por que os babilônios têm a cabeça redonda?" "Boa pergunta", respondeu Hillel. "É porque suas parteiras não são suficientemente competentes".

Pouco depois o mesmo homem voltou e, novamente, chamou Hillel com arrogância, perguntando por que o povo de Tadmor tem a vista fraca.
"É porque Tadmor é situada em uma região desértica e a areia entra nos olhos de seus habitantes".

Pouco depois, o homem voltou a chamar Hillel para fazer-lhe mais uma pergunta: "Por que os africanos têm os pés tão largos?" "Porque eles andam descalços em terreno pantanoso."

Aí o homem disse: "Eu tenho mais uma pergunta, mas estou com medo de que você fique bravo". "Faça quantas perguntas quiser e eu responderei da melhor forma que meus conhecimentos permitirem". "Você é Hillel, o Nassi dos judeus?" "Sou". "Então espero que os judeus não tenham ninguém mais como você! Por sua causa perdi uma grande soma de dinheiro, apostando que conseguiria enfurecê-lo."

E Hillel respondeu: "Mesmo que você perca o dobro deste valor, não conseguirá fazer-me perder a paciência!"

FONTE: WIKIPÉDIA E MORASHÁ

INSPIRAÇÃO, O QUE SIGNIFICA?

A palavra inspiração, não sendo bíblica, significa, normalmente, uma influência sobrenatural do Espírito de Deus sobre os autores bíblicos, garantindo que, aquilo que escreveram era precisamente o que Deus pretendia que eles escrevessem para a transmissão da verdade divina, podendo, por isso, dizer-se realmente "inspirados" ou theopneustos, literalmente, "soprados por Deus" (#2Tm 3.16). Como já não é novo para nós este assunto, limitar-nos-emos agora a corrigir alguns equívocos.

A "inspiração" que garante a comunicação infalível da verdade revelada é bem distinta da "inspiração" do artista criador. Nada de confusões. A inspiração não só não implica estado anormal do espírito do escritor, -por exemplo, visões ou audição de vozes estranhas, -como não supõe, também, a aniquilação da sua personalidade. Deus providencialmente preparou os meios humanos de inspiração para que os escritores pudessem cumprir a sua tarefa; e, na maior parte dos casos, apenas através das faculdades normais. Muitos estados de espírito são na realidade compatíveis com a inspiração. Não é necessário supor-se que os autores tinham sempre a consciência de que estavam a ser inspirados, quer dizer, que sabiam estar a escrever as Escrituras Canônicas. Nem há razão para afirmar-se que um documento inspirado não possa, na providência divina, ter sido compilado ou extraído de fontes por um processo vulgar de composição histórica, passando por várias edições até atingir a sua forma definitiva. O que deve admitir-se é que no fim de contas a obra foi theopneustos, e que através dela Deus quis comunicar aos homens a Sua graça salvadora. Sendo assim, só podemos admitir a inspiração verbal. E se as palavras da Escritura são inspiradas por Deus, é quase uma blasfêmia não admitir a infalibilidade da sua doutrina, e a ausência de erro nessas palavras. São prerrogativas que não podemos aprovar, ou desaprovar, através da argumentação vulgar; porque as consideramos artigos de fé, baseadas que são na doutrina de Cristo e no testemunho do Espírito a confirmarem que as Escrituras Canônicas foram inspiradas por um Deus que não pode mentir. Quem as nega rejeita o testemunho de Cristo, dos apóstolos e da própria Igreja Cristã relativo à natureza da "Palavra de Deus" escrita, e com certeza não possui nem compreende o testemunho interno do Espírito Santo.

O problema da inspiração

Nenhuma doutrina cristã está isenta de problemas, e isto porque Deus quis que a Sua verdade fosse um objeto de fé. Ora, o fundamento da fé é o testemunho e a autoridade do próprio Deus; donde se segue que são coisas distintas o acreditar numa autoridade e o acreditar em face duma demonstração racional. O pecado original do homem foi um desejo de evidenciar a sua sabedoria auto-suficiente, uma vontade de não admitir qualquer autoridade externa, capaz de agir por si própria (cfr. #Gn 3.5,6); e Deus deliberadamente apresenta a verdade salvadora aos pecadores e de tal forma que, ao aceitá-la, supõe-se um ato de arrependimento intelectual de sujeição à doutrina de Deus. Daí a renúncia à própria sabedoria (cfr. #Rm 1.22; #1Co 1.19-25) a fim de que só possa sobressair aquela outra sabedoria, que é apanágio dos que ouvem a Palavra do Senhor. Para ser mais completa essa renúncia, Deus determinou, ou melhor, garantiu, que nem um só artigo de fé pudesse ser demonstrado, tal como qualquer teorema geométrico. O homem deve contentar-se com o conhecimento que adquire pela fé, conhecimento esse que, no fim de contas, jamais poderá atingir a perfeição neste mundo. Não conseguiremos, pois, eximir de dificuldades a doutrina da Inspiração Bíblica, tal como sucede com a doutrina da Trindade ou da Encarnação. Nem esperemos neste mundo resolver todos os problemas. Não é de admirar, portanto, que muitos cristãos caiam na heresia, a respeito desta ou doutras doutrinas. Convém, no entanto, indicar qual a atitude a tomar perante os erros que se nos apresentem.

Em primeiro lugar, esta doutrina não raro é amesquinhada por aqueles que dizem professá-la, e afirmam que a Bíblia é produto da inspiração em certo sentido, mas nunca inspiração verbal. Deus inspirou ou revelou a verdade aos escritores, que sendo criaturas falíveis e pecaminosas, poderiam falsificá-la. Por isso, é possível admitirmos erros nas Escrituras. Mas não foi assim, como vimos, o pensar de Cristo e dos apóstolos. É errado o pensamento de que nem todos os livros da Bíblia estão ao mesmo nível de profundidade espiritual e finalidade de doutrina; mas, na Sua providência soberana, podia Deus preparar e dirigir os instrumentos humanos apenas para escreverem precisamente aquilo que entendesse, nem mais nem menos. Por outras palavras, segundo esta teoria, a Bíblia não é aquilo que Deus pretendia, nem aquilo que Cristo pensava e ensinava. É evidente que tal teoria é inadmissível.

Em segundo lugar, rejeita-se por vezes a nossa doutrina, recorrendo-se a pretensos argumentos internos da Bíblia. Tais objeções, todavia, supõem fundamentalmente uma idéia humana a priori daquilo que provavelmente será a Bíblia inspirada. E, só o fato de as apresentar como argumentos válidos para duvidar do que Deus afirma desse livro, é já um sinal de impenitência intelectual, inconsciente talvez, mas não menos real por isso. O melhor é, na realidade, começar por aceitar o testemunho de Deus sobre a inspiração verbal, e só depois examinar os argumentos internos da Escritura para se chegar à conclusão da probabilidade da inspiração verbal. Por mais rigoroso e profundo que seja o exame, verificar-se-á que a inspiração se adapta perfeitamente a todas as formas do pensamento, a todos os métodos literários, a todas as figuras estilísticas e a todas as características vocabulares dos escritores. Estes são os canais condutores da verdade inspirada. Desconhecê-los, pode ser um perigo, pois é possível não se conhecer a intenção de Deus, e nesse caso descobrir erros onde na realidade não existem. Ao estudar-se a Bíblia, deve seguir-se o princípio, baseado na fé, de que a Escritura, em parte alguma é capaz de adulterar a verdade, sendo inspirada para no-la transmitir, e de que todos os acontecimentos bíblicos têm um significado que só a Igreja pode conhecer perfeitamente. Neste caso, é conveniente apreciar o texto a analisar à luz do contexto bíblico da Escritura, considerada no seu todo. Trata-se dum princípio de importância fundamental para a interpretação bíblica, que nunca se deve perder de vista, mesmo no meio das dificuldades que possam surgir a este respeito. Vamos citar aqui um exemplo apenas.

Várias vezes se diz que certas atitudes, ações e reflexões teológicas são uma refutação da doutrina duma Escritura inspirada. É uma objeção que só revela incompreensão da natureza da Bíblia. Já frisamos que a Bíblia é mais do que um simples amontoado de textos separados; é um organismo, um conjunto homogêneo, cujas partes não se podem explicar isoladamente. Ora, Deus recolheu diferentes materiais para a Sua obra; por isso não admira, que muitos dos exemplos apontados sejam maus. É que tudo serve para nossa instrução, embora tais exemplos possam ser interpretados de diferentes modos. Fala-se em erros teológicos e práticos, supondo-se que pelo fato de aparecerem na Bíblia têm a aprovação de Deus. Os princípios da teologia bíblica devem interpretar os fatos da história e da biografia bíblicas, uma vez que estes também explicam aquela. A Escritura interpreta-se com o auxílio da mesma Escritura. Já se disse que a Bíblia constitui uma unidade orgânica, que a Palavra de Deus é um todo, e que cada texto deve ser compreendido à luz da verdade que se encontra em Jesus.

Impossível aqui apresentar mais argumentos a favor da nossa tese. Limitar-nos-emos a afirmar, em conclusão, que a atitude da fé para com a doutrina da inspiração bíblica, bem como para com outras doutrinas, é a de aceitar única e simplesmente o testemunho de Deus. Nada, por isso, poderá abalar a nossa fé, já que nada pode abalar o testemunho em que se apóia. Quando tiver de enfrentar as dificuldades e as objeções, que implicam com a sua fé, o crente deve lembrar-se mais da sua possibilidade de falhar do que da infalibilidade do testemunho de Deus, ao apresentar-nos a verdade. Recorra-se, nesse caso, a uma cuidadosa retrospecção à luz dum estudo mais profundo e mais eficaz da evidência bíblica. Foi assim que se fizeram progressos doutrinários através da história da Igreja. Será assim que também nos nossos dias se conseguirá uma compreensão mais fiel e mais perfeita da doutrina da inspiração da Bíblia, aceitando-a como a Palavra de Deus, isenta de erro e infalível.

J. I. PACKER (O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA - F. DAVIDSON)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CALENDÁRIOS, ANTIGO E MODERNO

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VISÃO GERAL

Calendário é uma ferramenta de controle do tempo. Sua importância vem de longa data. Eles ajudam os agricultores a saberem quando chega a próxima estação. Também auxiliam a lembrar da ocorrência dos fatos. No passado, por exemplo, havia várias maneiras de decidir o início de um ano. Diferentes maneiras de decidir quão longo ele seria; diferentes modos de organizar os dias em semanas e meses. Houve muitas mudanças nos calendários antes de tomarem a forma que conhecemos hoje.

DIAS, HORAS, MINUTOS

É fácil saber quando um dia acabou - a escuridão se segue à luz do dia e um outro dia se faz. Assim, os primeiros povos devem ter controlado o tempo simplesmente marcando a passagem dos dias.
Até onde sabemos, os primeiros a dividirem um dia em horas e minutos foram os sumérios, que viveram no Oriente Médio. E também usaram o termo "dia" para se referir ao período da luz do dia, assim como nós.
Os povos antigos mediam a passagem do tempo durante o dia usando um mostrador de sol. Uma história na Bíblia conta como o Rei Acaz usava o movimento da luz do sol sobre degraus para medir o tempo (II Reis 20:9; Isaías 38:8). Naturalmente, mostradores de sol não ofereciam uma maneira exata de medir o tempo como os relógios o fazem.
Diferentes povos antigamente fizeram escolhas diferentes sobre o início de um dia. Uma maneira pela qual Deus mostra que nos ama e quer cuidar de nós é nos dando um mundo organizado para vivermos.

A INFLUÊNCIA DA ASTRONOMIA

Os povos antigos não sabiam como o sistema solar funcionava, mas eram bons observadores das mudanças que aconteciam na natureza e usaram suas observações para desenvolver seus calendários.
Observaram que um dia era o tempo em que a terra faz um giro completo uma vez, passando por um ciclo de luz e um ciclo de escuridão.
Concluíram que um mês é um período baseado no tempo que a lua circunda completamente a terra, cerca de 29 dias e meio, levando-se em conta a sua forma.
Perceberam que um ano é o tempo que a terra leva para dar a volta completa ao redor do sol, o que leva cerca de 365 dias. Observavam as mudanças das estações, o que era muito importante para saberem quando fazer suas plantações.
Para entender porque as estações acontecem, devemos lembrar que a terra gira em torno de seu eixo imaginário que se inclina em relação ao sol, fazendo com que a distância da terra ao sol seja diferente e imprima características climáticas distintas em cada posição.

O CALENDÁRIO JUDEU

Dos povos antigos, talvez nenhum foi mais interessado no seu calendário do que os judeus, que o usavam para controlar seus inúmeros dias santos.
Um fato interessante é que contam os anos desde o tempo em que Deus criou o mundo. Assim o ano 1 judeu aconteceu 3.760 anos antes do ano1 do nosso calendário atual, conhecido como calendário romano.

MESES E SEUS NOMES

O calendário judeu tem doze meses, como o romano. Mas há diferenças entre eles. Os meses não se chamam Janeiro, Fevereiro, etc.. Eles têm nomes adaptados do antigo calendário babilônico e são maiores do que os meses do calendário romano.
A Bíblia contém nome de sete meses que os judeus usam até hoje, que são: 1. Kislev (Neemias 1:1; Zacarias 7:1) 2. Tebeth (Ester 2:16) 3. Shebat (Zacarias 1:7) 4. Adar (Ester 3:7; Ester 8:12) 5. Nisan (Neemias 2:1; Ester 3:7) 6. Sivan (Ester 8:9) 7. Elul (Neemias 6:15)
A Bíblia também menciona quatro nomes antigos que não estão mais em uso e que se relacionavam com agricultura ou plantas:
1. Abib (Êxodo 13:4) 2. Ziv (1 Reis 6:1, 37) 3. Ethanim (1 Reis 8:2) 4. Bul (1 Reis 6:38) Os meses judeus começam com a "lua nova", noite em que no ciclo lunar a lua não está visível no céu. Considerando que a lua nova ocorre a cada 29,5 dias, o ano tinha 354 dias. Não se sabe como os judeus fizeram para ajustar os 11 dias restantes. Mais tarde adicionaram um mês extra (chamado Veadar) sete vezes num período de 19 anos para que seus meses pudessem acompanhar os anos.
Muito importante de se ressaltar é que os meses tinham significados religiosos que marcavam importantes eventos em sua história. Consideravam sagrado o início de cada mês. Para eles, "a lua se levantará para a nação deles e o sol para o Messias" (Malaquias 4;2).
Assim como a lua reflete a luz do sol, era esperado que Israel refletisse a luz do Messias para o mundo. Essa é uma idéia que se aplica aos cristãos também. Podemos nos considerar "luas" que refletem a luz de Jesus para todos ao nosso redor.
Durante o período de 400 anos entre o fim do Velho Testamento e o início do Novo Testamento, alguns líderes tentaram fazer com que Israel mudasse seu calendário, que passou a ter doze meses de trinta dias cada, o último com cinco dias extras adicionados. Esse calendário era mais preciso, embora o antigo ainda continue a ser aceito por eles.

REFERÊNCIAS A DIAS ESPECIAIS

Os antigos judeus não se referiam às datas como fazemos hoje (por exemplo, 21 de agosto). Em vez disso, se queriam se referir a um dia especial contariam quando o evento relevante aconteceu , tal como o ano em que determinado rei começou a reinar. Essa é forma que freqüentemente encontramos no Velho Testamento. Os escritores do Novo testamento mantiveram essa prática. Algumas vezes também relacionavam os dias a algum evento do mundo romano (Lucas 1:5; João 12:1; Atos 18:12).
Somente mais tarde, quando a reforma do calendário de Júlio César começou a ser amplamente aceita, começaram a se referir aos dias de uma maneira mais universal.

FESTAS JUDAICAS

Deus é o inventor da celebração e da adoração. Logo não é motivo de surpresa que desejasse que seu povo aproveitasse as festas. De fato, os judeus celebravam sete festas e festivais cada ano. Esses feriados são marcas espirituais importantes no calendário dos judeus.
1. Páscoa e a Festa dos Pães Asmos. A Páscoa ocorre no 14º de Nisan e a Festa dos Pães Asmos ocorre durante a semana seguinte. O propóstio da combinação dessas festas é relembrar o livramento dos antigos hebreus do Egito (Êxodo 12:15).
2. Pentecostes (Festa das Semanas). Ocorre 50 dias após a Páscoa. É um tempo de alegria que originalmente marcou a colheita do trigo em Israel (Levítico 23:15-17).
3. Rosh Hashanah (Ano Novo Judaico). Ocorre no primeiro dia do mês Tishri. De acordo com os rabinos, este foi o dia em que Deus criou o mundo (mas a Bíblia não confirma isto).
4. Yom Kippur (Dia de Expiação). O décimo dia do mês Tishri não é para celebração, mas é solene e santo. A Bíblia dá regras complexas sobre o que os judeus poderiam fazer nesse dia (Levítico 16).
5. Succoth (Festa dos Tabernáculos). Dura uma semana, indo do 15º ao 22º dia de Tishri. É o tempo dos judeus se lembrarem do cuidado de Deus para com seu povo durante os quarenta anos no deserto (Levítico 23:39-43). Originalmente, também celebravam a colheita do outono.
6. Hanukkah (Festa da Dedicação). Esta celebração também dura uma semana, começando no 25º dia do mês Kislev. Não é mencionada no Velho Testamento porque celebra um evento ocorrido depois que o Velho Testamento foi escrito. Cerca de 150 anos antes de Cristo, os judeus conduzidos por Judas Macabeus foram vitoriosos sobre os sírios liderados por Antioco Epifânio. Hanukkah lembra aquela vitória.
7. Purim. No 14º e 15º dias do mês Adar, os judeus celebram o festival que se reporta ao livro de Ester. Lá lemos como Deus livrou os judeus da destruição quando Mordecai e Ester frustraram o plano de Hamã (Ester 9).
Esse conjunto de festas não deve ser o mesmo que celebramos, mas têm os mesmos propósitos dos nossos feriados religiosos - permitir às pessoas interromperem suas rotinas e lembrarem-se de Deus. Assim como festejamos a Páscoa, o Natal e outros dias especiais, renovamos nossa fé no Senhor de todos os tempos, passado, presente e futuro.
Assim como um relógio marca a passagem de minutos e horas, um calendário marca a passagem de unidades maiores de tempo - dias, semanas, meses, anos e mesmo séculos. Um calendário tem várias funções. Naturalmente é importante para manter controle dos eventos na história. Também regula as atividades humanas diárias tais como negócios, governo, agricultura e práticas religiosas. O calendário que usamos representa uma interação entre um conhecimento crescente do sistema solar e a tradição histórica e religiosa. Para os cristãos, o calendário pode nos lembrar da necessidade de "contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio" (Salmo 90:12).

Fonte: Ilúmina

BÍBLIA, MANUSCRITOS E TEXTO DA (NOVO TESTAMENTO)

Cópias dos livros do Novo Testamento feitas pelos escribas e cópias da Bíblia feitas dessas cópias. Até o século XV, quando João Gutenberg inventou a imprensa, os livros eram copiados à mão e os livros do Novo Testamento não foram exceção. Por muitos séculos, os livros do Novo Testamento eram copiados um a um por escribas únicos; mais tarde o processo se tornou mais rápido através do ditado, no qual uma pessoa lia em voz alta o texto para muitos escribas. Até onde sabemos, existem mais de 5.350 cópias manuscritas do Novo Testamento Grego, completas ou em partes. Não existe essa quantidade de cópias manuscritas de nenhum outro livro escrito no grego antigo.
PAPIROS MANUSCRITOS IMPORTANTES
Papiro é um caniço comprido que cresce perto da água. Podia ser cortado em tiras, colocadas numa tela padrão e coladas juntas para formar uma página para escrita. Os gregos começaram a usar o papiro por volta de 900 AC e mais tarde os romanos também o usaram. Entretanto, os rolos de papiros mais antigos datam do século IV AC. O papiro apodrece facilmente e sua durabilidade depende de um clima seco, motivo pelo qual o árido Egito produzia tanto papiro.

Fonte: Ilúmina

BÍBLIA, MANUSCRITOS E TEXTO DA (ANTIGO TESTAMENTO)

Segundo os estudiosos, "manuscritos e textos" do Velho Testamento, se referem às cópias dos livros do Velho Testamento feitas por antigos escribas e às edições da Bíblia feitas a partir dessas cópias. Estes manuscritos antigos são os usados para se descobrir o texto original da Bíblia - o que a Bíblia dizia originalmente. Este processo é chamado crítica textual ou "baixo criticismo" (em oposição a "alto criticismo" o estudo da data, similaridade e autoria dos escritos bíblicos).
MANUSCRITOS IMPORTANTES DO VELHO TESTAMENTO

A maioria dos textos do Velho Testamento que datam da Idade Média são basicamente os mesmos por causa do grupo de escribas do Velho Testamento conhecido como Masoretes (500-900 DC). A versão deles do Velho Testamento, o Texto Masorético, estabelece o padrão que as versões medievais do Velho Testamento seguem. A maioria dos importantes manuscritos do século XI DC ou posteriores todos refletem as tradições estabelecidas pelo Texto Masorético.

Fonte: Ilúmina

JOHN BUNYAN

Sonhador imortal
(1628-1688)

"Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde havia uma caverna (a prisão de Bedford): ali deitei-me para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho. Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga e nas mãos um livro".
Faz três séculos que João Bunyan assim iniciou o seu li¬vro, o Peregrino. Os que conhecem as suas obras literárias podem testificar de que ele é, de fato, "o Sonhador Imor¬tal" - "Estando ele morto, ainda fala". Contudo, enquanto miríades de crentes conhecem o Peregrino, poucos conhe¬cem a história da vida de oração desse valente pregador.
Bunyan, na sua obra, Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, nos informa que seus pais, apesar de vive¬rem em extrema pobreza, conseguiram ensiná-lo a ler e es¬crever. Ele mesmo se intitulou a si próprio de "o principal dos pecadores"; outros atestam que era "bem-sucedido" até na impiedade. Contudo, casou-se com uma moça de família cujos membros eram crentes fervorosos Bunyan era funileiro e, como acontecia com todos os funileiros, era paupérrimo; ele não possuía um prato nem uma colher - apenas dois livros: O Caminho do Homem Simples para os Céus e A Prática da Piedade, obras que seu pai, ao falecer, lhe deixara. Apesar de Bunyan achar algumas coisas que lhe interessavam nesses dois livros, somente nos cultos é que se sentiu convicto de estar no caminho para o Inferno.
Descobre-se nos seguintes trechos, copiados de Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, como ele lutava em oração no tempo da sua conversão:
"Veio-me às mãos uma obra dos 'Ranters', livro esti¬mado por alguns doutores. Não sabendo julgar os méritos dessas doutrinas, dediquei-me a orar desta maneira: 'Ó Senhor, não sei julgar entre o erro e a verdade. Senhor, não me abandones por aceitar ou rejeitar essa doutrina cega¬mente; se ela for de ti, não me deixes desprezá-la; se for do Diabo, não me deixes abraçá-la!' - e, louvado seja Deus, Ele que me dirigiu a clamar; desconfiando na minha pró¬pria sabedoria, Ele mesmo me guarda do erro dos 'Ran¬ters'. A Bíblia já era para mim muito preciosa nesse tempo."
"Enquanto eu me sentia condenado às penas eternas, admirei-me de como o próximo se esforçava para ganhar bens terrestres, como se esperasse viver aqui eternamen¬te... Se eu pudesse ter a certeza da salvação da minha al¬ma, como se sentiria rico, mesmo que não tivesse mais para comer a não ser feijão."
"Busquei o Senhor, orando e chorando e do fundo da alma clamei: 'Ó Senhor, mostra-me, eu te rogo, que me amas com amor eterno!' Logo que clamei, voltaram para mim as palavras, como um eco: 'Eu te amo com amor eter¬no!' Deitei-me para dormir em paz e, ao acordar, no dia se¬guinte, a mesma paz permanecia na minha alma. O Se¬nhor me assegurou: 'Amei-te enquanto vivias no pecado, amei-te antes, amo-te depois e amar-te-ei por todo o sem¬pre'."
"Certa manhã, enquanto tremia na oração, porque pensava que não houvesse palavra de Deus para me sosse¬gar, Ele me deu esta frase: 'A minha graça te basta'."O meu entendimento foi tão iluminado como se o Se¬nhor Jesus olhasse dos céus para mim, pelo telhado da ca¬sa, e me dirigisse essas palavras. Voltei para casa choran¬do, transbordando de gozo e humilhado até o pó."
"Contudo, certo dia, enquanto andava no campo, a consciência inquieta, de repente estas palavras entraram na minha alma: 'Tua justiça está nos céus.' E parecia que, com os olhos da alma, via Jesus Cristo à destra de Deus, permanecendo ali como minha justiça... Vi, além disso, que não é o meu bom coração que torna a minha justiça melhor, nem que a prejudica; porque a minha justiça é o próprio Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre. As ca¬deias então caíram-me das pernas; fiquei livre das angús¬tias; as tentações perderam a força; o horror da severidade de Deus não mais me perturbava, e voltei para casa regozijando-me na graça e no amor de Deus. Não achei na Bíblia a frase: 'Tua justiça está nos céus.' Mas achei 'o qual para nós foi feito por Deus sabedoria e justiça, e santificação, e redenção' (1 Coríntios 1.30) e vi que a outra frase era ver¬dade.
"Enquanto eu assim meditava, o seguinte trecho das Escrituras penetrou no meu espírito com poder: 'Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou.' Assim fui levantado para as al¬turas e me achava nos braços da graça e misericórdia. An¬tes temia a morte, mas depois clamei: 'Quero morrer.' A morte tornou-se para mim uma coisa desejável. Não se vive verdadeiramente antes de passar para a outra vida. 'Oh!' - pensava eu - 'esta vida é apenas um sonho em com¬paração à outra!' Foi nessa ocasião que as palavras 'her¬deiros de Deus' se tornaram tão cheias de sentido, que eu não posso explicar aqui neste mundo. 'Herdeiros de Deus!' O próprio Deus é a porção dos santos. Isso vi e disso me ad¬mirei, contudo, não posso contar o que vi... Cristo era um Cristo precioso na minha alma, era o meu gozo; a paz e o triunfo por Cristo eram tão grandes que tive dificuldade em conter-me e ficar deitado."
Bunyan, na sua luta para sair da escravidão do vício e do pecado, não fechava a alma dos perdidos que ignora¬vam os horrores do inferno. Acerca disto ele escreveu:
"Percebi pelas Escrituras que o Espírito Santo não quer que os homens enterrem os seus talentos e dons, mas antes que despertem esses dons... Dou graças a Deus, por me haver concedido uma medida de entranhas e compai¬xão, pela alma do próximo, e me enviou a esforçar-me grandemente para falar uma palavra que Deus pudesse usar para apoderar-se da consciência e despertá-la. Nisso o bom Senhor respondeu ao apelo de seu servo, e o povo co¬meçou a mostrar-se comovido e angustiado de espírito ao perceber o horror do seu pecado e a necessidade de aceitar a Jesus Cristo."
"De coração, clamei a Deus com grande insistência que Ele tornasse a Palavra eficaz para a salvação da alma... De fato, disse repetidamente ao Senhor que, se o meu enforca¬mento perante os olhos dos ouvintes servisse para desper¬tá-los e confirmá-los na verdade, eu o aceitaria alegremen¬te."
"O maior anelo em cumprir meu ministério era o de en¬trar nos lugares mais escuros do país... Na pregação, real¬mente, sentia dores de parto para que nascessem filhos para Deus. Sem fruto, não ligava importância a qualquer louvor aos meus esforços; com fruto, não me importava com qualquer oposição."
Os obstáculos que Bunyan tinha de encarar eram mui¬tos e variados. Satanás, vendo-se grandemente prejudica¬do pela obra desse servo de Deus, começou a levantar bar¬reiras de todas as formas. Bunyan resistia fielmente a to¬das as tentações de vangloriar-se sobre o fruto de seu mi¬nistério e cair na condenação do Diabo. Quando, certa vez, um dos ouvintes lhe disse que pregara um bom sermão, ele respondeu: "Não precisa dizer-me isso, o Diabo já cochi¬chou a mesma coisa no meu ouvido antes de sair da tribuna."
Então o inimigo das almas suscitou os ímpios para ca¬luniá-lo e espalhar boatos em todo o país, a fim de induzi-lo a abandonar seu ministério. Chamavam-no de feiticeiro, jesuíta, cangaceiro e afirmavam que vivia amancebado, que tinha duas esposas e que os seus filhos eram ilegítimos.
Quando o Maligno falhou em todos esses planos de des¬viar Bunyan do seu ministério glorioso, os inimigos denunciaram-no por não observar os regulamentos dos cultos da igreja oficial. As autoridades civis o sentenciaram à prisão perpétua, recusando terminantemente a revogação da sen¬tença, apesar de todos os esforços de seus amigos e dos ro¬gos da sua esposa - tinha de ficar preso até se comprometer a não mais pregar.
Acerca da sua prisão, ele diz: "Nunca tinha sentido a presença de Deus ao meu lado em todas as ocasiões como depois de ser encerrado... fortalecendo-me tão ternamente com esta ou aquela Escritura até me fazer desejar, se fosse lícito, maiores provações para receber maiores consola¬ções".
"Antes de ser preso, eu previa o que aconteceria, e duas coisas ardiam no coração, acerca de como podia encarar a morte, se chegasse a tal ponto. Fui dirigido a orar pedindo a Deus me fortalecesse com toda a força, segundo o poder da sua glória, em toda a fortaleza e longanimidade, dando com alegria graças ao Pai. Quase nunca orei, durante o ano antes de ser preso, sem que essa Escritura me entrasse na mente e eu compreendesse que para sofrer com toda a pa¬ciência devia ter toda a fortaleza, especialmente para so¬frer com alegria."
"A segunda consideração foi na passagem que diz: 'Mas nós temos tido dentro de nós mesmos a sentença de morte para que não confiássemos em nós mesmos, porém em Deus que ressuscita os mortos'. Cheguei a ver, por essa Escritura que, se eu chegasse a ponto de sofrer como devia, primeiramente tinha de sentenciar à morte todas as coisas que pertencem à nossa vida, considerando-me a mim mes¬mo, minha esposa, meus filhos, a saúde, os prazeres, tudo, enfim, como mortos para comigo e eu morto para com eles.
"Resolvi, como Paulo disse, não olhar para as coisas que se vêem, mas sim, para as que se não vêem, porque as coisas que se vêem, são temporais, mas as coisas que se não vêem, são eternas. E compreendi que se eu fosse prevenido apenas de ser preso, poderia, de improviso, ser chamado, também, para ser açoitado, ou amarrado ao pelourinho. Ainda que esperasse apenas esses castigos, não suportaria o castigo de desterro. Mas a melhor maneira para passar os sofrimentos seria confiar em Deus, quanto ao mundo vindouro; quanto a este mundo, devia considerar o sepulcro como minha morada, estender o meu leito nas trevas, dizer à corrupção: Tu és meu pai', e aos vermes: 'Vós sois minha mãe e minha irmã' (Jó 17.13,14).
"Contudo, apesar desse auxílio, senti-me um homem cercado de fraquezas. A separação da minha esposa e de nossos filhos, aqui na prisão torna-se, às vezes, como se fosse a separação da carne dos ossos. E isto não somente porque me lembro das tribulações e misérias que meus queridos têm de sofrer; especialmente a filhinha cega. Mi¬nha pobre filha, quão triste é a tua porção neste mundo! Serás maltratada, pedirás esmolas; passarás fome, frio, nudez e outras calamidades! Oh! os sofrimentos da minha ceguinha quebrar-me-iam o coração aos pedaços!"
"Eu meditava muito, também, sobre o horror ao Infer¬no para os que temiam a Cruz a ponto de se recusarem a glorificar a Cristo, suas palavras e leis perante os filhos dos homens. Além do mais, pensava sobre a glória que Ele pre¬parara para os que, em amor, fé e paciência, testificavam dele. A lembrança destas coisas serviam para diminuir a mágoa que sentia ao lembrar-me de que eu e meus queri¬dos sofriam pelo testemunho de Cristo".
Nem todos os horrores da prisão abalaram o espírito de João Bunyan. Quando lhes ofereciam a sua liberdade sob a condição de ele não pregar mais, respondia: "Se eu sair hoje da prisão, pregarei amanhã, com o auxílio de Deus".
Mas se alguém pensar que, afinal de contas, João Bu¬nyan era apenas um fanático, deve ler e meditar sobre as obras que nos deixou: Graça Abundante ao Principal dos Pecadores; Chamado ao Ministério; O Peregrino; A Pere¬grina; A Conduta do Crente; A Glória do Templo; O Peca-dor de Jerusalém é Salvo; As Guerras da Famosa Cidade de Alma-humana; A vida e a Morte de Homem Mau; O Sermão do Monte; A Figueira Infrutífera; Discursos Sobre Oração; O Viajante Celestial; Gemidos de Uma Alma no Inferno; A Justificação é Imputada, etc.
Passou mais de doze anos encarcerado. É fácil dizer que foram doze longos anos, mas é difícil conceber o que isso significa - passou mais da quinta parte da sua vida na prisão, na idade de maior energia. Foi um quacre, chamado Whitehead, que conseguiu a sua libertação. Depois de liberto, pregou em Bedford, Londres, e muitas outras cida¬des. Era tão popular, que foi alcunhado de "Bispo Bu¬nyan". Continuou o seu ministério fielmente até a idade de sessenta anos, quando foi atacado de febre e faleceu. O seu túmulo é visitado por dezenas de milhares de pessoas.
- Como se explica o êxito de João Bunyan? O orador, o escritor, o pregador, o professor da Escola Dominical e o pai de família, cada um conforme o seu ofício, pode lucrar grandemente com um estudo do estilo e méritos de seus es¬critos, apesar de ele ter sido apenas um humilde funileiro, sem instrução.
- Mas como se pode explicar o maravilhoso sucesso de Bunyan? Como pode um iletrado pregar como ele pregava e escrever num estilo capaz de interessar à criança e ao adulto; ao pobre e ao rico; ao douto e ao indouto? A única explicação do seu êxito é que "ele era um homem em cons¬tante comunhão com Deus". Apesar de seu corpo estar preso no cárcere, a sua alma estava liberta. Porque foi ali, numa cela, que João Bunyan teve as visões descritas nos seus livros - visões muito mais reais do que os seus perse¬guidores e as paredes que o cercavam. Depois de desapare¬cerem os perseguidores da terra e as paredes caírem em pó, o que Bunyan escreveu continua a iluminar e alegrar a to¬das as terras e a todas as gerações.
O que vamos citar mostra como Bunyan lutava com Deus em oração:
"Há, na oração, o ato de desvelar a própria pessoa, de abrir o coração perante Deus, de derramar afetuosamente a alma em pedidos, suspiros e gemidos. 'Senhor', disse Da¬vi, 'diante de ti está todo o meu desejo e o meu gemido não te é oculto' (Salmo 38.9). E outra vez: 'A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresen¬tarei ante a face de Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma!' (Salmo 42.2-4). Note: 'Derramo a minha alma!' é um termo demonstrativo de que em oração sai a própria vida e toda a força para Deus".
Em outra ocasião escreveu: "As melhores orações con¬sistem, às vezes, mais de gemidos do que de palavras e estas palavras não são mais que a mera representação do co¬ração, vida e espírito de tais orações".
Como ele insistia e importunava em oração a Deus, é claro no trecho seguinte: "Eu te digo: Continua a bater, chorar, gemer e prantear; se Ele se não levantar para te dar, porque és seu amigo, ao menos por causa da tua im¬portunação, levantar-se-á para dar-te tudo o que precisares".
Sem contestação, o grande fenômeno da vida de João Bunyan consistia no seu conhecimento íntimo das Escritu¬ras, as quais amava; e na perseverança em oração ao Deus que adorava. Se alguém duvidar de que Bunyan seguia a vontade de Deus nos doze longos anos que passou na prisão de Bedford, deve lembrar-se de que esse servo de Cristo, ao escrever O Peregrino, na prisão de Bedford, pregou um ser¬mão que já dura quase três séculos e que hoje é lido em cento e quarenta línguas. É o livro de maior circulação de¬pois da Bíblia. Sem tal dedicação a Deus, não seria possí¬vel conseguir o incalculável fruto eterno desse sermão pre¬gado por um funileiro cheio da graça de Deus!

Artigo extraído do Heróis da fé (Orlando Boyer - CPAD)

sábado, 24 de outubro de 2009

TOMÁS DE AQUINO


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(1225–1274) Notável teólogo e filósofo medieval O físico volumoso de Tomás lhe valeu o apelido de "Boi Estúpido", mas não havia nada de estúpido nele. Ele ensinou a Igreja Medieval a pensar, valendo-se da antiga filosofia e da nova lógica para explicar e codificar os ensinos da igreja.

INÍCIO DE ATIVIDADE

Nascido na cidade de Aquino, (Itália) cerca de 128 km a sudeste de Roma, Tomás foi educado nas Universidades de Nápoles, Paris e Colônia e se juntou à ordem dos pregadores dominicanos. Ensinou em Paris, Roma e outros lugares, e atuou entre os dominicanos com liderança teológica e organizacional. Os teólogos tradicionais de seu tempo deram tanto desprezo ao seu uso da filosofia de Aristóteles, que alguns de seus ensinos foram condenados pela igreja por cerca de cinquenta anos. Mas sua causa logo se transformou na causa de toda a Ordem Dominicana, resultando na adoção de sua teologia (conhecida como Tomismo"), ao passo que os Franciscanos seguiram os ensinos de Bonaventure e Duns Scotus.

RESPOSTAS PARA TOMÁS

Em 1879 uma encíclica do Papa Leão XIII, Aeterni Patris, precipitou um maior reavivamento da influência tomística na igreja Romana chamando para um retorno aos ensinos de Aquino no combate ao modernismo e agnosticismo daqueles dias. Assim, várias escolas tomistas cresceram, dominando a teologia e filosofia Católica Romana até os anos 1960, quando a autoridade de Aquino foi moderada pela influência da fenomenologia e da teologia bíblica européia. Embora o tomismo não seja a posição católica oficial, Aquino é visto com o maior respeito, é diligentemente estudado, e tem tido um efeito estabilizador profundo no pensamento católico através dos séculos. As avaliações protestantes variam. Alguns protestantes são tomistas. Luteranos e teólogos da Reforma se inclinam em outras direções - os luteranos estando mais próximos do nominalismo de William de Ockham e os pensadores da Reforma, de João Calvino. Aquino é criticado porque tentou sintetizar a filosofia aristoteliana e a teologia bíblica, que no julgamento de alguns, comprometia doutrinas como a soberania de Deus e a total depravação do homem. Como centro do descontentamento protestante estava a percepção de Aquino da relação entre filosofia e teologia e do papel da razão em cada uma delas. A filosofia, segundo ele sustentava, é serva da teologia, que é tida como a "rainha das ciências". A filosofia estabelece o que a teologia assume, a existência de Deus e a imortalidade da alma. Mas a atitude filosófica é religiosamente neutra no fato de que suas premissas são verdades universalmente acessíveis sobre natureza, tal como a ciência aristotélica proveu, e seu método é estritamente lógico e argumentativo, em vez de depender de revelação bíblica. A "autonomia da razão natural" é o que alguns estudiosos consideram como não-bíblico e é associado com outros problemas doutrinários.

Fonte: Ilúmina

TALMUD, O QUE SIGNIFICA?

A palavra Talmud significa "estudar", "aprender". O Talmud é uma literatura em hebraico e aramaico, que cobre os significados e as interpretações das porções legais do Velho Testamento, assim como dizeres sábios de fontes rabínicas. Ele se estende sobre um período de tempo de um pouco depois de Esdras, por volta de 400 A.C. até aproximadamente 500 a.C.


A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DA LEI ORAL

Os judeus tradicionais acreditam que uma Segunda lei foi dada a Moisés adicionando a primeira; essa segunda foi dada oralmente e passada de geração em geração de forma oral. O Talmud em si fala a uma origem primitiva, e Pirke Aboth 1:1 relata que é atribuída a Moisés. Outros estudiosos não concordam com essa origem da lei oral e insistem que teve o seu começo e desenvolvimento depois de Esdras. Por exemplo, antes do exílio dos israelitas a Babilônia, não há menção feita pelos profetas sobre um lapso da lei oral. No entanto, as mensagens dos profetas estão cheias de avisos para que eles não abandonassem a revelação escrita dada a Moisés. Nesse período depois de Esdras ("um escriba hábil na lei de Moisés" Esdras 7:6), mestre sucedia a mestre nas sinagogas e escolas, e o seu entendimento do Velho Testamento era apreciado e memorizado. Através dos séculos, muitas estratégias de memorização foram aplicadas para aprender e lembrar da crescente massa de opiniões e interpretações. Mas, eventualmente, nem mesmo a melhor memória poderia reter todo o material disponível. Finalmente, foi necessário compilar um resumo de todos os ensinamentos essenciais de gerações precedentes e também fazer de uma maneira para que gerações futuras tivessem acesso ao tesouro imenso de pensamento, sentimento religioso e sabedoria de orientação e inspiração. Essa compilação é conhecida como Talmud, uma reposição da lei oral. O povo judeu o considera em segundo lugar depois das escrituras. O Talmud é um pedaço de literatura reorganizado como o máximo da criação nacional e religiosa, e continua ter uma influência profunda sobre o desenvolvimento da visão mundial judaica.

RAZÕES PARA UMA LEI ORAL

Com o fim dos profetas depois do retorno do exílio na babilônia e com o crescimento contínuo da complexidade da vida em Israel e seus relacionamentos com o mundo de fora, apareceu uma necessidade de explicar melhor as leis do Pentateuco (os primeiros cinco livros no Velho Testamento). A primeira intenção, era que a lei oral ajudasse as pessoas a obedecerem a Palavra de Deus. A lei oral contida no Talmud tinha duas funções. Primeiro, provia uma interpretação da Lei escrita - explicando o que ela significava. De acordo com os rabinos, isso era necessário já que a lei oral possibilitava que as pessoas realmente vivessem a lei escrita. O segundo aspecto da lei oral é que ela modifica e procura adaptar a lei escrita para caber em novas circunstâncias e condições.
A lei oral deve fazer a lei escrita um documento usável e atual de geração a geração. Sem a lei oral a lei escrita se tornaria desatualizada. No entanto, a lei oral é necessária para saber o que não fazer e também para enfatizar o que é a boa devoção e lealdade judaica. É verdade que toda geração tem que encarar novas condições sociais, políticas e econômicas, que faz ser necessária uma aplicação diferente da Palavra de Deus. Mas a Palavra de Deus em si não pode ser mudada para acomodar um desejo pessoal ou para interpretar novos problemas em épocas diferentes.

Fonte: Ilúmina

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

MINISTÉRIO NO ANTIGO TESTAMENTO - Por André Rodrigues






























Para que entremos de fato no assunto acima citado, entendemos que faz necessário o uso de algumas definições basilares, afim de que, nossa compreensão possa ser a contento.
A opinião de alguns dicionaristas cristãos e/ou seculares não divergem em relação a palavra MINISTÉRIO, por exemplo:

[Do lat. ministeriu.] S. m. Cargo, incumbência, mister, função, profissão, função de ministro; (Aurélio)
Mister, ofício, cargo, função, serviço; (Orlando Boyer)

[Do lat. ministerium. ]Ofício, cargo e função; (Claudionor Corrêa de Andrade)

 Mister, profissão, cargo; (DBG – Diversos autores)

Quanto a MINISTRO, as definições ao que parece tornam-se mais abrangentes, porém, mantendo o mesmo padrão de relação. Vejamos:

[Do lat. ministru, 'criado', 'servo', 'servidor'.] Aquele que executa os desígnios de outrem: medianeiro, intermediário, executor, auxiliar; (Aurélio)
Aquele que tem um cargo ou está incumbido de uma função; auxiliar, executor, membro de um ministério; chefe da legação de um país; sacerdote; (DBLP – Diversos autores)
Aquele que está incumbido de uma função; (Orlando Boyer)


Como podemos observar as expressões que definem tanto uma como a outra palavra, estão intimamente ligadas, sendo assim, a cada passo torna-se mais satisfatória a nossa assimilação ao assunto, entretanto, ainda há caminhos a percorrer.
Agora já penetrando propriamente dito, temos outras citações correlatas que irão nos dar sustentabilidade maior nesta obra. No dicionário Vine encontramos o verbo MINISTRAR derivado de SHÃRAT, que significa “ministrar, servir, oficiar”, esta palavra é termo comum no uso do hebraico antigo e moderno, em várias formas verbais e substantivais. O termo shãrat é encontrado pouco menos de 100 vezes no Antigo Testamento hebraico. A primeira vez que é usada na Bíblia hebraica acha-se na história de José quando ele se torna escravo de Potifar: “José achou graça a seus olhos e servia-o”. (Gn 39.4). Esta palavra deve diferir de ‘ÃBAD, de onde provêm o termo que alude o trabalho mais servil, ou seja, “escravo” ou “servo,” isto porque, shãrat é usada de forma mais direta a “serviço” feitos por trabalhadores domésticos régios, ou seja, que estavam de serviço a casa real, ao rei, (II Sm 13.17; I Rs 10.5), ainda dentro do contexto, porém, com uma idéia moderna de “funcionário público” o termo é usado em referência a funcionários da coorte e escravos reais (I Cr 27.1; 28.1; Et 1.10). Nas referências citadas é comum encontrar palavras como: servos, criados, copeiros, oficiais, eunucos. Além destes significados, shãrat é usado com termo especial para designar o serviço (ministério) na adoração (I Rs 19.21; Is 60.10).
Já o substantivo que também é descrito no Vine como SHÃRAT relaciona-se com o verbo e significa “ministro” ou “servo”, no sentido próprio da palavra, ou seja, servidor, assistente, ajudante, aquele que é digno de confiança, este substantivo é aplicado aos anjos como ministros de confiança de Jeová (Sl 103.21; 124.4).


CLASSIFICAÇÃO DOS MINISTROS

Percebemos que há grande variedade de atividades que se relacionam com Ministério no Antigo Testamento, porém, trataremos apenas de algumas, tais como: Pastor, Sacerdote, Levita, Profeta, Anjo, Juíz, Chefe;

PASTOR – De acordo com a Enciclopédia de Teologia e Filosofia de Champlim, Pastor pode ser alguém que cuida de ovelhas, literalmente. É possível encontrar referência do termo no singular RAAH, que pode significar “cuidar do rebanho”, “dar pasto”, em (Jr 17.16), segundo o escritor em nenhum outro lugar se encontra desta maneira, mas na forma plural, outras 17 vezes é descrita no Antigo Testamento e coincidentemente o livro do profeta Jeremias parece ser um “depósito”, de algumas destas referências: (Jr 2.8; 3.15; 10.21; 23.1,2).

SACERDOTE – KÕHEN, é o substantivo usado 741 vezes no Antigo Testamento e significa “sacerdote”, “sacerdócio”, este termo é comumente usado nos cinco primeiros livros, ou seja, na Lei, principalmente em Levítico, livro chamado de “Manual dos Sacerdotes” kõhen aparece 185 vezes. O termo é usado várias vezes como vimos, mas a sua aplicação inicial era diretamente aos sacerdotes pagãos: egípicios, filisteus, os sacerdotes de Dagom, os de Baal, os de Quemós e os sacerdotes de Baalins e de Aserá (Gn 41.50; 46.20; 47.26; I Sm 6.2; II Rs 10.19; Jr 48.7, II Cr 34.4,5). É conhecido que Deus estabeleceu o sacerdócio com Arão e seus filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar sobre a nação de Israel (Êx 28 – 29), entretanto, fora uma instituição OFICIAL, isto porque, há referência de sacerdotes tais como Melquisedeque (Gn 14.18) e dos sacerdotes midianitas (Êx 2.16; 3.1; 18.1). É provável que bem antes de estabelecimento oficial de sacerdócio judaico já havia manifestações correlatas a práticas de sacrifícios como se observa com os Patriarcas Noé, Abraão e Jó. Em ambos vemos princípios e práticas do desenvolvimento destas funções, por exemplo, Jó oferecia sacrifícios por seus filhos (Jó 1.5).
O verbo é KÃHAN, é usada 23 vezes no hebraico bíblico, derivando-se do termo substantivo kõhen e é traduzido por “atuar como sacerdote”, uma forte referência a este termo encontra-se em (Êx 28.1). Numa definição bastante atraente diz o autor: “Um sacerdote é ministro autorizado da deidade, que ministra no altar e em outros ritos cultuais, um “sacerdote”cumpre deveres sacrificiais, ritualistas e mediadores”. (Vine p.272)

LEVITA – Um Levita era como o próprio nome declara um descentente da tribo de Levi. A palavra Levi, deriva do heb., Associado. A definição de Claudionor é a seguinte: “Esta tribo foi escolhida por Deus para exercer o sacerdócio (Ml 2.4). Isto não significa, porém, que todo o levita fosse sacerdote. No entanto, todo sacerdote tinha de ser necessariamente um levita. Entre os filhos de Levi, o Senhor suscitou notáveis profetas como Jeremias, Ezequiel e Habacuque”.
A forma no verbo para designar cantar no hebraico é RÃNAN, que significa “cantar”, jubilar, bradar, chorar”, este ocorre cerca de 50 vezes no Antigo Testamento. SHÎR é também um verbo e por sua vez ocorre no Antigo Testamento 90 vezes, sendo um quarto deste percentual, encontra-se no Livro dos Salmos na forma de imperativo (Sl 96.1), este as vezes encontra-sem em harmonia com outro termo: ZÃMAR “cantar” (Sl 68.4,32). No substantivo, mantêm-se a expressão SHÎR que significa “cântico, canção” aparece cerca de 30 vezes nos títulos dos Salmos e em outras partes referindo-se ao canto alegre como por exemplo (Gn 31.27), referindo-se a canto triunfal em (Jz 5,12) e como aplicação a canto de adoração religiosa em (Ne 12.46).
Na forma que cabe a abordagem do assunto em pauta a mesma palavra, agora no particípio SHÎR significa “cantores” estes como ministros, levitas. Aparece por cerca de 33 vezes derivando “cantores levíticos”, nos livros de I e II Crônicas. Com referência a “cantoras” são ligeiramente mencionados em (II Sm 19.35; II Cr 35.25; Ec 2.8).
Já vimos que da tribo de Levi descendem os sacerdotes e os levitas, com isto Deus estabelece variadas funções para ambos. Deus chama os sacerdotes, em (Dt 33.8-10) aparece uma antiga descrição dessas tarefas a eles delegadas. Este texto refere-se à tribo de Levi, que havia revelado um zelo especial por Deus (Êx 32.26-29 conf.). Nesta realidade Deus convoca aos Levitas como ministros que fossem um exemplo e se tornassem líderes religiosos:

• Deveriam ensinar a Lei de Deus aos demais israelitas. Nisto se incluíam, não apenas instruções éticas mais amplas (Os 4.1-6), mas também decisões sobre casos difíceis de natureza ritual e legal (Dt 17.8-12).

• Cuidavam também, dos lugares sagrados e santuários, onde eram oferecidos incenso e sacrifícios em favor do povo.

• Outra responsabilidade era o Urim e o Tumim, o meio oficial de se lançar sortes, levando a uma resposta de Deus em forma de “sim” ou “não”. O Urim e o Tumim ficavam no peitoral do sacerdote, e eram usados por solicitação de pessoas ou do rei (I Sm23.9-12; 28.6). (Manual Bíblico – SBB, p. 185).

PROFETA – RO’EH - Este substantivo, traduzido por “vidente”, em português, indica a capacidade especial de se ver na dimensão espiritual e prever eventos futuros. O título sugere que o profeta não era enganado pela aparência das coisas, mas que as via conforme realmente eram — da perspectiva do próprio Deus. Como vidente, o profeta recebia sonhos, visões e revelações, da parte de Deus, que o capacitava a transmitir suas realidades ao povo. NABI’ - (a) Esta é a principal palavra hebraica para “profeta”, e ocorre 316 vezes no Antigo Testamento. NABI’IM é sua forma no plural. Embora a origem da palavra não seja clara, o significado do verbo hebraico “profetizar” é: “emitir palavras abundantemente da parte de Deus, por meio do Espírito de Deus” (Gesenius, Hebrew Lexicon). Sendo assim, o nabi’ era o porta-voz que emitia palavras sob o poder impulsionador do Espírito de Deus. Os profetas falavam, em lugar de Deus, ao povo do concerto, baseados naquilo que ouviam, viam e recebiam da parte dEle. (b) No Antigo Testamento, o profeta também era conhecido como “homem de Deus” (2Rs 4.21), “servo de Deus” (Is 20.3; Dn 6.20), homem que tem o Espírito de Deus sobre si ( Is 61.1-3), “atalaia” (Ez 3.17), e “mensageiro do Senhor” (Ag 1.13). Os profetas também interpretavam sonhos (por exemplo José, Daniel) e interpretavam a história — presente e futura — sob a perspectiva divina. O profeta não era simplesmente um líder religioso, mas alguém possuído pelo Espírito de Deus (Ez 37.1,4). Pelo fato do Espírito e a Palavra estarem nele, o profeta do Antigo Testamento possuía estas três características:

1 - Conhecimentos divinamente revelados - Ele recebia conhecimentos da parte de Deus no tocante às pessoas, aos eventos e à verdade redentora. O propósito primacial de tais conhecimentos era encorajar o povo a permanecer fiel a Deus e ao seu concerto. A característica distintiva da profecia, no Antigo Testamento, era tornar clara a vontade de Deus ao povo mediante a instrução, a correção e a advertência. O Senhor usava os profetas para pronunciarem o seu juízo antes de este ser desferido. Do solo da história sombria de Israel e de Judá, brotaram profecias específicas a respeito do Messias e do reino de Deus, bem como predições sobre os eventos mundiais que ainda estão por ocorrer.

2 - Poderes divinamente outorgados - Os profetas eram levados à esfera dos milagres à medida que recebiam a plenitude do Espírito de Deus. Através dos profetas, a vida e o poder divinos eram demonstrados de modo sobrenatural diante de um mundo que, doutra forma, se fecharia à dimensão divina.

3 - Estilo de vida característico - Os profetas, na sua maioria, abandonaram as atividades corriqueiras da vida a fim de viverem exclusivamente para Deus. Protestavam intensamente contra a idolatria, a imoralidade e iniquidades cometidas pelo povo, bem como a corrupção praticada pelos reis e sacerdotes. Suas atividades visavam mudanças santas e justas em Israel. Suas investidas eram sempre em favor do reino de Deus e de sua justiça. Lutavam pelo cumprimento da vontade divina, sem levar em conta os riscos pessoais. (BEP p.1001)

A Pequena Enciclopédia de Orlando Boyer traz ainda definições e referências bíblicas quanto aos termos: Falsos profetas e profetizas, vejamos:

• Falsos Profetas – Profetas impostores que se fazem passar por homens de Deus, mas não possuem autoridade divina (Dt 18.20; Is 9.15; Jr 14.13; Ez 13.3; Zedequias, I Rs 22.11; Jr 29.21)

• Profetisa – O feminino de profeta, mulher que tinha revelações proféticas e as declarava. (Êx 15.20; Jz 4.4; II Rs 22.14). Vine define profetisa de NEBÎÃH, este termo ocorre 6 vezes. A esposa de Isaías também é chamada de “profetisa” (Is 8.3). Este uso pode está relacionado com o significado “compangeiro e/ou seguidor de profeta”.

Vale ainda salientar que dentre os profetas haviam aqueles de ofício pagãos como por exemplo os de Baal e os de Aserá, que comem da mesa de Jezabel (I Rs 18.19), a palavra usada no hebraico é a mesma nabi’ significando “profeta” literalmente.

ANJO - A palavra “anjo” deriva-se do hebraico MAL’ÃK, e significa também “mensageiro”. Os anjos são mensageiros ou servidores celestiais de Deus, criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; Sl 148.2,5). O substantivo mal’lãk aparece 213 vezes no hebraico bíblico e grande maioria deste número ocorre nos livros históricos onde geralmente encontra-se a palavra “mensageiro”. Vine separa da seguinte forma: 31 vezes em Juízes, 20 em II Reis, 19 vezes em I Samuel e 18 em II Samuel. Esta palavra traz a alusão de alguém enviado a grande distância por outro indivíduo (Gn 32.3) ou por uma comunidade (Nm 21.21) com o intuito de comunicar uma mensagem. As vezes são chamados de filhos de Deus como em (Jó 1.6)

1 - A Bíblia fala em anjos bons e em anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31). Tendo livre-arbítrio, numerosos anjos participaram da rebelião de Satanás (Ez 28.12-17) e abandonaram o seu estado original de graça como servos de Deus, e assim perderam o direito à sua posição celestial.

2 - A Bíblia fala numa vasta hoste de anjos bons (1Rs 22.19; Sl 68.17; 148.2; Dn 7.9-10), embora os nomes de apenas dois sejam registrados nas Escrituras: Miguel (Dn 12.1) e Gabriel (Dn 9.21). Segundo parece, os anjos estão divididos em diferentes categorias: Miguel é chamado de arcanjo (lit.: “anjo principal); há serafins (Is 6.2), querubins (Ez 10.1-3).
3 - Como seres espirituais, os anjos bons louvam a Deus, cumprem a sua vontade (Nm 22.22; Sl 103.20).

4- Os anjos executam numerosas atividades na terra, cumprindo ordens de Deus. Desempenharam uma elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés. Servem em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22), são portadores de mensagens de Deus (Zc 1.14-17), trazem respostas às orações (Dn 9.21-23), às vezes, ajudam a interpretar sonhos e visões proféticos (Dn 7.15-16), protegem os santos que temem a Deus e se afastam do mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22), castigam os inimigos de Deus ( II Rs 19.35).

JUÍZ - Aurélio dá uma seguinte definição: “Aquele que tem o poder de julgar”. É exatamente esta a ideia do termo hebraico SHÃPHAT, forma verbal que significa “julgar, livrar, dominar”, entretanto, não é somente usada para aludir a um ato de livramento, mas abrange a um processo por meio do qual a ordem e a lei são mantidas dentro de um grupo. Esta idéia encontra-se veementemente no conceito dos juízes de Israel (Jz 4.4). A atividade de juiz era judicial e constituía um tipo de governo em Israel. Vine define assim a situação de governo dos juízes de Israel antes de pedirem um rei : “O libertador Militar era o chefe de um exército voluntário conclamado quando havia ameaça de perigo. Nos dias de Samuel, este procedimento provou ser inadequado para Israel. Eles queriam um líder que organizasse e conduzisse um exército parado. Eles pediram a Samuel um rei como tinham as outras nações, um que fosse hábil e treinado na guerra, e cujo sucessor (o filho) também fosse treinado cuidadosamente. Como conseqüência, haveria mais continuidade na liderança”. Se observarmos literalmente não havia “problema” naquela decisão, porém, o foco se havia perdido. Queriam um rei como as outras nações, bem como, organizar através de pagamentos de impostos e recrutamento da nação sob a orientação de um regente (I Sm 8.6-18).

CHEFE – A palavra no Antigo Testamento hebraico referindo-se a chefe é SAR, e tem o significado correlato com “oficial, líder, comandante, capitão, chefe, príncipe, governante”. Ocorre cerca de 420 vezes no hebraico bíblico, não aplica-se a israelitas e sim a “funcionários ou representante do rei” a primeira ocorrência dar-se em (Gn 12.15). Pode expressar “homens que tem responsabilidades sobre outros”, no contexto profissional define-se como “líder” de uma atividade, grupo ou distrito (Gn 21.22; 37.36), neste contexto seria o “funcionário-mor” (Gn 40.2).
O plural da palavra SARÎM, significa “nobres” e aplica-se a líderes locais de Israel (Jz 8.6), traduzido aqui por príncipe.
Em diversas aparições do texto sar, se refere a tarefa de “governar”, como por exemplo, a ocasião de (Êx 2.14), que traduz-se aqui por “líder, governante e juiz”, como também em (Êx 18.21). O chefe do exército de Israel era chamado de sar (I Sm 17.55). Em si tratando de Chefe ou Principais, entre os levitas o termo é usado no plural SARÎM. Já no livro do profeta Daniel sar, traz a idéia de “seres sobre-humanos” e de “anjos protetores”.


CONCLUSÃO

Num trabalho como este o enriquecimento de informações somam com as colhidas em outros estudos. Que maravilha podermos ir, passo a passo, descobrindo as atribuições ministeriais e oficiais instituídas pelo próprio Deus ou às vezes não como podemos observar, mas que constam descritas na sua Palavra. Cada definição, cada aplicação, parece falar aos nossos ouvidos e, as profundidades do idioma nos levam por caminhos que parecem que ainda não tínhamos trilhado. Que maravilha! Que bênção!
Percebemos que o estudo afinco, detalhado, nos deixa sobremodo felizes, isto porque, a cada momento Ela, a Palavra nos mostra na prática que é uma fonte inesgotável. Contudo, as nossas limitações nos privam de irmos mais além daquilo que já temos em exposição. Entretanto, aprendemos que Ministério é muito mais daquilo que pensávamos, e isto mostra que valeu a pena os sacrifícios realizados para esta conclusão.

Por André Rodrigues


BIBLIOGRAFIA

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BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, Aurélio, Dicionário de Verbetes, século XXI, versão eletrônica 3.0. Editora Nova Fronteira – 1999.
FERNADES, Francisco; PEDRO LUFT, Célso; MARQUES GUIMARÃES, F.; Dicionário Brasileiro Globo, 30° edição/1993, Editora Globo – SP
BOYER, Orlando; Pequena Enciclopédia Bíblica, revista e atualizada/2006, 2ª impressão, Editora Vida – SP
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